quinta-feira, 3 de outubro de 2013

TEM QUE OUVIR: Herbie Hancock - Head Hunters (1973)

Em 1973, quando Herbie Hancock partiu para as gravações de Head Hunters, ele já era um experiente músico de jazz, autor de trabalhos "tradicionais" no estilo, assim como de verdadeiras experimentações de vanguarda. Isso além, é claro, de ter participado do segundo quinteto clássico do Miles Davis. Vindo de álbuns ousados - e nada rentáveis - e apaixonado pela música funk que ouvira nos discos do James Brown e da Sly & The Family Stone, Herbie Hancock gravou essa pérola do jazz-funk/fusion e deu um salto ainda maior na sua carreira, desta vez alcançando o prestigio tanto da critica quanto do público.


Ao tentar criar sua própria Family Stone, Herbie Hancock juntou um time de músicos inacreditável, que incluía o baixista Paul Jackson, o saxofonista Bennie Maupin, o percussionista Bill Summers e o baterista Harvey Mason.

O curto repertório é primoroso. Assim como próprio termo jazz-funk presume, as composições são calcadas em harmonias sofisticadas e improvisos que se assemelham a diálogos, tudo isso embalado por ritmos dançantes. Prova disso é "Watermelon Man", música que já havia sido gravada em 1962, mas que aqui ganhou um balanço extra, de malemolência quase latina.

O swingue inacreditável de "Chamaleon" é hipnotizante, com direito a timbres revolucionários extraídos pelo Herbie de pianos elétricos e sintetizadores. Sua linha borbulhante de baixo (synth-bass) é não menos que contagiante e memorável. Por ser a faixa mais longa do disco, é também a que vai mais longe nos improvisos.

A homenagem ao funk não poderia ser mais descarada do que em "Sly", inspirada em vocês sabem quem. O groove frenético e o solo do Bennie Maupin nesta faixa beiram o absurdo. Por sua vez, a sofisticação climática de "Vein Melter" nos leva a uma viagem sonora única. Lindo.

Inspirando diretamente artistas como Quincy Jones, Stanley Clarke, Marcus Miller, Level 42, Jamiroquai, Incognito, Ed Motta e Banda Black Rio, além de disponibilizar um arsenal de samples para nomes como Tupac Shakur, Nas, Coolio, LL Cool J, Beck, George Michael e Madonna, é fácil entender o porquê de tantos beberem do jazz-funk lisérgico deste disco. Icônico desde a capa.

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