sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

TEM QUE OUVIR: The Replacements - Let It Be (1984)

Após a explosão punk, choveram moleques montando bandas e arriscando na organização de seus próprios eventos. Afinal, essa foi a grande herança do movimento. Na base da insistência, o Replacements conseguiu ir longe com um disco considerado hoje um clássico do rock alternativo. Falo do influente Let It Be (1984).


Vindo do circuito dos shows universitários, o Replacements é uma espécie de R.E.M. menor e bem menos regular. Isso fez com que eles não pudessem contar com o aparato da grande mídia (leia MTV), tornando-os um símbolo do underground. A banda conseguia reunir em seus shows uma molecada sedenta por rock e cerveja barata, efervescendo musicalmente a região de Mineapolis e alimentando o pequeno selo Twin/Tone. Tem coisa mais indie que isso?

Filhos do punk rock na linha do The Damned, embora com influências mais melódicas - vide The Jam -, a banda liderada por Paul Westerberg suavizou o discurso e o peso sem abrir mão da energia vital do estilo. Prova disso são as canções "Favorite Thing" (com vestígios do que viria a ser o post-hardcore de grupos como At The Drive-In) e a garageira "Gary's Got A Boner" (com o baixo na cara do Tommy Stinson).

Sempre motivados pelo espírito Do It Yourself, o grupo arrisca em composições punks ("We're Comin' Out"), na fusão de rockabilly com a música country ("I Will Dare"), em baladas pianísticas ("Androgynous"), canções acústicas de power pop ("Unsatisfied"), rock instrumental nada ortodoxo ("Sean Your Video"), melodias pops ("Sisteen Blue"), guitarras esquizofrênicas ("Answering Machine") e até num cover esquisito/desnecessário de KISS ("Black Diamond").

Uma das principais características de uma boa banda de rock é saber administrar suas limitações. Foi exatamente isso que o Replacements fez, driblando problemas técnicos (e de alcoolismo) e construindo um repertório consistente. Let It Be deu ao grupo status cult. 

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