Na segunda metade da década de 1960, poucos grupos foram tão importantes quanto o Cream. Formado pelo baixista/vocalista Jack Bruce, o baterista Ginger Baker (ambos ex-The Graham Bond Organisation) e o guitarrista/vocalista Eric Clapton (ex-Yardbirds e ex-John Mayall & The Bluesbreakers, um já "Deus" na Inglaterra), a banda definiu a linguagem compacta e explosiva de power trio. Disraeli Gears (1967), produzido pelo Felix Pappalardi, é a amostra perfeita da amplitude sonora do grupo.
Logo na faixa de abertura do disco, a espetacular "Strange Brew", já fica explicita a cadência bluseira tocada com pegada rockeira e aura psicodélica que o trio propõe.
A clássica "Sunshine Of Your Love" vem na sequência, trazendo um poderoso riff pré-hard rock e heavy metal. O groove tribal do Ginger Baker é matador, tornando-se ainda mais hipnótico quando tocado ao vivo, momento em que o Cream mostrava toda sua ferocidade quase jazzistica em longas improvisações.
A psicodelia flui com naturalidade em músicas como "World Of Pains" - linda melodia, refrão acachapante! - e "Dance The Night Away", ambas com linhas de baixo soberbas. Já em "Tales Of Brave Ulysses" é Eric Clapton que brilha com seu fraseado bluseiro e timbre distorcido temperado com wah-wah. Tais características aparecem também em "Take It Back".
O peso acachapante do trio salto aos ouvidos nas faixas "SWLABR. (She Was Like A Bearded Rainbow)" e "Outisede Woman Blues", ambas donas de riffs poderosos e bateria estrondosa.
Com as músicas e capa do álbum condizentes com o clima flower power do movimento hippie, as qualidades do Cream logo foram percebidas pelo público. Todavia, a banda durou pouco, sendo Disraeli Gears o principal registro do trio.
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