terça-feira, 18 de março de 2014

TEM QUE OUVIR: Cocteau Twins - Treasure (1984)

É comum descrevermos músicas usando características pessoais e nada técnicos. Perceber texturas, temperaturas, cores e climas é o que faz desta arte tão abrangente e encantadora. Com isso em mente, fica mais fácil apreciar o álbum Treasure (1984) do Cocteau Twins, um clássico da música etérea.


Dando um passo a frente ao rock gótico, pós-punk e a música ambient, o Cocteau Twins criou um disco de sonoridade ímpar. Esse flerte cósmico pode ser chamado de dream pop, ethereal wave ou darkwave, mas o importante mesmo é saber captar a força das composições independente do rótulo.

Lançado pela 4AD, o disco tem atributos típicos do selo. Isso se revela desde a belíssima arte gráfica, passando pela produção ousada e as canções cheias de personalidade, que embora soassem distante da música pop, são donas de um encanto acessível.

Em meio aos timbres ecoantes típicos da década de 1980 (vide "Pandora"), a banda chegar a ficar entre o rock industrial e a criação do funk metal na sombria - e em 6/8 - "Persephone". 

Os arranjos elaborados pelo baixista Simon Raymonde dão destaque as guitarras solares do Robin Guthrie e a voz ampla de Elizabeth "Liz" Fraser, que através de seu rico portamento vocal, distribui sussurros orgásticos e modulações delirantes, como revela a clássica "Lorelei". Mais que letras, Liz apresenta fonemas delirantes, que diluídos no instrumental, parecem se desmanchar numa peça sonora única.

Entre outras faixas que merecem atenção estão as ótimas "Ivo" e "Domino". Ou melhor, dê a devida atenção ao disco inteiro, afinal, não é todo dia que podemos fazer uma viagem etérea através da música.

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