Embora hoje seja comum ver guitarra elétrica na música folk, essa "modernização" no estilo nem sempre foi vista com bons olhos, vide a perseguição que Bob Dylan sofreu ao eletrificar sua música. Todavia, a ruptura provocada pelo Fairport Convention através do Liege & Lief (1969) dentro do gênero proporcionou uma sobrevida para a música folk.
Gravado numa casa de campo em Hampshire, o grupo flertou com o rock de forma mais nítida do que em seus discos anteriores. Diante de uma divergência estética entre Ashley Hutchings (baixo) e Sandy Denny (voz) - que definiria o rumo da banda entre executar músicas tradicionais ou compor material autoral -, o grupo acabou perdendo sua cantora logo após o lançamento do disco, que insatisfeita partiu para carreira solo.
Todavia, a linda voz de Sandy ainda conforta os ouvintes nas maravilhosas "Farewell, Farewell" e "The Deserter". Já o instrumental incisivo do grupo fala alto na espetacular "Come All Ye".
É fácil encontrar vestígios da música tradicional inglesa na melodia elaborada de "Reynardine", que cria um cenário delirante alimentado por uma interpretação sublime. Por sua vez, a festividade celta toma conta de "Medley: The Lark In The Morning".
Pessoalmente, é a debandada para um som mais progressivo visto em "Matty Groves" e "Tam Lin" que mais chama minha atenção, principalmente devido ao excelente trabalho do conceituado guitarrista Richard Thompson.
O disco ainda guarda nas mangas a bela "Crazy Man Michael", fechando e inaugurando um ciclo musical não só da banda, mas de uma vertente musical como um todo. Chegara a hora do folk rock inglês tomar o seu posto.
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