segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Música Renascentista

Embalado pelo fim da exposição Mestres do Renascimento que rolou em São Paulo, decidi reouvir/pesquisar músicas do Renascimento. 

Estou longe de ser um apreciador/conhecedor da música erudita, entretanto, ora ou outra me pego nesta pesquisa eterna que envolve compreender a história da música. Farei aqui um breve resumo do que eu entendo por música renascentista. Fiquem à vontade para fazer qualquer correção nos comentários.

O Renascimento aconteceu entre os séculos XV e XVII, durante a transição do feudalismo para o capitalismo. É a ponte entre a Idade Média e a Idade Moderna, sendo uma ruptura nas estruturas medievais, tanto nas ciências quanto nas artes. Foi durante esse período que o iluminismo tomou o lugar do obscurantismo. Foi a época em que atuaram artistas como Michelangelo, Rafael, Leonardo da Vinci, Donatello, dentre outros. A igreja se mantinha poderosa, mas havia agora também as primeiras universidades europeias, que inclusive tinham a música como uma das matérias principais.



Na música é possível notar a lenta transformação do modelo modal para o tonal e da polifonia horizontal para harmonias verticais, visto que a música medieval era praticamente formada por melodias uníssonas. 

Começa também a se dar mais valor para a orquestração (graças também evolução na construção dos instrumentos) e para a consolidação de gêneros, tanto profanos quanto sacros.

Melismas vocais derivados do canto gregoriano são substituídos por composições mais equilibradas. Há ainda pouca movimentação intervalar, sendo explorados apenas consonâncias e dando cada vez mais a impressão de centro tonal.

Aqui vão alguns dos compositores mais importantes do período com suas respectivas obras mais aclamadas. Eles aparecem em ordem cronológica:

Guillaume de Machaut (1300 - 1377)
Esse compositor francês é o principal expoente da ars nova (estilo derivado do aprimoramento das técnicas de notação musical, em contraposição a ars antiqua). Suas composições são a base da música renascentista. Sua "Missa de Notre Dame" representa um grande salto evolutivo composicional. Imagine ouvi-la numa catedral gótica. 

Guillaume Dufay - Ave Maria Stella (1397 - 1474)
Um dos compositores mais emblemáticos na transição da música medieval para a música renascentista. Embora bastante primário, há lindas polifonias em sua obra.

Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525 - 1594)
O mais famoso compositor do século XVI. Italiano representante da escola Romana, Palestrina é peça fundamental no desenvolvimento da música sacra polifônica, principalmente no que diz respeito a contraponto. Neste sentido, vale lembrar sua "Missa Papae Marcelli".

Josquin des Prez (1450/1455 - 1521)
Compositor francês de sucesso no renascimento. Há ótimos registros do autor com performance do grupo Hespèrion XXI com regência do Jordi Savall, ambos especialistas em obras deste período.

Thomas Tallis (1505 - 1585)
Na Inglaterra havia o Thomas Tallis, autor de composições angelicais. É de chorar.

Giovanni Gastoldi (1554 - 1609) - Amor Vittorioso
Fora das igrejas, há também os madrigais, que diferente das músicas eclesiásticas que eram cantadas em latim, eram aqui cantadas na língua local, vide essa composição italiana de guerra.

John Dowland (1563 - 1626)
Vale ainda se atentar para a música feita na Inglaterra fora das igrejas. Elas exemplificam a tradição do trovadorismo. John Dowland é dos mais celebrados compositores neste sentido. Suas canções, guiadas comumente por alaúde, traduzem os sons profanos das ruas. Tem textos de amor, guerra, amizade... Neste sentido é bem contemporâneo.

William Byrd (1543 - 1623)
Outro cancioneiro inglês, esse talvez mais arrojado, mas igualmente popular e profano.

"Greensleeves"
Vale ainda lembrar essa histórica canção inglesa, mega interpretada ainda hoje por outros artistas, além de utilizada em séries e filmes. Já vi inclusive o Ritchie Blackmore tocando-a. Tremenda melodia. É a verdadeira música folk inglesa.

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