segunda-feira, 2 de abril de 2012

TEM QUE OUVIR: Big Star - #1 Record (1972)

O disco #1 Record (ou No. 1 Record, Number 1 Record) é daqueles discos que dariam um filme. Lançado em 1972 pelo Big Star, não conquistou sucesso algum, apesar das boas criticas. Isso se deu em grande por problemas de distribuição do selo Ardent, naquela altura recém comprado pela Stax. Entretanto, tanto o álbum quanto o grupo ganharam status cult, tornando-se influência para diversas bandas do rock alternativo.


A rockeira "Feel" abre o disco com riff certeiro, energia glam rock e belo refrão. É a voz esganiçada do Chris Bell dita o rumo da canção. Outras faixas mantém o mesmo espírito, vide a espetacular "Don't Lie To Me". 

No entanto, o que predomina no trabalho são canções de power pop. Alias, o álbum contém muitas das melhores baladas já registradas no rock, como por exemplo a estupenda "The Ballad Of El Goodo". Que refrão, que melodia, que belo arranjo de vozes e guitarras/violões!

Embora pouco lembrado, o excelente compositor/guitarrista/vocalista Alex Chilton criou uma das maiores escolas de guitarra. Seu fraseado e a sonoridade do instrumento na empolgante "In The Street" remete a diversas bandas oitentistas, dentre elas o R.E.M. e o The Replacements. A canção foi regrava pelo Cheap Trick e popularizada décadas depois via That 70's Show. Mais um excelente refrão.

O talento para criar harmonias e melodias vocais lindas fica explicito na acústica "Thirteen". É de chorar. Já em "The India Song" é possível notar a forte influência dos Beatles, ainda que sendo uma das poucas canções não escrita pela dobradinha Chris Bell/Alex Chilton, uma dupla tão especial quanto Lennon/McCartney, embora inegavelmente muito menos influente e produtiva. Comparação polêmica? Que seja!

O lado B do vinil começa com a pérola rockeira "When My Baby's Beside Me", seguida do arranjo recheado de guitarras, violões e piano da excelente "My Life Is Right". As baladas "Give Me Another Chance", "Try Again" e "Watch The Sunrise" expõem em suas letras os sentimentos mais profundos de mágoa e depressão que atordoavam Chris Bell. Todas redundantemente de arranjos sublimes com toque de música folk.

Os violões e vocais espetaculares à la Beatles na curta "ST 100/6" fecham esse grande trabalho, influente como poucos, mas que ainda assim precisa ser descoberto pelo grande público. Por trás do fracasso comercial e de uma história melancólica - principalmente envolvendo a morte prematura de Chris Bell -, havia uma tremenda banda.

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