*Atenção! Criticas negativas serão feitas. Caso você seja um fã bitolado e não queira saber a minha opinião, pare de ler esse texto agora.
Quem me conhece sabe que eu estou longe de ser fã do The Wall (1979), clássico inegável do Pink Floyd, uma das minhas bandas prediletas. Acontece que considero ao menos outros cinco álbuns do grupo superior ao famoso "disco da parede" (como conheci na infância). Seria isso birra minha devido a enorme popularidade da obra? Afirmo categoricamente que não, caso contrário, o também clássico Dark Side Of The Moon não seria um dos meus álbuns de cabeceira. Todavia, reconheço que, apesar das minhas preferências, The Wall tem momentos muito exitosos.
O grande "problema" do álbum não é a bajulação, mas o conteúdo em si. O "problema" é o Roger Waters, um grande compositor que, por vezes, se coloca acima da própria arte. Se em outros momentos ele acertou no conceito, aqui ele me soa presunçoso e autoindulgente.
O pai morto na Segunda Guerra Mundial, a superproteção da mãe, os professores tiranos... nada me atraia para o personagem Pink - o alter ego de Roger Waters retratado na obra -, nem mesmo para a postura adotada pela banda na tour de divulgação do disco, que incluía os lendários espetáculos em que um muro era erguido separando o público do grupo. Diante disso, não é difícil entender a consolidação da cena punk, não é mesmo?
Se por um lado o verdadeiro tirano Roger Waters peca no conceito, David Gilmour, como sempre, acerta musicalmente. Seus vocais, solos e timbres de guitarra nas clássicas "Another Brick In The Wall" - meio funk de branquelo - e, principalmente, "Comfortably Numb", beira o celestial. Este último, possivelmente o maior solo de guitarra da história do rock.
Entre as chatices adoradas - e outras nem tantas - estão "Mother" e "Empty Spaces", além de algumas vinhetas que deveriam ser restritas ao também superestimado filme homônimo. Inclusive, há um tratamento de sonoplastia e "climas" dado ao álbum que o coloca bem próximo de uma produção cinematográfica por si só. Em alguns momentos isso é uma qualidade, em outros é enfadonho.
Apesar das minhas ressalvas, assumo não conseguir passar ileso diante da beleza de "Goodbye Blue Sky", da intensidade dramática de "Hey You" (tremenda performance vocal) e do peso de "Run Like Hell", essa última com direito a delays pré-The Edge.
A dobradinha de abertura com "In The Flesh?" (ótima performance do Nick Mason e uma evolução das dobras vocais do Beach Boys) e "The Thin Ice" também demonstra grande força.
Pode ser absurdo pensar nisto diante de uma obra conceitual, todavia, se o ótimo produtor Bob Ezrin tivesse insistido para limar algumas ideias, penso eu que a experiência do álbum seria menos arrastada. Além disso, sinto falta de uma maior presença do genial/subestimado tecladista Richard Wright, além de uma produção mais orgânica (culpa da "polidez" que ocorreu no rock progressivo no final da década de 70).
Recomendarei tantas outras maravilhosas obras do Pink Floyd no decorrer deste blog, todas mais agradáveis e instigantes que este disco. Ao menos para mim. Todavia, não estou no controle. Uma hora ou outra o The Wall cairá em seu colo e sua audição não deve ser dispensada. Por isso recomendo manter o álbum acessível na prateleira e fresco nos ouvidos, nem que seja para se contrapor a sua aclamação.
Adoro o Pink Floyd, mas pra mim The Wall é seu segundo melhor trabalho - o primeiro é aquela viagem musical chamada Wish You Were Here (1975), que é um dos poucos LP's que eu considero como "100% perfeitos".
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