segunda-feira, 26 de maio de 2014

TEM QUE OUVIR: The Stooges - The Stooges (1969)

Em 1968 o Stooges já provoca burburinho. Em seus shows, o vocalista/ícone Iggy Pop se cortava, se contorcia e se jogava no público. Impactado, Danny Fields os contratou pela gravadora Elektra, onde o grupo lançou seu seminal álbum de estreia, The Stooges (1969). O caos estava instalado.


Com produção de John Cale (Velvet Underground), o disco tem a típica sonoridade de Detroit. Caótico, barulhento e cheio de imperfeições, o álbum é considerado por muitos como a primeira obra do punk rock (os mais pé no chão chamam de proto-punk). Fato é que a atitude destrutiva - antes vista em caras Lou Reed e Jim Morrison - estava agora associada a uma sonoridade violenta. 

Além de Iggy, os irmãos Ron e Dave Asheton (respectivamente guitarra e bateria) e Dave Alexander (baixo), eram o reflexo do público: junkies, pobres e descrentes no futuro. Eles não eram mais talentosos que ninguém, apenas eram alguém e não queriam desperdiçar suas existências.

Timbres viscerais, performances garageiras e letras que cospem para longe o tédio juvenil aparecem nas faixas "1969" e, mais explicitamente, em "No Fun", canção essa interpretada com propriedade anos mais tarde pelo Sex Pistols, comprovando a influência dos Stooges para o punk rock.

Na clássica "I Wanna Be Your Dog", o riff pesadíssimo, a insistente/doentia nota de piano e a letra/interpretação feroz de Iggy Pop representam o que há de mais emblemático no grupo. Na sequência temos a obscura "We Will Fall", estruturada dentro de seus 10 minutos atemorizantes, trazendo um lirismo dramático e com uma viola minimalista/climática tocada por John Cale.

A imprensa não gostou, o grande público não deu a mínima e a gravadora não lucrou. Mas nos porões mais escuros, no subúrbio mais afastado, garotos se sentiram representados e motivados a montarem suas próprias bandas. O estrago estava feito. Poucas vezes o rock foi tão energizante.

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