sábado, 1 de junho de 2013

TEM QUE OUVIR: Echo & The Bunnymen - Porcupine (1983)

Porcupine (1983) do Echo & The Bunnymen é um disco seminal. O álbum tem aquela típica sonoridade oitentista - produção polida, timbres cristalinos e zero solos de guitarra -, tão execrada pelos rockeiros mais tradicionais (falo por experiência própria). Todavia, as composições são tão cheias de boas referências - principalmente Velvet Underground, David Bowie, Big Star e The Doors - que é difícil não se render a obra.


Foi aqui que o pós-punk amadureceu e chegou ao seu auge criativo, sendo possivelmente um dos primeiros sinais sonoros daquilo que ficou conhecido como rock alternativo. Toda a apropriação feita do punk, krautrock, new wave, power pop, dub e funk é exclusiva e rica. Os arranjos chegam a ser épicos, tamanha a quantidade de informação, vide a espetacular "Porcupine". Isso em partes dificulta a audição dos ouvintes mais acomodados.

Logo na faixa que abre o disco, o single "The Cutter", temos elementos de música indiana proporcionado pelo L. Shankar, trompetes gritantes, baixo cheio de groove, guitarra cacofônica e bateria carregada de reverb. 

"The Back Of Love" mantém a fórmula do inusitado, tanto no arranjo quanto na instrumentação - que outra banda nos anos 80, década dos sintetizadores, usava violoncelos e violinos em suas gravações? -, que embala a composição em seu ritmo desesperado.

Ian McCulloch encarna Jim Morrison - timbre, letra e interpretação - em "My White Devil". Já o guitarrista Will Sergeant cria enormes texturas em "Clay".

O disco tem momentos instrumentais frenéticos, soturnos e exóticos. Com relação as letras, é poeticamente angustiante e existencialista. Porcupine é a trilha perfeita dos dilemas presentes na tão conturbada e musicalmente estranha década de 1980.

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