segunda-feira, 5 de novembro de 2012

TEM QUE OUVIR: Roberto Carlos - Roberto Carlos Em Ritmo De Aventura (1967)

Que o Roberto Carlos é um dos maiores personagens da música brasileira ninguém ousa questionar. Entretanto, suas composições, em grande parte datadas (no mal sentido), não atraem muito dos jovens da minha geração - nascidos pós 1990 -, que conhecem ele basicamente pelo seu terrível especial de fim de ano na TV Globo. Mas a prova de que ele é artisticamente relevante - além de extremamente bem sucedido - está em sua discografia entre os anos de 1963 e 1974, sendo a trilha sonora Em Ritmo De Aventura (1967) a ponte de ligação entre o rock da Jovem Guarda com seu som mais soul/romântico.


O disco começa com a dobradinha Roberto/Erasmo na composição da emblemática "Eu Sou Terrível", uma das canções do álbum que melhor traduz a energia da Jovem Guarda. Já seu romantismo cafona em "Como É Grande O Meu Amor Por Você" traz consigo um sucesso tão longínquo que a torna de simplicidade/genialidade invejável.

O pop perfeito aparece em "Por Isso Corro Demais", com destaque para ótima linha de baixo do PCB (Paulo César Barros). Outro músico importante que toca no disco é o tecladista Lafayette, que através do seu órgão Hammond criou timbres característicos da época, influenciando posteriormente bandas como Garotas Suecas e Autoramas. As músicas "Você Deixou Alguém Esperar" e "De Que Vale Tudo Isso" estão entre seus grandes momentos.

A voz delicada de Roberto Carlos em "Folhas de Outono" é exatamente oposta a interpretação energética da ótima "Quando", mais uma vez com irretocável linha de baixo do PCB, além de metais influenciados pela soul music. Um espetáculo!

Quando o assunto é rock brasileiro, poucas músicas desta época superam a espetacular "Você Não Serve Pra Mim", com direito a um riff emblemático carregado de fuzz tocado pelo guitarrista Renato Barros, irmão do PCB e líder do Renato e Seus Blue Caps.

O disco ainda revela o arranjo espetacular - e um tanto quanto psicodélico -, de "E Por Isso Estou Aqui"; a ingenuidade divertida de "O Sósia" e a simpática "Só Vou Gostar de Quem Gosta de Mim", mais uma vez com ótima performance do Lafayette.

Acho plausível esse pé atrás que as gerações mais novas tem com Roberto Carlos. Todavia, o preconceito torna-se bobagem a partir do momento que existe fácil acesso aos antigos trabalhos do cantor. Roberto Carlos Em Ritmo De Aventura é não só um ótimos disco, mas também um clássico da música pop brasileira.

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