domingo, 16 de março de 2014

TEM QUE OUVIR: Mastodon - Crack The Skye (2009)

Tem alguns álbuns que já nasceram clássicos. Sendo assim, não esperarei o tempo correr para afirmar que o Crack The Skye (2009) do Mastodon é uma obra-prima.


O disco conquistou números impressionante para um trabalho que flerta sludge com rock progressivo. Eles foram elogiados pela imprensa - de mídias especializadas em heavy metal (Kerrang), passando por revistas técnicas (Guitar Player) e de cultura pop (Rolling Stone e Pitchfork) -, foram parar em conceituados programas de televisão - vide Jools Holland e David Letterman - e ficaram entre os 10 mais vendidos da Billboard.

Abrindo mão da sonoridade mais suja e radical dos discos anteriores e focando numa abordagem melódica e progressiva, com o peso e atmosfera do sludge metal/doom metal/stoner rock, Crack The Skye é uma visão moderna do encontro do Black Sabbath com o Pink Floyd. Tamanho êxito foi alcançado em parceria do requisitado produtor Brendan O'Brien, que prima por uma sujeita orgânica em detrimento da cristalinidade digital do metal contemporâneo. 

Embora de forma não linear, o álbum trata de temas complexos, como a viagem astral de um paraplégico, teorias sobre buraco de minhoca, experiências extracorporal e a Rússia dos czares. Tudo embalado numa linda arte gráfica. É o rock conceitual do século XXI.

Através da abordagem vocal variadamente feroz - três dos quatro integrantes cantam -, de riffs fantasmagóricos, harmonias grandiosas e ritmos frenéticos, tudo soa denso e hipnotizante. Da melódica/acessível "Oblivion", passando pela apoteótica "Divinations", a climática "Quintessence", a zappaniana "The Last Baron" e a progressiva "The Czard"o discos é uma aula de como ser técnico e ambicioso sem soar massivo. Vale destacar que o Scott Kelly (Neurosis) participa da faixa "Crack The Skye".

Em meio ao rock datado e o metal caricato, surge a esperança no novo. Não por acaso o Mastodon é tido por muitos (inclusive esse que vos escreve) como uma das grandes bandas do novo milênio, tendo aflorado para muitos uma nova cena do metal alternativo. É o rock sujo sem ser porco e inteligente sem ser presunçoso.

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