segunda-feira, 28 de abril de 2014

TEM QUE OUVIR: Hüsker Dü - Zen Arcade (1984)

A linha que separa o hardcore do rock alternativo - esse último enquanto vertente musical e não somente enquanto necessidade comercial - da primeira metade da década de 1980 é tênue. No Hüsker Dü, banda oriunda da cena hardcore, a mutação se deu de forma bastante espontânea. Ao priorizar um lado mais melódico e temais pessoais no seminal Zen Arcade (1984), o trio de Minnesota trilhou um caminho independente.


Assim como o R.E.M. e o Replacements, o Hüsker Dü cresceu através de apresentações no circuito universitário. Seus discos não alcançaram grande sucesso comercial, mas foram amplamente influentes e aclamados pela critica, ajudando a estabelecer uma cena que se contrapunha aos shows nas grandes arenas.

Com 70 minutos distribuídos em 23 músicas, o disco intercala composições herdadas do punk rock (vide as velozes/barulhentas "Broken Home, Broken Heart", "Indecision Time", "Beyond The Threshold" e "Pride") com canções influenciadas pelo rock melódico dos Byrds ("Never Talking To You Again"), com direito a uso de violões numa abordagem quase folk psicodélica.

Impossível não visualizar Bob Mould e Grant Hart prevendo o futuro do rock em faixas como "Chartered Trips", "Standing By The Sea", "Pink Turns To Blue" e "Turn On The News". 

Do experimentalismo hendrixiano de "Dreams Reoccurring", passando pela vinheta "One Step A Time" e finalizando com a quebradeira épica "Reoccurring Dreams", o álbum é um manifesto retro-futurístico.

Vale destacar ainda a abertura do disco com "Something I Learned Today", o mantra-shoegaze-punk "Hare Krsna", a frenética "I'll Never Forget You" (tremendas guitarras!), a combinação de Velvet Underground com Stooges em "What's Going On" e a melódica "Newest Industry". Todas interpretadas com intensidade absurda através de timbres grandiosos e ácidos, mérito conseguido com ajuda do icônico produtor Spot.

Do punk rock do Minutemen ao post-hardcore do At The Drive-In, passando pelo rock alternativo do Pixies, o emo do Sunny Day Real State e o grunge do Nirvana, o Hüsker Dü tornou-se um dos primeiros ícones indie, sendo Zen Arcade sua obra-prima.

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