sexta-feira, 14 de novembro de 2014

TEM QUE OUVIR: Gil Scott-Heron - Pieces Of A Man (1971)

Desvendar a origem de estilos musicais é uma brincadeira recorrente para quem gosta de música. No caso do rap, as especulações vão desde o cantochão e embolado até o Bob Dylan em "Like A Rolling Stone" e, mais sensatamente, Grandmaster Flash. No meio do caminho está Gil Scott-Heron que, se não criou o estilo, contribuiu diretamente através de suas composições engajadas e estilo próprio de cantar.


O discurso em prol de uma revolução racial/cultural/comportamental nos EUA, o groove facilmente sampleavel e o canto-falado de "The Revolution Will Not Be Televised", é ainda hoje impactante. Além de ser uma música fantástica por si só, não dá para desvincular a canção do que hip hop iria propor anos depois.

Entretanto, ainda que a faixa seja o suficiente para despertar a atenção para o álbum Pieces Of A Man (1971), nem de longe ela resume a qualidade do trabalho e do artista em questão. Muito pelo contrário, sendo esse o primeiro álbum de Scott-Heron em parceria com o pianista/flautista/compositor/produtor Brian Jackson, o que não falta são músicas fantásticas.

A jazzista "A Sign Of The Ages" tem melodias vocais adoráveis e passagens de piano (Brian Jackson), baixo acústico (Ron Carter) e bateria (Bernard Purdie) de genialidade absoluta. 

Mais puxada para a soul music, mas não menos sofisticada, está a brilhante "Or Down You Fall", com direito a ótimo solo de flauta.

E o que dizer da épica "The Prisioner"? Uma faixa extremamente ousada, ainda que mantendo uma adorável sensibilidade/acessibilidade melódica. Atenção para a linha de baixo.

Quem vai de encontro ao disco pelos caminhos "retrovisionados" do hip hop tem tudo para se surpreender com uma obra impecável que merece sair do limbo cult e ir direto para os clássicos da música.

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