quarta-feira, 16 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: The Jam - All Mod Cons (1978)

Imagine crescer ao som de Beatles, The Who, The Kinks, Small Faces, Traffic e tantas outras bandas da década de 1960, tornar-se adolescente e ver explodir diante de seus olhos o punk rock de grupos como Sex Pistols e The Clash. Foi partindo deste diagnóstico que surgiu na Inglaterra o The Jam, trio liderado pelo gigante Paul Weller, que chegou ao ápice em seu terceiro álbum, o excelente All Mod Cons (1978).


Apesar do som calcado no rock clássico inglês, a banda se diferencia do típico pub rock por conta de sua abordagem e postura mais clean, inspirada em partes por grupos de blue-eyed soul. Todo esse caldeirão de referências deu luz ao mod revival, que, diga-se de passagem, é tudo o que o britpop 90's quis ser, além de ser a influência direta para a nova geração do rock inglês - como o Arctic Monkeys -, e até mesmo para muito do que foi feito no Brasil na década de 1980, vide o Ira!.

De um processo de composição cansativo, em que a gravadora já olhava com certo olhar de desconfiança após dois fracassos comerciais, surgiu All Mod Cons. Como uma espécie de mini-óperasas canções formam um entrelaçado comportamental inglês, observado através dos olhos de Paul Weller e vivenciado por personagens fictícios.

O álbum ganha vida através das composições do Weller, que criou um estilo próprio sem negar as influências, ganhando respeito tanto nos grandes circuitos artísticos, quanto no subúrbio inglês. E o mais embasbacante, com apenas 20 anos. 

Instrumentalmente é o baixo pulsante do Bruce Foxton que salta aos ouvidos, a começar pela energética "All Mod Cons". Liricamente é possível encontrar de tudo no enredo. Do sujeito utópico ("Billy Hunt"), passando pelo jovem vagabundo ("Mr. Clean") e o consumista desenfreado ("In The Crowd"). 

Com vestígios do britpop sessentista ("It's Too Bad"), power pop ("To Be Someone"), pub rock ("Billy Hunt"), punk rock ("Down In The Tube Station At Midnight", onde qualquer semelhança com "Ciúmes" do Ultraje A Rigor não é por acaso) além de melodias pop tipicamente inglesas ("English Rose"), o The Jam deu uma nova direção para o rock e ressuscitou a importância do cotidiano nas letras.

Um comentário: