quinta-feira, 4 de setembro de 2014

TEM QUE OUVIR: Ratos de Porão - Brasil (1989)

Por mais que sejam subvalorizados nacionalmente pela mídia, devo tomar a palavra e afirmar categoricamente: Ratos de Porão é um patrimônio do rock brasileiro. Sem qualquer traço de ufanismo, dá para dizer que é uma das grandes bandas do hardcore mundial. Conseguiram isso por méritos próprios, desbravando territórios e exploraram sonoridades cada vez mais extremas, para desgosto de parte da cena punk na qual ajudaram a fomentar no país. Em 1989, já com anos de estrada e experiência internacional, lançaram uma pérola que une punk rock, thrash metal e hardcore. Brasil, um clássico do crossover.


As letras de contestação social/política/religiosa mantém-se no trabalho. Já o instrumental se mostra bastante influenciado por bandas como Discharge e pelos camaradas do Sepultura (influência neste caso mútua).

Gravado em Berlim pelo produtor Harris Johns, o álbum é muito bem acabado. A capa do disco, de autoria do Marcatti, condiz brilhantemente com a temática. Já a execução, antes tosca, aqui é suficientemente aprimorada.

No auge da inspiração e da chapação, a banda reuniu um repertório destruidor. Algumas músicas tornaram-se hinos, vide a sagaz "Aids, Pop, Repressão" e a divertida "Beber Até Morrer".

João Gordo ataca ferozmente as letras de critica a política nacional, embora de forma muitas vezes incompreensível. É possível destacar neste quesito as imperdoáveis "Amazônia Nunca Mais", "Plano Furado II", "Crianças Sem Futuro", "Farsa Nacionalista" e "Terra do Carnaval". Todas curtinhas e intensas, berradas e recheadas de ótimos riffs do subestimado Jão. Atenção também para a cozinha precisa formada por Jabá (baixo) e Spaghetti (bateria).

Fora da tendência mercadológica que reinava no rock brazuca, o Ratos de Porão criou um som consistente que ultrapassou a barreira nacional. É ainda hoje um grupo referência em atitude e pegada sonora.

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