quarta-feira, 7 de novembro de 2012

TEM QUE OUVIR: Neu! - Neu! (1972)

Eu admito: existem álbuns tão importantes que eu faço uma força extra para gostar. Não que sejam ruins, mas também não são fáceis de assimilar. É exatamente esse o caso da estreia do Neu!.


A verdade é que não da para desprezar um trabalho que influenciou Iggy Pop, David Bowie, Brian Eno, Thom Yorke e todo o pós-punk, ainda que esses tenham sido alguns dos poucos compradores do disco, um fracasso comercial retumbante.

Para quem não sabe, o Neu! foi das mais importantes bandas alemãs de krautrock, uma vertente mais experimental, hermética e eletrônica do rock progressivo, influenciada diretamente por artistas de vanguarda, como o compositor Stockhausen.

O grupo tem em sua formação dois dissidentes do Kraftwerk: Michael Rother e Klaus Dinger. Além disso, o álbum conta com o engenheiro de som Conny Plank, uma lenda obscura da cena krautrock.

A faixa de abertura, a longa "Hallogallo", dona de um hipnótico ritmo - o difundido motorik -, traz um minimalismo típico do que viria ser o pós-punk, remetendo diretamente ao Joy Division. Já a espacial "Sonderangebot" lembra em alguns momentos a trilha sonora do filme Laranja Mecânica, feita pela Wendy Carlos no mesmo ano.

"Weissenssee" é um rock progressivo-psicodélico na linha do Pink Floyd, capaz de promover intensas viagens astrais.

A perturbadora peça "Jahresübersicht" - dividida no disco em três partes -, causa as mais diversas percepções no ouvinte, ora de calmaria e reflexão (vide "Part I - Im Glück"), ora de espasmos sonoros mecânicos (vide "Part II - Negativland"). Independente de qual sensação provoque, o grupo sempre abre mão das convenções óbvias do rock, desafiando (e libertando) o ouvinte para novas linguagens.

A ousadia estética da banda fez de Neu! um dos grandes lançamentos da época. Eis uma obra que vale a insistência auditiva.

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