terça-feira, 13 de dezembro de 2011

TEM QUE OUVIR: Death - Symbolic (1995)

É difícil explicar a importância do Chuck Schuldiner e do Death para quem não está familiarizado com o metal extremo, mais precisamente o death metal. Sendo assim, recomendo apenas a audição daquele que é um dos melhores discos de metal de todos os tempos, independente dos subgêneros. Estou falando do Symbolic (1995) do Death.


O Death tem grandes álbuns, dentre eles o impecável Individual Thought Petterns (1993). Mas tenho uma ligação afetiva com o Symbolic. Lembro de ver a capa deste CD na coleção de dois dos meus antigos professores de guitarra, curiosamente um ligado a música country e outro ao jazz. Sendo assim, ficava intrigado com o quê aquela capa medonha fazia ali no meio. Logo que tive acesso a download de músicas, esse foi um dos primeiros discos que fui buscar. Daí pra frente é a mesma história com todos que já ouviram o álbum, um misto de surpresa e empolgação ao escutar faixas extremamente pesadas, mas com uma fluência natural, sem apelar para conceitos musicais caricatos, praga que parece infestar o metal extremo.

Logo na abertura do álbum temos a inacreditável faixa titulo "Symbolic". O riff inicial de Chuck é agressivamente cadenciado. A bateria do Gene Hoglan ainda hoje é referência de como soar criativo. Em tempos onde a bateria do death metal se resume a blast beats descontrolados numa velocidade intragável e milimetricamente editado, Gene Hoglan surge com levadas com referência de jazz, embora sempre com uma pegada fortíssima, característica presente ainda com mais nitidez na impressionante "Zero Tolerance".

Em "Empty Words" o vocal gutural de Chuck, estilo de cantar que caracterizou o death metal, é feito com maestria. Mesmo sua voz soando extremamente rasgada, é possível entender perfeitamente o que ele fala, o que nem sempre acontece no estilo. As letras de Chuck fogem das criticas óbvias ao mundo. Ainda quando trata da alienação da humanidade perante religiões, faz isso com uma sensibilidade poética espantosa. 

"Sacred Serenity" é tecnicamente impecável, chegando a flertar em alguns momentos com o metal progressivo. Passagens melódicas com guitarras limpas transcendem o gênero. Já em "1,000 Eyes" é possível enxergar a base para várias bandas posteriores, dentre elas o Children Of Bodom.

O talento como compositor de Chuck é perceptível também em seus solos, vide "Without Judgment", onde a influência de música barroca é nítida. Já no que se refere aos riffs, poucas músicas superam a clássica "Crystal Mountain" e seus timbres limpos de guitarra em acordes dissonantes, mais uma vez guiados pelas viradas entorpecidas do Gene Hoglan. 

Um fator que também chama atenção no disco é a qualidade da produção. O timbre do baixo e do bumbo formam uma massa sonora bastante encorpada em faixas como "Misanthrope". Mas quem fecha o álbum é a progressiva e extremamente complexa "Perennial Quest", inclusive de final bastante climático e viajante.

Concordo que a audição do disco não é das mais fáceis, afinal, além do death metal ser um estilo de características incisivas, os arranjos do Death exigem atenção. Todavia, quebrada assa primeira barreira, fica fácil adorar o Symbolic.

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