sexta-feira, 20 de junho de 2014

TEM QUE OUVIR: Kraftwerk - Autobahn (1974)

Que os alemães do Kraftwerk são, se não os criadores, ao menos os grandes difusores da música eletrônica, todos já sabem. Mas ainda que a banda trouxesse ousadias timbrísticas desde os primórdios do grupo, foi só com o Autobahn (1974) que a sonoridade tomou a forma que conhecemos. O grupo definitivamente se afastara do krautrock de seus conterrâneos.


Dono de duas capas - uma com autovias desenhadas partindo do ponto de vista do motorista; outra azul, minimalista, moderna, semiótica, remetendo indiretamente ao símbolo da Atari -, Autobahn traz em sua formação Ralf Hütter, Florian Schneider, Wolfgang Flür e Klaus Röder, todos ainda humanizados, diferente do conceito robótico posterior. Embora muitas vezes ignorado - inclusive pela própria banda - é importante ressaltar a produção fundamental do icônico Conny Plank.

Os sintetizadores e outros aparatos eletrônicos (Minimoog, ARP Odyssey e EMS Synthi AKS, além de vocoders) já estavam presentes. Entretanto, guitarras, flautas e violinos aliviam a sonoridade sintética do álbum.

Logo de cara, "Autobahn" apresenta em seus mais de 22 minutos melodias futuristas, efeitos viajantes, arranjo peculiar, batidas eletrônicas, ruídos automotivos e refrão minimalista. Para surpresa de todos, nascia um hit. A faixa foi inspirada nas modernas autopistas alemãs, que ao lado de seus carros velozes, tornou-se símbolo da reestruturação do país pós-guerra. Pisar fundo no acelerador era um dos poucos entretenimentos. Sendo assim, a música foi para os jovens alemães da época o mesmo que "Barbara Ann" (Beach Boys) - reparou na similaridade da melodia vocal? - foi para os californianos anos antes. Cada um na sua "praia".

Embora menos conhecidas, ambas "'Kometenmelodie" (ou "Comet Melody 1 e 2") são igualmente inventivas. Suas estruturas incomuns e produção sofisticadas ainda hoje soam especiais. Por sua vez, a sombria "Mitternacht" lembra muito o que Brian Eno faria anos depois com David Bowie. Já a linda "Morgenspaziergang" encerra o trabalho com uma doce melodia.

O disco influenciou meio mundo, ao ponto do Kraftwerk ser comumente lembrado como os Beatles da música eletrônica. Nunca a vanguarda e o POP caminharam tão juntos. Emblemático!

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