terça-feira, 14 de junho de 2011

TEM QUE OUVIR: The Smiths - The Queen Is Dead (1986)

É difícil encontrar quem negue que The Queen Is Dead (1986) é a obra-prima do Smiths. Ainda que a banda já tivesse conquistado público e crítica com os discos anteriores, vide o ótimo Meat Is Murder (1985), foi neste terceiro trabalho que eles alcançaram o mais alto patamar, tanto no que diz respeito ao sucesso comercial, quanto na qualidade das composições e interpretações.


O álbum começa assombrosamente com "The Queen Is Dead", um ataque frontal (e sofisticado) a família real inglesa. A influência do pós-punk e Velvet Undergroud fica bastante evidente, assim como a ótima linha de baixo de Andy Rourke e a bateria tribal de Mike Joyce.

"Frankly, Mr. Shankly" a primeira audição parece um quase "reggae" inofensivo, mas retrata o problema da banda dentro do selo que lançava seus discos, sendo Geoff Travis (dono da Rough Trade) o tal do Shankly. 

Uma das melhores faixas do disco é a espetacular "Bigmouth Strikes Again", com sua letra perturbadora e todas as qualidades do ótimo guitarrista Johnny Marr sendo evidenciadas, vide a levada contagiante de violão, a inteligente abordagem harmônica e o timbre cristalino.

Grandes sucessos do grupo preenchem a obra, vide a boa "The Boy With The Thorn In His Side", que contém uma interpretação emblemática de Morrissey, principalmente no que diz respeito ao seu timbre peculiar, vibratos e divisões rítmicas/silábicas inusitadas. 

Outro hit é a linda "There Is a Light That Never Goes Out", dona de um dos melhores refrões da música pop, baixo imponente e arranjo majestoso. Clássico!

As qualidades de letrista do Morrissey se estendem na impecável "I Know It's Over", na depressiva "Never Had No One Ever" e na agitada "Cemetry Gates". Todas introspectivas, cerebrais e confessionais.

O clima rockabilly aparece na divertida "Vicar In A Tutu". Já a intrigante "Some Girls Are Bigger Than Others" é um bom exemplo da visão de Johnny Marr ao abordar harmonias aparentemente simples, mas pontualmente sofisticadas. Total jingle-jangle (ou jangle pop).

The Queen Is Dead não é superestimado. O álbum merece a devida atenção que há décadas a crítica vem apontando. Através dele é possível entender não só o pós-punk e o indie rock, mas todo o rock inglês. Influência direita do Stone Roses ao Arctic Monkeys.

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