No Brasil, Todd Rundgren é praticamente um anônimo. Poderia caminhar tranquilamente pela Avenida Paulista sem sequer ser notado. No máximo seu nome é lembrado devido algumas produções (New York Dolls, Grand Funk Railroad, XTC, entre outros) ou por ter criado a Liv Tyler. Mas nada disso impede Rundgren de ser um dos grandes compositores/produtores/guitarristas do seu tempo. Ainda que ele já brilhasse desde os tempos do grupo Nazz, suas qualidades ficaram ainda mais explicitas no maravilhoso Something/Anything? (1972), seu terceiro trabalho solo.
Se hoje é possível gravar um disco completamente em casa, isso se deve em partes a Todd, que usou seu quarto como estúdio. Isso pode ser conferido na imagem presente na parte interna do álbum, onde de braços abertos e com a guitarra no corpo, ele parece comemorar o feito de ter produzido quase sozinho este ambicioso trabalho.
No disco é possível encontrar grandes canções de power pop, vide a ótima "I Saw The Light", que de tão boa tem sotaques de George Harrison. Temos também o pop perfeito da linda "It Wouldn't Have Made Any Difference". Já a animada "Wolfman Jack" é completamente glam rock. E isso são apenas as três primeiras canções de um disco duplo que contém 25 faixas.
Entre outras composições que merecem destaque estão "Sweeter Memories" - ótimo solo de guitarra! -, a exuberância instrumental de "Breathless", o arranjo sofisticado de "Saving Grace" e a polidez/elegância pop de “Hello It’s Me”, todas com apuramento melódico impressionante.
Something/Anything? é um clássico que passou batido no Brasil, apesar das boas criticas e vendagens em países como EUA e Inglaterra. Uma aula de como fazer música pop com vigor e inteligência.

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