domingo, 15 de dezembro de 2013

TEM QUE OUVIR: Brian Eno - Ambient 1: Music For Airports (1978)

Quando analisada a música dos últimos 50 anos, o nome do Brian Eno torna-se recorrente. Seu primeiro grande trabalho encontra-se ainda quando fazia parte do Roxy Music, grupo excepcional de art rock, onde ele tornou-se referência na incursão por timbres eletrônicos. Igualmente importante é sua atuação como produtor, principalmente devido sua presença na "Trilogia de Berlim" do David Bowie, em álbuns do Talking Heads e no The Joshua Tree (1987) do U2. Entretanto, a maior ousadia está na sua carreira solo, onde, dentre outras coisas, ele inaugurou a ambient music com o controverso e introspectivo Ambient 1: Music For Airport (1978).


Ainda que o conceito da ambient music tenha sido roubado da música de mobília, arquitetado já na década de 1920 pelo compositor francês Erik Satie, ou até mesmo da ideia de muzak, foi chocante quando Brian Eno apareceu com sua "música para aeroportos" em plena explosão do punk rock.

A proposta do álbum é de que a música não precisa estar em primeiro plano. A música pode ser um pano de fundo para ações do dia-a-dia, sendo no caso deste disco, aguardar o avião no saguão do aeroporto.

Sonoramente, em meio a momentos honestamente monótonos, o álbum funciona principalmente para quem se interessa por new age e/ou drone. Fato é que, dentro da proposta inicial, a calmaria dos timbres, as melodias minimalista, harmonias aconchegantes e texturas discretas, fazem completo sentido. Dá para viajar a cada harmônico que discretamente se sobressai a outro. 

Se por um lado é improvável pensar em alguém colocando a peça "1/2" para escutar por livre e espontânea vontade, por outro milhares de amantes e produtores de música eletrônica contradizem minha argumentação. Music For Airport tornou-se uma referência de música ambiente.

Diariamente assistimos o conceito do Brian Eno sendo aplicado em restaurantes, hospitais, elevadores e até mesmo nos fones de cada indivíduo que caminha em direção ao trabalho, sem dar grande importância ao próximo ou ao que está ouvindo. Com sua elegância, ousadia e erudição, Eno fez conceitualmente o que todos merecem "não-ouvir".

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