quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

TEM QUE OUVIR: Antônio Carlos Jobim - Wave (1967)

1967 foi um ano especial para o rock. A psicodelia eclodia no mundo, representada por grandes discos dos Beatles, Pink Floyd, Cream, Jimi Hendrix Experience, dentre outros. O jazz parecia ter perdido a força entre a juventude. Já no Brasil, em plena ditadura militar, a bossa nova perdia espaço para o tropicalismo e as canções de protesto. Foi diante deste cenário que o maestro/compositor Antônio Carlos Jobim lançou um de seus grandes álbuns, o espetacular Wave.


Uma das vantagens do Wave com relação a muitos outros trabalhos do Tom Jobim é que suas performances são calcadas na música instrumental, assim como acontece no também clássico The Composer Of Desafinado (1963). E que performances! Afinal, não é qualquer disco que pode se gabar de contar com Ron Carter no baixo, Dom Um Romão na percussão, arranjos e regência do Claus Ogerman, além do próprio Jobim no piano. Todavia, quando alguma faixa exige letra, ela fica a cargo de ninguém menos que Vinícius de Moraes, como pode ser conferido em "Lamento".

A clássica "Wave" é apresentada em sua melhor versão. A linda melodia da música (com o minimalismo "one finger piano") nos envia diretamente a zona sul do Rio de Janeiro da década de 1950 e 1960.

O mais puro balanço sincopado da bossa nova aparece em diversas faixas, com destaque para "The Red Blouse", "Batidinha" e "Triste". Já a delicadeza dos arranjos e as elaboradas harmonias ficam explicitas em "Look To The Sky" e "Diálogo", ambas de beleza ímpar.

Ao ouvir esse disco é fácil entender a importância da bossa nova e do próprio Tom Jobim, que não por acaso fez grande sucesso nos EUA, chamando atenção até mesmo de Frank Sinatra. Sem dúvida um dos grandes momentos da música brasileira. Se conceitualmente soa datado, musicalmente é eterno.

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