quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

TEM QUE OUVIR: Marvin Gaye - Let's Get It On (1973)

Certa vez, o produtor e figuraça Carlos Eduardo Miranda disse - não exatamente com essas palavras - que a música tem como principal motivação direcionar as pessoas para o sexo. Claro que não dá pra levar a frase ao pé da letra, mas faz sentido. Não importa se você está indo para um barzinho escutar Ana Carolina, ver uma banda cover de AC/DC num pub, para uma balada eletrônica ou um baile funk, de qualquer modo você está a procura de sexo (não só sexo, mas fundamentalmente sexo). Todavia, se teve um artista que fez música de conteúdo explicitamente sexual foi o Marvin Gaye, principalmente no sensacional Let's Get It On (1973).


Não, você não irá encontrar no disco letras obscenas - não que seria um problema, não faço esse tipo de julgamento moralista -, mas vai perceber que ao cantar, gemer e até mesmo transpirar, Marvin Gaye tornou sua música afrodisíaca. Quer uma prova? Escute a clássica faixa "Let's Get It On" e diga a primeira coisa que vem a sua mente. Aposto que é sexo.

Marvin Gaye não faz a mínima questão de encobrir o conteúdo erótico do disco, vide os sussurros em  "You Sure Love To Ball". Mas engana-se quem acredita que o álbum seja apelativo. Muito pelo contrário, ele chega a ser até discreto por conta da beleza dos arranjos, vide a apaixonante "Please Stay (Once You Go Away)" e a cinematográfica "Just To Keep You Satisfied".

O time de primeira grandeza dos músicos da gravadora Motown agrega ainda mais valor a obra. Como passar indiferente diante do groove melódico e preciso do genial/influente baixista James Jamerson em "Come Get To This"?

Sendo a sequência improvável (ou não) para o depressivo, politizado e ecológico What's Going On (1971), os trabalhos trazem como semelhança a competência de um artista extremamente talentoso, que foi fundamental para quebrar barreiras raciais e sexuais. Um gênio não só da soul music, mas da música como um todo.

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