O radicalismo é uma das tantas características da música alemã. O krautrock comprova isso. O Kraftwerk começou nesta que é a vertente mais experimental do rock progressivo. Todavia, foi cada vez mais abandonando o rock e se fincando na música eletrônica, influenciados principalmente por compositores de vanguarda como o Stockhausen. Após anos de desenvolvimento, foi possível a "fabricação" do emblemático The Man-Machine (1978).
Uso a palavra "fabricação" de propósito, tendo em vista que aqui ficou escancarada a robotização dos integrantes do grupo, sendo esse disco o produto final desta era cibernética.
Essa personificação robótica influenciou diretamente no som do quarteto, que tornou-se repetitivo, mecânico, percussivo, minimalista e de timbres sintéticos, gerados por vocoders e sintetizadores, como comprovam as faixas "The Robots", "Neon Lights" e "The Man-Machine". Todavia, a sensibilidade melódica das canções é gigantesca, vide "Metropolis" - clara referência ao filme do Fritz Lang - e "Spacelab", levando o grupo a ser uma forte influência para o pós-punk e a música pop oitentista, principalmente de bandas como Human League, New Order, Depeche Mode e Tubeway Army
A alienação urbana que move o conceito do disco está presente também nas letras, como pode ser conferido em "The Model", a única que justamente ao humanizar o personagem, torna-o descartável. A música não fez sucesso no seu lançamento, mas com o passar dos anos tornou-se o principal hit do grupo.
The Man-Machine pode não ser a criação da música eletrônica, mas é peça fundamental da música do século XX, popularizando um estilo que domina rádios e baladas ao redor do mundo. Olhando para trás, poucos imaginariam que esses androides alemães conseguiriam tanto.
Ótima resenha!
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ResponderExcluirIncrivel e otima resenha , sou doido por Kraftwerk , e esse album juntamente com o Computer World de 1981 , cara... é simplesmente uma bomba !! Muito bom !
ResponderExcluirC.M.