sábado, 10 de setembro de 2011

TEM QUE OUVIR: Som Nosso de Cada Dia - Snegs (1974)

Que o Brasil é um país que não valoriza sua história é de comum acordo. No rock, estilo que sofreu com a repressão da ditadura militar, não tendo seus artistas valorizados sequer no presente, a coisa só piora. Todavia, alguns discos gravados na época sobrevivem em pequenos nichos, é o caso de Snegs (1974), obra-prima do Som Nosso de Cada Dia, produzido pelo Pena Schmidt.


Formado por Manito (um multi-instrumentista brilhante, que fez sucesso na Jovem Guarda com Os Incríveis), Pedrão Baldanza (baixo e voz) e Pedrinho (bateria e voz), o grupo chegou ao ápice do rock progressivo em terras tupiniquins. O prestigio foi o suficiente para levá-los à banda de abertura no lendário show do Alice Cooper no Brasil em 1974.

A faixa que abre o Snegs é a brilhante "Sinal da Paranoia", dona de maravilhosa introdução com viradas poderosas de bateria, letra surreal, ótima linha de baixo, além dos teclados pesados do Manito, que dispensam a presença de guitarra. O esquisito solo de violino também chama atenção.

"Bicho do Mato" é dos melhores rocks já gravados no Brasil. A acachapante introdução guia o ouvinte para um refrão pegajoso. Alias, introduções frenéticas é uma das qualidades do grupo, fato que fica evidente na espetacular "Som Nosso de Cada Dia", um hino do rock progressivo brasileiro, cantado com paixão poucas vezes vista no rock nacional.

A viagem do disco é garantida na bela e incompreensível (ao menos para mim) "Snegs de Biufrais", uma das mais bonitas canções do estilo.

"Massavilha" é considerada por muitos a melhor música do rock progressivo brasileiro. Não é para menos, já que seu groove é excepcional, os teclados são alucinantes e a profundidade poética faz qualquer fã do gênero entrar em êxtase.

A audácia das composições e o cuidado nos arranjos chegam a perfeição na climática "Direccion de Aquarius" e na virtuosa "A Outra Face", onde Manito comprova suas qualidades tocando magistralmente diversos teclados. Isso sem falar na performance swingada e tipicamente brasileira da cozinha do grupo.

Encerrando o álbum temos a emblemática "O Guarani", composição do Carlos Gomes executada primorosamente pela banda.

Eis um dos grandes momentos rock progressivo mundial. Um prato cheio para quem gosta de canções bem executas e melodias de beleza instigante.

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