quarta-feira, 20 de novembro de 2013

TER QUE OUVIR: Museo Rosenbach - Zarathustra (1973)

O grande motivo que me levou inicialmente a criar um blog foi de treinar minha escrita - ainda que eu fracasse constantemente - e até mesmo a me "obrigar" a ouvir determinados sons. 

Para não cair no óbvio oferecido por inúmeros blogs musicais, tento ao máximo reparar algumas injustiças. Quer um exemplo? Se tem um gênero que não desfruta do "hype" alternativo é o rock progressivo, que é visto erroneamente como a vertente mais careta do rock. 

Agora, se for uma banda de rock progressivo italiana, aí pode esquecer. Por mais brilhante que a banda possa ser, ela vai ser automaticamente marginalizada. Mas não aqui! Por isso trago ao "Tem Que Ouvir" deste humilde blog o belíssimo Zarathustra (1973) do Museo Rosenbach.



O Museo Rosenbach, por mais obscuro que possa ser - e realmente é! -, é o grupo “queridinho” dos fãs de rock progressivo italiano, sendo o Zarathustra considerado por muitos a obra-prima do estilo.

E não é para menos! A longa faixa titulo tem momentos ritmicamente quebrados influenciados por jazz, passagens ultra melódicas e narrativa consistente, fortemente calcada na obra do Nietzsche. Aqui o mellotron - instrumento característico do progressivo italiano - é o grande destaque, criando cama perfeita e melodias excepcionais. Mérito do talentoso Pit Corradi.

Embora menos evidente que em outras bandas do progressivo italiano, os vocais herdados das óperas italianas também marcam presença, vide a surreal "Della Natura".

Para quem tem certa birra com estilo, recomendo a audição da intensa e, até certo ponto pesada, "Degli Uomini". Depois disso ficará mais fácil digerir composições esquizofrênicas como "Dell'eterno Ritorno".

Mas nem tudo na obra é perfeito. A banda carrega em seus ideais uma velha praga italiana: o fascismo. Até mesmo a face do Mussolini surge na capa do disco. Zarathustra perde pontos por conta disso, mas assim como ocorre no cinema com o Nascimento De Uma Nação, onde a glorificação do absurdo é deplorável, a estupidez ideológica não diminui por completo o valor da obra, embora tenha contribuído para o fim prematuro do grupo.

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