Em que momento o punk rock desaguou no hardcore? Sem resposta definitiva, cada um acredita no que quer. Meu palpite é que foi através do clássico obscuro (GI), lançado pelo The Germs no fatídico ano de 1979.
Com Sid Vicious morto e a new wave mostrando as garras, a proposta do The Germs de fazer punk rock de forma ainda mais veloz e agressiva veio a calhar, embora tenha passado quase despercebida, reverberando somente anos depois na cena grunge, que diga o Kurt Cobain, admirador confesso da banda.
Numa mistura de autodestruição niilista e humor provocativo, Darby Crash, vocalista/líder/porralouca do grupo, fazia de suas performances uma verdadeira catarse de fúria. Em disco a coisa não foi diferente.
Com uma produção nada sofisticada assinada pela Joan Jett - embora longe da porquice que se era esperado -, o álbum soa abrasivo e pronto para entrar em combustão.
As guitarra do Pat Smear (aquele mesmo do Nirvana e Foo Fighters) fala alto em faixas como "Land Of Treason" e "Richie Dagger's Crime". Ele procura espaço em meio ao caos sonoro e berros eloquentes de seu líder descontrolado.
A cozinha formada pela Lorna Doom (baixista e figura feminina fundamental na história do punk/hardcore) e Don Bolles (bateria) não deixa o ouvinte respirar, proporcionando uma sequência nocauteante de ritmos certeiros.
Se a curtinha "What We Do Is Secret" é o puro hardcore, "Communist Eyes", "Strange Notes" e "Lexicon Devil" são tudo que qualquer banda punk gostaria de ser.
Como no punk tudo é urgente e explosivo, Darby Crash teve uma overdose proposital de heroína no ano seguinte, justamente no mesmo dia do assassinato do John Lennon, ofuscando qualquer possível repercussão sobre sua morte e terminando o que mal havia começado, deixando esse único disco de legado ao movimento hardcore.
Nenhum comentário:
Postar um comentário