quarta-feira, 3 de abril de 2013

TEM QUE OUVIR: Paulinho da Viola - Nervos de Aço (1973)

Dentre tantos elementos culturais que podem encher os brasileiros de orgulho, o samba é dos principais. O gênero é altamente popular e dono de uma produção que ressalta a sofisticação rítmica, melódica e lírica do país.

Dentre os artistas que melhor contribuem para essa exuberância estética está o Paulinho da Viola, que soube aliar elementos tradicionais do samba à modernidade. O clássico Nervos de Aço (1973) - de linda capa de autoria do Elifas Andreato e que contém arranjos de Maestro Gaya -, é uma amostra certeira desta qualidade. 


O canto doce e melancólico de Paulinho da Viola é carregado de sentimentos que dão vida a belas poesias. Suas interpretações soam tristes, quase depressivas - provavelmente herança da música do Nelson Cavaquinho -, mas também elegantes, vide as lindas "Sentimentos", "Não Quero Mais Amar A Ninguém" e a doentia/psicótica "Comprimido". 

Mas nem tudo é drama. Em "Não Leve a Mal" o sambista declara seu amor pela Portela. Já a maravilhosa "Nervos de Aço" é uma versão em homenagem a Lupicínio Rodrigues, que assim como Cartola, influenciou diretamente as composições de Paulinho da Viola. Já o experimental arranjo de "Roendo As Unhas", com melodias peculiares e solos insanos de flauta e piano, esbanjam ousadia dentro do estilo.

São poucos os letristas da música brasileira capazes de produzir pérolas como "Cidade Submersa". Ainda assim, quando não está inspirado, Paulinho da Viola recorre ao talento de gente como Wilson Batista e Chico Buarque, vide respectivamente "Nega Luzia" e "Sonho de Um Carnaval".

A linda instrumental "Choro Negro" - homenagem ao choro, gênero presente desde sua infância -, fecha esse que é um dos grandes discos da autentica música brasileira, capaz de fazer até quem não gosta de samba ficar emocionado, tamanha a qualidade das composições e interpretações.

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