sexta-feira, 15 de agosto de 2014

TEM QUE OUVIR: Céu - Vagarosa (2009)

Polêmico! Não o disco, mas sim coloca-lo como "discoteca básica". Não se trata de sacramentar ou compará-lo com alguma conceituada obra do passado, mas sim de reconhecer o alcance e o êxito sonoro do álbum. Assim sendo, aqui está: Vagarosa (2009) da Céu, no "Tem Que Ouvir" deste humilde blog.


Particularmente, vejo a Céu como a melhor representante da nova MPB. Tem quem considere tudo muito limpinho, com cara de artista da Praça Roosevelt e Baixo Augusta. Mas com Vagorasa, a Céu conseguiu por méritos próprios cruzar as barreiras nacionais, lançando o disco em países como EUA, Inglaterra e Alemanha, ganhando prêmios (incluindo um Grammy Latino), levando seu trabalho para grandes festivais internacionais e programas como o do Jools Holland na BBC. Foram poucos os brasileiros contemporâneos a ela que conseguiram tanto.

O disco tem produção e execução acima da média. Abre com um sambinha curto chamado "Sobre o Amor e Seu Trabalho Silencioso", passa pela deliciosa vibe dub de "Cangote" (uma das últimas gravações do espetacular baterista Gigante Brazil), "Comadi" e "Bubuia", chegando ao ápice na espetacular "Nascente", faixa que flerta com o trip-hop e o jazz, com direito a texturas eletrônicas, solo de trompete e groove hipnotizante.

Céu é uma cantora contida, com belo timbre e dona de sensibilidade apaixonante. As relaxantes "Grains de Beauté" (com ótima linha de baixo) e "Ponteito" comprovam isso. 

"Papa", "Cordão da Insônia" e "Sonâmbulo" mais uma vez exaltam a paixão da artista pelo reggae, dub e afrobeat.

Uma excelente amostra da versatilidade e riqueza do álbum é a impressionante "Rosa Menina Rosa", que une a célula rítmica do samba à texturas timbristicas do post-rock.

O grande Luiz Melodia dá um belo empurrão na impecável "Vira Lata", um samba esperto e sofisticado. Já Fernando Catatau, um dos mais talentosos e requisitados guitarristas da sua geração, ajuda a fechar o disco em "Espaçonave".

Um trabalho excelente que precisará romper preconceitos para ser considerado clássico. Tempo e audição atenta são o caminho.

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