quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

TEM QUE OUVIR: The Beatles - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967)

Considerado por muitos o mais importante disco de todos os tempos, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967) não poderia ficar de fora do "Tem Que Ouvir" deste humilde blog. Ainda que eu não o coloque sequer entre os três melhores álbuns dos Beatles, Sgt. Pepper's é indiscutivelmente emblemático. Sua ousadia e influência na cultura pop é de valor imensurável.


Lançado apenas um ano após o também experimental/clássico Revolver (1966), Sgt. Pepper's apresenta os Beatles ainda mais maduros e já longe dos palcos, concentrando todas as energias no estúdio em impressionantes 129 dias de gravação, o que resultou em arranjos e produção ainda hoje impecáveis. Para época, um furacão de novidades estéticas.

A ótima capa arquitetada por Peter Blake, que traz os integrantes dos Beatles ao lado de grandes personalidades da política, filosofia, cinema, esportes e, lógico, da música - vide Stockhausen, Bobby Breen, Dion Di Mucci e Bob Dylan - é sem dúvida das mais famosas e parodiadas de todos os tempos, seja por Frank Zappa, Zé Ramalho ou Os Simpsons.

E é justamente a poderosa "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" que abre o álbum, apresentando o quarteto não mais como inocentes reis do iê iê iê, mas sim como a explosiva banda do Sargento Pimenta. Suas ótimas frases de guitarra e grandioso refrão não por acaso chamaram atenção do Jimi Hendrix, que executou a música ao vivo apenas dois dias após o lançamento do álbum.

A psicodelia borbulhante tão em voga na época brilha na espetacular "Lucy In The Sky With Diamonds", onde o LSD surge até mesmo nas iniciais. Sua letra é uma divertida viagem. Sonoramente, seus versos parecem derreter, desaguando no refrão.

Enquanto isso, "Getting Better" (excelente linha de baixo!) tem em sua letra hippie a esperança de tempos melhores. Já "Fixing A Hole" traz harmonias vocais semelhante das do Beach Boys, rivais em produtividade dos Beatles na época. Tremenda melodia.

Alias, é preciso lembrar que a sofisticação deste disco foi determinante para fazer o Brian Wilson entrar em parafuso, já que, segundo a lenda, ele não conseguiu superar as inovações de seus "rivais". Essa percepção foi compartilhada por outros artistas, vide os Rolling Stones, que por sua vez abandonaram a psicodelia e se concentraram no rock n' roll básico que faziam tão bem. Ou seja, para um lado ou para o outro, Sgt. Pepper's foi indiscutivelmente influente.

O disco contém a mais famosa canção dos Beatles cantada por Ringo Starr, a simpática "With A Little Help From My Friends", posteriormente foi regravada com enorme sucesso pelo Joe Cocker. 

Outra faixa mitológica é a, ora singela balada (linda melodia), ora cacofônica (com direito a enorme orquestra de 41 músicos), "A Day In The Life", de final perturbador, com direito a um imenso acorde de piano em looping e frequências sonoras humanamente não perceptíveis. Tudo isso gravado em apenas 4 canais. Mérito do produtor/arranjador George Martin.

A famigerada influência de música indiana do George Harrison é entregue na delirante "Within You Without You". Sua letra hindu e uso de instrumentos como tabla e sítar ainda hoje soa exótico. Mais ocidental, embora não menos interessante, é o elaborado arranjo orquestrado de "She's Leaving Home", de beleza e genialidade absoluta.

O disco ainda tem espaço para a circense/psicodélica "Being For The Benefit Of Mr. Kite", a vaudeville "When I'm Sixty-Four", o pop perfeito com ótima linha de baixo nomeado "Lovely Rita" e a bateria insana do Ringo em "Good Morning, Good Morning", todas de autoria da dobradinha Lennon/McCartney.

É importante lembrar que o compacto contendo "Penny Lane" (que linha de baixo!) e a delirante "Strawberry Fields Forever" (dona de engenhosa manipulação de velocidade do áudio) foi lançado pouco antes do disco, sendo ambas frequentemente integradas dentro do contexto do Sgt. Pepper's. 

Sem dúvida um dos mais importantes documentos da cultura pop de todos os tempos.

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