terça-feira, 3 de dezembro de 2013

TEM QUE OUVIR: Siouxsie And The Banshees - The Scream (1978)

The Scream (1978), disco de estreia da Siouxsie And The Banshees, foi uma obra inclassificável quando lançada. Embora estivessem dentro da cena punk inglesa, eles transcendiam a sonoridade punk. Chamar de pós-punk ou rock gótico (dark) hoje parece o óbvio, embora nenhum dos estilos propriamente existisse (ou seja, estão entre os criadores). Sendo assim, ao invés de procurar um rótulo, foi preferível admirar a beleza angustiante do álbum.


Encarar de frente com a Sioux é deslumbrar o mórbido. Sua presença misteriosa, coberta por uma maquiagem fúnebre, cabelos escuros e palidez estereotipada, causou uma verdadeira revolução física nos anos seguintes, tornando-a ainda hoje uma das personagens mais influentes do rock. Mas de nada adiantaria todo esse conceito visual se a música também não trouxesse uma proposta interessante. E é justamente isso que encontramos nas faixas do The Scream. 

Se por um lado a contagiante "Carcass" traz uma forte energia punk, por outro a banda sepulta o estilo na doentia/barulhenta "Jigsaw Feeling", faixa de progressão nebulosa.

O arranjo cênico de "Overground" dita o ritmo febril do disco. O grupo explora constantemente o peso instrumental sem abrir mão de melodias obscuras, oferecidas em grande parte pelo baixista Steven Severin, vide a ensandecida "Suruban Relapse". Instrumentalmente, é preciso também destacar a bateria tribal (tocada como se estivesse a serviço de um ritual pagão) do Kenny Morris, vide por exemplo "Metal Postcard (Mittageisen)". É o motorik transcendendo o krautrock.

Em meio a este caldeirão de músicas perturbadoras, sobrou até mesmo pra "Helter Skelter" (aquela mesmo dos Beatles) ganhar um arranjo ainda mais sinistro, muito por conta das guitarras estridentes do influente John McKay.

É preciso reconhecer que Siouxsie Sioux não era apenas a performática personagem na linha de frente da banda. Além de bem relacionada dentro da cena musical inglesa, sua interpretação teatral na épica "Switch" e seu timbre particular na nervosa "Nicotine Stain" muito agregavam para a sonoridade do grupo.

Com produção abrasiva do Steve Lillywhite, The Scream fez sucesso e abriu as portas para o pós-punk. Futuramente o grupo desenvolveu-se ainda mais, se equilibrando entre sons angustiantes e acessíveis. Sua estética continua a ecoar pelos porões das metrópoles e a influenciar bandas do cenário alternativo.

Um comentário:

  1. Olá,

    Criei essa página com o intuito de reunir o maior número de fãs brasileiros da nossa grande Siouxsie:

    https://www.facebook.com/SiouxsieBrasil

    Conto com a sua colaboração! (:

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