Em 1992, o peso instrumental e lírico da cena grunge já tinha dado as caras. O Alice In Chains, que já havia lançado um bem sucedido trabalho de estreia, se aperfeiçoou ainda mais nas composições do álbum Dirt, aquele que para muitos é o melhor disco do movimento de Seattle.
Aqui as composições são ainda mais intensas e tragicamente encantadoras. "Them Bones" abre o disco com o Jerry Cantrell provando o porquê de ser considerado um dos principais guitarristas da sua geração. Seu vocal harmonizado com o de Layne Staley também é especial, sendo uma das grandes qualidades do grupo.
"Dam That River" repete o feito, desta vez o com Layne abusando da sua potente voz num refrão pesadíssimo. É preciso destacar também o subestimado baterista Sean Kinney, sempre incisivo em suas levadas.
As letras de "Rain When I Die", "Sickman", "Junkhead" e "Dirt", todas empacotadas num instrumental denso, tratam explicitamente do tormento mental do vocalista, na época afundado no vicio em heroína, o que acabou tirando sua vida 10 anos depois. Esse tom confessional e depressivo foi descrito pela Spin Magazine como "uma forma de cortar o próprio corpo e deixar que os ouvintes olhem dentro". A estranha, pesada e, até mesmo, funkeada "God Smack" é tão doentia que vende a "diversão" da heroína em seu refrão paranoico.
Mas o álbum não rodeia apenas o vício de Layne. A belíssima "Rooster", por exemplo, foi escrita para o pai do Jerry Cantrell e trata da Guerra do Vietnã. Já "Iron Gland" é uma piada que surge no meio do disco - sem ser creditada - em homenagem ao Black Sabbath e com participação do Tom Araya (Slayer).
"Hate To Feel" e "Angry Chair" repetem o peso avassalador e mórbido das músicas anteriores, sempre se mantendo criativo nos riffs e na estrutura das composições.
A depressiva "Down In A Hole", seguida do hit "Would?", com ótima linha de baixo do Mike Starr - curiosamente/tristemente também morto por overdose de heroína - completam esse excelente álbum, intenso e sincero como poucos.
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