terça-feira, 24 de maio de 2011

TEM QUE OUVIR: Bob Dylan - The Freewheelin' Bob Dylan (1963)

É possível reconhecer o Bob Dylan como o maior compositor da música popular do século XX. Com sua voz de taquara rachada, um violão e uma gaita, foi capaz de criar narrativas inesquecíveis, muitas delas presentes no espetacular The Freewheelin' Bob Dylan (1963).


Sem dúvida, Dylan tem discos incríveis por toda sua extensa carreira, mas esse álbum se destaca inicialmente pelo simples fato de ter sido o primeiro só com composições de sua autoria. É a música folk em sua melhor forma, ainda longe das guitarras que os fãs conservadores de Newport tanto repudiariam.

O disco abre com a genial/emblemática "Blowin' In The Wind", canção que virou hino de uma geração que lutava pelos direitos civis. Sua voz anasalada, os suaves acordes do violão, a melodia da gaita e a poética da letra já seriam o suficiente para considerar esse disco um clássico, mas o que vemos a seguir é uma repetição de sua excelência artística.

A belíssima "Girl From The North Country" é de fazer qualquer um coçar a cabeça e se perguntar como é possível um jovem de 22 anos ter composto algo tão singelo e maravilhoso. Em compensação, "Masters Of War", com sua letra amarga e cheia de fúria, traz um peso inacreditável para uma canção que contém apenas violão e voz.

"Down The Highway" é um espetacular blues dopado, enquanto "Bob Dylan's Blues" é um típico folk cheio de gaitas e narrativa bem humorada, característica fundamental no seu trabalho, embora muitas vezes ignorada pelo público.

A longa "Hard Rain's A-Gonna Fall" mostra um Dylan ainda jovem, mas com desenvoltura para escolher palavras. "Don't Think Twice, It's All Right" é a canção que contém o violão mais bem arranjado e executado, enquanto as bases minimalistas de "Bob Dylan's Dream", "Oxford Town" e "Talking World War III Blues" servem exclusivamente para musicar as suficientemente espetaculares letras, que por si só já valem as canções.

"Corrina, Corrina" é uma bela balada caipira e tranquila, para ouvir olhando o pôr do Sol e batendo o pé no ritmo da percussão e do baixo. A intensidade acelera com a frenética "Honey, Just Allow Me One More Chance" e termina com chave de ouro com a boa "I Shall Be Free".

Esse disco emblemático não exige empenho do ouvinte, apesar das letras espetaculares e bem estruturadas. Isso porque as músicas correm em um ritmo envolvente, que nos transporta a um lugar tranquilo, apesar da época conturbada em que o trabalho foi gravado. Um álbum esplêndido de um jovem compositor ainda no inicio da carreira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário