Durante a década de 1980, o Sonic Youth ajudou a fomentar o rock alternativo com discos emblemáticos, vide Daydream Nation (1988). Melhor aceito no mercado, com um contrato com a grande Geffen, prevendo a explosão grunge e preste a sair em turnê com Dinosaur Jr. e Nirvana, a acessibilidade ruidosa presente em Goo (1990) ajudou a fazer do grupo uma lenda atuante.
As guitarras sempre intrigantes e estranhamente harmoniosas de Lee Ranaldo e Thurston Moore preenchem a abertura misteriosa de "Dirty Boots", faixa magnifica em seu meio explosivo e final delirante. Mas nada que se equipare ao esporro presente em "Tunic (Song For Karen)" - sobre a morte trágica de Karen Carpenter -, com aquela atitude sonora punk e texto digno de uma Patti Smith.
"Mote" é o cartão de visita para entender os arranjos nada ortodoxos de guitarras - diretamente influenciados pelo ícone da no wave, Glenn Branca - presentes nas composições do grupo. Mais uma vez os feedbacks intermináveis se fazem valer no fim da canção. Já suas afinações alternativas soam absurdamente fantásticas e provocam harmonias singulares, vide "Disappearer".
Surpreende como no meio de tanta barulheira, Kim Gordon consegue soar melódica e amedrontadoramente sexy em "My Friend Goo" e "Cinderella's Big Score".
A clássica "Kool Thing" chama atenção por trazer a curiosa participação do Chuck D (Public Enemy). O riff e o refrão da música são emblemas do rock alternativo do período. A energia elevada em "Mary-Christ" e "Mildred Pierce" - dona de grandioso timbre de baixo e vestígios de black metal no final - é perfeitamente condizente com a época. E quando tudo parece ter acabado, sobra espaço para a barulhenta "Scooter + Jinx" e a espetacular "Titanium Exposé".
Brilhante não somente nesse disco, o Sonic Youth construiu uma carreira recheada de diversos acertos, ganhando prestigio e tornando-se símbolo sonoro e conceitual do rock alternativo. Goo se sobressaiu na discografia ao menos ao estampar sua ótima capa (de autoria do Raymond Pattibon) nas camisetas dos indies.
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