segunda-feira, 21 de julho de 2014

TEM QUE OUVIR: Elis Regina & Tom Jobim - Elis & Tom (1974)

Quando o assunto é a Música Popular Brasileira (com letras garrafais), é fácil encontrar quem considere Elis Regina a melhor interprete e Tom Jobim o maior compositor. Sendo assim, a parceria de ambos no clássico disco de 1974 foi imediatamente vista como um acontecimento.


Numa época em que as gravadoras brasileiras ainda investiam em seus artistas, a Philips bancou a gravação deste disco no MGM Studios em Los Angeles, o que tecnicamente lapidou uma música que prima por detalhes sonoros. A bossa nova nunca foi tão bem tocada e gravada.

Vale sempre dizer que, embora o disco traga uma luz sobre nossas vidas, sua confecção não foi das mais simples. Desentendimento na seleção do repertório, na elaboração dos arranjos, na disputa estética entre o "violão e piano acústico vs a guitarra e teclados elétricos", na abordagem pianistica e na gestão dos egos. Tudo isso atenuado conforme a gravação se desenvolvia, restando no fim "apenas" o talento dos envolvidos.

Não somente os artistas da capa merecem os créditos. O arranjador e produtor César Camargo Mariano fez um trabalho brilhante. O mesmo vale para os geniais Hélio Delmiro (violão e guitarra), Oscar Castro-Neves (violão), Paulo Braga (bateria) e Luizão Maia (baixo), com destaque para a performance em "Triste", de autoria de Tom Jobim com Vinícius de Moraes. Que time, hein!

Foram muitas as canções que tornaram-se hinos e trilha sonora perfeita do Brasil, visto por um olhar caricato ou não. Neste degrau estão as clássicas "Águas De Março" (com seu jogo de palavras encantador), "Corcovado" (uma fotografia histórica do Rio de Janeiro) e "Retrato em Branco e Preto" (composição do Chico Buarque, aqui interpretada com enorme dramaticidade).

É impossível passar indiferente diante da riqueza sonora de "Pois É", da ternura de "Chovendo Na Roseira" (tremenda melodia!), do balanço vagaroso de "Só Tinha De Ser Com Você" (com direito a piano elétrico no lugar do acústico, para desespero inicial do Tom Jobim) e do groove envolvente de "Brigas, Nunca Mais". Fora os arranjos espetaculares e performances vocais exuberantes de Elis Regina em "Modinha", "O Que Tinha de Ser" e "Fotografia".

Resumindo, a cada faixa é uma nova pérola a ser enaltecida. Escute sem soberba. Escute apenas apreciando o que de mais bonito já foi produzido do Brasil para o mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário