sábado, 30 de agosto de 2014

TEM QUE OUVIR: Dream Theater - Images And Words (1992)

Ano: 1992. Local: Barklee College Of Music. Os alunos John Petrucci (guitarra), John Myung (baixo) e seus amigos Mike Portnoy (bateria) e Kevin Moore (teclados) discutem o futuro da banda.


Petrucci: "Galera, nosso primeiro disco não vendeu nada, precisamos explorar algo diferente ou a banda morrerá na praia. Ao menos aulas no GIT eu consigo dar, já vocês...".
Portnoy: "Que tal tentarmos algo ainda mais pesado, técnico e pomposo?".
Moore: "Isso, podemos até chamar o James Labrie para cantar. Ele é chato, mas alcança aqueles agudos tão característicos do Queensryche".
Petrucci: "Vocês tão malucos! As bandas de Seattle tão fazendo só barulho, berrando qualquer merda e vocês querendo fazer metal progressivo? Se liguem, até o Metallica simplificou o som!".
Portnoy: "Mas você está disposto a quebrar sua Ibanez, parar com esses arpejos intermináveis e fazer cara de abandonado pelo pai?".
Um breve silêncio reflexivo na sala.
Petrucci: "Esquece o que eu disse. Vamos tentar mais uma vez, quem sabe chamamos atenção de alguém no Japão. Lá até as vídeo-aulas do Vinnie Moore vendem bem".
Moore: "Ótimo, já até escrevi uma música, chama "Pull Me Under". É longa, tem peso, mas também um refrão pegajoso".
Petrucci: "Já eu fiz "Another Day", uma balada pop com solo de sax à la Kenny G. Se dermos sorte ela vai ser aceita nas rádios".
Portnoy: "Mas com essas porcarias que vocês estão escrevendo como é que eu vou poder usar o meu novo kit de bateria com 5 bumbos, 13 tons e 23 pratos?".
Petrucci: "Calma, eu também bolei uns riffs em fórmulas de compasso impossíveis. Batizei de "Take The Time". Os professores da Barklee adoraram".
Moore: "Também trabalhei em algo complexo, chama "Surrounded". Começa como uma balada chorosa, mas logo entra um "groove sem swing", seguido de passagens melódicas e solos velozes... é um épico, caras".
Portnoy: "Mas é só isso? Quero algo ainda mais complexo. Algo que faça garotos espinhentos ficarem por décadas em seus quartos tentando tocar. Temos que ser o novo Rush!".
Moore: "Poderíamos tentar alguma babozeira conceitual e batizar de "Metropolis Pt. 1: The Miracle And The Sleeper". Nem precisa fazer muito sentido, só tem que conter solos impossíveis e passar de 9 minutos".
Petrucci: "Se eu tiver meus 164 compassos para solar eu aceito".
Portnoy: "É disso que eu tô falando: solos!".
Petrucci: "Inclusive, peguei songbooks do Yes, Iron Maiden e Steve Vai e me apropriei das ideias. Ali tem tanto material que consegui fazer duas músicas. Batizei uma de "Under A Glass Moon", mas a outra ainda não tive ideia".
John Myung, num raro momento de diálogo levanta a cabeça e solta: "Que tal "Learning To Lieve?"".
Petrucci: "Perfeito. Só tem um problema, vocês acham mesmo que vamos obter algum sucesso nadando contra as tendências comercias ditas "alternativas"? Não é melhor botar uma camisa de flanela logo?".
John Myung volta a se calar, assim como todos os outros membros.

*Texto inspirado na clássica critica do André Barcinski para o Titanomaquia dos Titãs, publicado originalmente na Bizz Nº 97.

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