quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

TEM QUE OUVIR: Television - Marquee Moon (1977)

O Television é constantemente citado como um dos pilares do punk rock. Foi a banda que abriu as portas do emblemático CBGB, dando o inicio a uma cena alternativa esteticamente revolucionária. O grupo é também influência declarada de muitos artistas: dos punks, vide o Dee Dee Ramone; aos indies, vide os Strokes. Já o disco de estreia da banda, Marquee Moon (1977), é frequentemente citado como um dos grandes álbuns da história do rock.


Arquitetado num período musicalmente explosivo de Nova York, o Television era o meio termo entre o som básico dos Ramones e a sofisticação do Talking Heads. Em alguns momentos, o grupo chegava perto da sonoridade proto-punk de bandas extintas, como o New York Dolls, só que com um experimentalismo herdado do Velvet Underground.

Após a debandada do problemático Richard Hell, o grupo ficou no comando dos espetaculares guitarristas Tom Verlaine e Richard Lloyd, dupla extremamente criativa ("Friction") e melódica ("Venus"), que conseguia elaborar arranjos intrincados gerando harmonias requintadas. O dialogo entre os instrumentos formam emaranhados sofisticadíssimos e particulares.

São nos quase 11 minutos da faixa "Marquee Moon" que estão todas as singularidades do grupo, onde além dos guitarristas, a cozinha formada por Fred Smith (baixo) e Billy Ficca (bateria), também mostra-se extremamente arrojada. Um épico construído em conjunto, sem a prepotência do rock progressivo.

É interessante ver como uma banda oriunda da safra mais tosca (no bom sentido) de Nova York consegue soar tão delicada, vide a balada "Guilding Light" e a força power pop de "Prove It", ambas com excelentes linhas de baixo.

Ainda que o disco tenha sido lançado no começo do movimento punk, algumas músicas já embarcam na sonoridade pós-punk/new wave, vide as ótimas "Elevation" e "See No Evil", essa última de letra anarquista.

Com o tempo, o Television foi sendo ofuscado, mas Marquee Moon se manteve como um registro impecável. Infelizmente, é o típico clássico que pouca gente ouviu, apesar da constante bajulação. Cabe aos mais curiosos fugir desta regra.

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