quinta-feira, 24 de julho de 2014

TEM QUE OUVIR: Kyuss - Welcome To Sky Valley (1994)

Quem acompanha o cenário atual do rock já percebeu uma recém tendência de boas bandas de stoner rock, estilo que se estabeleceu através do Kyuss no início da década de 1990. Entre os melhores discos do grupo está Welcome To Sky Walley (1994), uma base para o que é feito ainda hoje no gênero.

  

O stoner nada mais é que uma continuação do rock/metal/hardão da década de 1970, só que transportado para os anos 90, superando assim a pasteurização sonora da década passada. Riffs endiabrados herdados do Black Sabbath, gravações cruas e extremamente graves, além de ritmos densos e trogloditas, bastante semelhantes ao doom, estão entre as características do estilo.

Após a ascensão dos sintetizadores no rock oitentista, a formação básica guitarra/baixo/bateria voltara a fazer sentido. Com a explosão dos sons pesados motivados pelo grunge, o Kyuss conseguiu chamar atenção mesmo não sendo oriundo da cena de Seattle. Liderando a banda estavam John Garcia (vocal) e um jovem Josh Homme (guitarra), que anos depois formaria o Queens Of The Stone Age.

O álbum tem um formato bastante peculiar. Ele é formado por três suítes de mais de 15 minutos cada, que não necessariamente se encaixam perfeitamente. Mais parecem canções dentro de canções. Todas exageradamente intensas na interpretação, reverenciando o passado e trazendo um peso alucinante. É a trilha perfeita para a chapação no deserto americano.

Em "Gardenia", os timbres robustos de guitarra (os amps de baixo que o Josh Homme utilizava colaboram para essa sonoridade), o baixo saturadíssimo (poderosa linha!) e bateria que parece tocada com uma marreta, funcionam como amostra do potencial dessa estética.

Impossível passar ileso diante do riff de "Asteroid" e das performances em "100°". Os fãs de hardão vão ao deleite com "Supa Scoopa and Mighty Scoop".

Embora com elementos retrôs, não dá pra imaginar "Demon Cleaner" e "Odyssey" em outro período que não seja a década de 1990. Elas são donas de uma liberdade composicional que é fruto do rock alternativo.

Adoro a urgência esmagadora de "Conan Troutman" e gordurice psicodélica "N.O.".

Pela sua honestidade, coragem (sonora e comercial) e competência, o Kyuss tornou-se uma referência cult. Parte do melhor que estamos vivendo no rock atual - do Kadavar ao Far From Alaska -, tem parcela de culpa (direta ou indiretamente) do Kyuss.

Nenhum comentário:

Postar um comentário