TEM QUE OUVIR: Electric Light Orchestra - Out Of The Blue (1977)

Lançar no auge do movimento punk e da disco music um trabalho que flerta as melodias do Roy Orbison com a riqueza dos arranjos dos Beatles em músicas com o pé no rock progressivo, não parece boa ideia. Mas foi exatamente o que a Electric Light Orchestra (ELO) fez no duplo Out Of The Blue (1977), um dos maiores/melhores registros de art rock de todos os tempos.

A banda liderada pelo genial Jeff Lynne - que produz impecavelmente o disco, além de compor todas as faixas -, emociona em arranjos de cordas belíssimos, sofisticados e ao mesmo tempo acessíveis, vide a trinca clássica que abre o álbum, formada por "Turn To Stone", "It's Over" e "Sweet Talkin' Woman".

Outro integrante de deveras importância para a sonoridade do ELO é o talentoso Richard Tandy. Tecladista de mão cheia, ele estraçalha seu instrumento nos timbres frenéticos de "Starlight", que contém abertura de vozes geniais. Vale ainda deixar uma menção ao ótimo baterista Bev Bevan.

Ainda que rockeira, "Night In The City" é grandiosa em sua orquestração, o que mais uma vez demonstra cuidado especial nos arranjos das músicas. Mas é no épico sinfônico "Concerto For A Rainy Day" - peça essa que ocupa um lado inteiro do vinil -, que está o auge criativo de Jeff Lynne. A música é divida em quatro partes, dentre elas a futurista/cinematográfica "Standing In The Rain", a linda balada "Big Wheels" e o desfecho avassalador com a clássica "Mr. Blue Sky".

"Wild West Hero" encerra brilhantemente este ousado trabalho, carregado de belas melodias e arranjos cuidadosamente arquitetados, que serviram de influência para muitas bandas da década de 1980. Não por acaso, Jeff Lynne faria parte no futuro do super-grupo Traveling Wilburys, que continha nomes do escalão de George Harrison, Bob Dylan, Roy Orbison e Tom Petty. Eis um dos grupos mais subestimados do seu tempo.