Sempre reconheci o Chaos A.D. (1993) como um clássico injustiçado do Sepultura. Embora ninguém negue a força do álbum, o fato dele ter sido lançado entre dois discos tão emblemáticos - Arise (1991) e Roots (1996) - prejudicou em partes o seu legado quando pensamos na carreira do grupo como um todo.
Chaos A.D.é o terceiro lançamento do Sepultura pela Roadrunner e segundo com a produção do Andy Wallace, que trouxe um acabamento final para o som troglodita da banda.
Logo de cara, intercalando entre percussão típica de escola de samba e um estrondoso riff, "Refuse/Resist" é o prefacio do que viria ser a mistura de música brasileira com thrash metal que o Sepultura desbravou com mais repercussão no Roots. Ainda mais exótica - principalmente para os gringos - é a sonoridade regional de "Kaiowas", inspirada na música indígena e caipira.
A emblemática "Territory", com direito a bateria nocauteante do Igor Cavalera, coloca em jogo a eterna disputa entre israelenses e palestinos, cantada de forma truculenta pelo Max Cavalera. Seu gutural hardcore em "Biotech Is Godzilla" também salta aos ouvidos.
Andreas Kisser esmurra sua guitarra para tirar um riff mais brutal que o outro, sempre com elementos de dissonância somados a linguagem tradicional thrash metal. Essas caracterizas são fáceis de encontrar em "Slave New World", "Amen" e, principalmente, "Propaganda". No que se refere as guitarras, é preciso também reconhecer o embrião do que viria ser o new metal anos mais tarde, principalmente em "Nomad".
O experimentalismo nos arranjos de "We Who Are Not As Others" e "Manifest" ajudam a explicar o porque da banda ter chamado tanta atenção. Junto ao Pantera, o Sepultura manteve o heavy metal vivo durante a década de 1990. Todavia, ao contrário do grupo americano, os brasileiros trouxeram novos elementos ao estilo e ficaram na crista da vanguarda.
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