sábado, 27 de agosto de 2011

TEM QUE OUVIR: Stevie Ray Vaughan and Double Trouble - Texas Flood (1983)

O blues pode ser considerado a gênese da música popular americana. Suas raízes está no canto dos escravos do final do século XIX, justamente nas plantações de algodão do Delta. Tendo isso em mente, apontar o Texas Flood (1983) do Stevie Ray Vaughan como um clássico do gênero pode parecer um absurdo, mas não é.


Acontece que o sucesso comercial do álbum de estreia do SRV foi tão grande que revigorou o estilo. Até mesmo o veterano B.B. King chegou a ressaltar que só foi realmente ganhar dinheiro após o surgimento do guitarrista texano. 

Por influência do irmão Jimmie Vaughan, Stevie despontou na cena local do Texas, mas logo estava se consagrando mundialmente ao lado do David Bowie no disco Let's Dance (1983). Misturando o blues de Albert King com o rock vigoroso de Jimi Hendrix, o guitarrista texano abriu as portas para surgimentos de novos guitarristas de blues, vide o Robert Cray, desencadeando até hoje em caras como John Mayer.

A primeira faixa do Texas Flood é "Love Struck Baby", um rockabilly esperto, vitaminado pela cozinha formada por Chris Layton (bateria) e Tommy Shannon (baixo), que juntos de SRV formaram um dos maiores power trios de todos os tempos.

O timbre quente da Fender Stratocaster fala alto no shuffle da clássica "Pride And Joy" e na rockeira "I'm Crying", músicas que deixam evidentes a influência do também texano Johnny Winter. Já em "Mary Had A Little Lamb", SRV usou o famoso conto infantil para prestar sua homenagem ao ídolo Buddy Guy.

A música "Texas Flood" é umas das mais famosas canções do artistas. Ela expõem o talento do guitarrista como improvisador e evidencia sua expressiva voz. A paulada continua na animada "Tell Me", na ritmicamente maluca "Testify" e na velocidade esquizofrênica de "Rude Mood", onde as qualidades técnicas e interpretativas de SRV chegam ao absurdo.

"Dirty Pool" é um canção triste dona de guitarra base impressionante. A intuição harmônica extrapola os limites do blues na bela "Lenny", música essa que Steve Vai certamente implementou ao seu vocabulário bluseiro. E assim acaba um dos mais brilhantes discos já feito por um guitarrista, onde a guitarra está a serviço exclusivamente da música.

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