quarta-feira, 30 de julho de 2014

TEM QUE OUVIR: Soundgarden - Superunknown (1994)

Antes do grunge ganhar status de "geração salvadora do rock", o Soundgarden movimentava o rock alternativo de Seattle. Com seu som bastante pesado, nitidamente influenciado por Black Sabbath, eles fomentaram uma cena que anos depois mudaria os rumos da música. Todavia, apesar do respeito que a banda havia conquistado - inclusive entre os integrantes de outros grupos já bajulados do mesmo movimento -, o Soundgarden tardou para se consolidar perante mídia e público. Isso se deu justamente com o Superunknown (1994), quarto trabalho da banda, lançado no mesmo ano em que Kurt Cobain tirou a própria vida e liquidou o grunge.


Superunknown equilibra peso e sensibilidade melódica em prol do rock. Os riffs densos do guitarrista Kim Thayil e a voz potente/profunda de Chris Cornell remetem diretamente a década de 1970, só que aqui com uma produção lapidada, repleta de overdubs que deixam tudo extremamente encorpado, embora sem perder a organicidade. Aqui vale dizer que a produção é assinada pelo Michael Beinhorn, a mixagem pelo Brendan O' Brien e a masterização pelo Dave Collins. Um time de peso no auge da gravação analógica no rock.

"Let Me Drown" abre o disco de forma irretocável, vide o ótimo riff de guitarra, refrão, linha de baixo, levada de bateria e performance do Chris Cornell. Em resumo, uma faixa de rock perfeitamente construída.

"Mailman" e "4th Of July" representam com perfeição o que muitos chamariam anos depois de metal alternativo, comprovando que o grunge não era um estilo, mas uma cena. Atenção para as afinações graves das guitarras, gerando riffs poderosíssimos. 

Já o lado mais melódico do grupo fica explicito através dos sucessos de "Fell On Black Days" e, principalmente, da ótima balada "Black Hole Sun", que rodou incansavelmente na programação da MTV, contribuindo para que o disco estreasse em primeiro lugar da Billboard.

Os violões entrelaçado às guitarras no arranjo de "Head Down" expõem um das principais características sonoras do grunge.

O hard psicodélico em 5/4 de "My Wave" (onde a cozinha brilha), a caipirice tribal de "Spoonman", a experimental/oriental "Half" e a delirante/sombria "Limo Wreck" são outros destaques do álbum. Já para o final, "Like Suicide" cresce através de seu arranjo denso, climático e com excelentes passagens de guitarra.

Eis um disco que através da sua excelência e versatilidade musical ajudou a manter o rock no centro da música popular mundial.

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