domingo, 26 de outubro de 2014

TEM QUE OUVIR: Travis - The Man Who (1999)

Houve um tempo que era necessário ser subversivo e visceral para lançar um grande trabalho de rock. Com o amadurecimento do estilo e cooptação feita pela música pop, a qualidade melódica tornou-se a grande força para o longo alcance de uma obra. Neste quesito, o Travis se saiu maravilhosamente bem no belo The Man Who (1999).


Produzido por Nigel Godrich (Paul McCartney, Radiohead, U2, R.E.M., Beck, Pavement, Ride) e bebendo da fonte rock inglês - a banda é escocesa -, dos Beatles até o Oasis, o Travis passou a dominar como poucos grupos o quesito composição. Abordando temas sentimentais através de doces melodias e arranjos soberbos/introspectivos, é impossível não se deixar levar pela beleza de "The Fear". 

Há quem acha as composições excessivamente românticas para uma banda de rock. Além disso, a suavidade proporcionada pelos violões em detrimento das guitarras não foi vista com bons olhos por alguns. Tudo besteira. A profundidade sonora das lindas "Are You Are", "The Last Of The Laugher" e "Luv" compensa qualquer peso caricato.

"Writing To Reach You" foi acusada de plagiar a introdução de "Wonderwall" do Oasis. O público pareceu não se importar e fez do disco o mais vendido de uma banda britânica na Inglaterra, chegando ao absurdo de ter uma cópia a cada oito lares do país. A melodia venceu. O rock comportado tinha alcançado seu espaço com dignidade. Pena que os herdeiros dessa postura não corresponderam. Não é mesmo, Coldplay?

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