sexta-feira, 10 de maio de 2013

TEM QUE OUVIR: Living Colour - Vivid (1988)

Muito se fala sobre a explosão do rock alternativo no começo da década de 1990, mas poucos se lembram que, antes mesmo do Jane's Addiction e do Nirvana ganharem prestigio, quatro negros de Nova York chamaram atenção por misturar metal, hard rock, funk (antes do sucesso do RHCP e Faith No More), reggae, rap e até mesmo jazz. Falo do Living Colour e seu espetacular disco de estreia, Vivid (1988).


Entre os que ficaram encantados com a sonoridade do Living Colour estava o Mick Jagger, que gostou tanto do grupo que os levou para a Epic Records, produzindo duas faixas do álbum: a caribenha "Glamour Boys" e o funk rock "Which Way To America?". 

Mas foi "Cult Of Personality" o grande sucesso do disco, revelando uma grande banda encabeçada por Vernon Reid, ótimo guitarrista rítmico, criador deste riff emblemático e solo nitidamente influenciado pela sonoridade outside do free fazz. Tais qualidades não estão presentes numa faixa isolada, vide que "Middle Man" mantém as mesmas características do guitarrista.

Músicas calcadas no hard rock preenchem boa parte do disco, vide a pop "I Want To Know" e a pesada "Desperate People". Ainda assim, a vigorosa cozinha formada por Muzz Skillings (baixo) e William Calhoun (bateria) deixava tudo mais funkeado. A prova disso são os grooves de "Funny Vibe", "Memories Can't Wait" e "What Your Favorite Color? (Theme Song)".

A voz potente e melódica de Corey Glover não se perde em excessos, sendo a audição de "Open Letter (To a Landlord)" e "Broken Hearts" a constatação do bom gosto do cantor. Suas letras com discursos políticos e raciais também foram muito bem-vindas, ainda mais numa época em que a alegria de plástico dos grupos de hard rock representavam a essência deturpada do gênero.

Ainda que repleto de ótimas composições e desempenho matador dos músicos, Vivid é muitas vezes subestimado. Todavia, sua audição ajuda a explicar muito do cenário cultural da época.

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