quarta-feira, 3 de abril de 2019

Trilogias na música

Não sei se a culpa é do O Poderoso Chefão, Star Wars ou o que for, mas fato é que existe uma aura mítica envolto as trilogias. Sendo assim, elas também foram transportadas para a música.

Sem nenhuma pesquisa, descompromissadamente, listarei as maiores trilogias da música. Algumas involuntárias, outras propositais. O que vale é a brincadeira e os bons sons. Deixem as suas prediletas nos comentários.


Ronnie Von
Os hoje cultuados três LPs psicodélicos do Ronnie Von (Ronnie Von 1969, A Misteriosa Luta... e Máquina Voadora) praticamente deram o prestigio musical que o Ronnie havia perdido. Clássicos interessantíssimos do rock brasileiro.

Brockhampton
Trilogia na essência. Três discos com o mesmo nome (Saturation I, II e III) lançados no mesmo ano (2017). Álbuns que fizeram do grupo "a melhor boy band desde One Direction". É o rap em seu estado mais divertido, jovem e bem humorado, embora sem abandonar as produções encorpadas. Acho bem legal. Um exemplo de que a ideia de trilogia continua viva.

Tom Waits
No início da década de 1980, o Tom Waits deu novo rumo a sua carreira. Foi para a Island, começou se auto-produzir e encarnou o artista que o conhecemos hoje, de sua voz rouca, profunda e lirismo bizarro/mórbido. Swordfishtrombones (1983), Rain Dogs (1985) e Frank Wild Years (1987) servem de representação máxima desta linguagem.

Blackfoot
Um clássico entre os rockeiros bebedores de cerveja quente. A ótima Trilogia dos Animais do Blackfoot, que deu ainda mais peso ao seu hard rock sulista através dos discos Strikes (1979), Tomcattin' (1980) e Marauder (1981).

Wire
Três discos em três anos, para logo depois um longo silêncio. Os três primeiros álbuns do Wire são clássicos do punk rock, simples assim.

Beyoncé, Jay-Z e The Carters
Em 2016 a Beyoncé lança o excelente Lemonade, onde expõe as traições do seu marido. Em 2017 o Jay-Z assume a culpa e pede desculpas no ótimo 4:44. Em 2018 ambos celebram a união através do surpreendente Everything Is Love, assinado como The Carters. Se isso não é uma trilogia confessional dentro do pop contemporâneo, eu já não sei mais o que é.

Gong
De uma banda de difícil e longa carreira, a trilogia Radio Gnome Invisible acaba sendo a melhor amostra da criatividade sonora deste grupo, ora progressivo, ora psicodélico, ora espacial.

Caetano Veloso
A trilogia "rocker"/indie do Caetano, lançada com os jovens músicos da Banda Cê. Definitivamente uma revigoração artística que deu novos frutos em termos de público. Se o Cê (2006) está entre os melhores álbuns do artista, o Zii e Zie (2009) é um dos mais inventivos e o Abraçaço (2012) é bem bom.

Gilberto Gil
A "trilogia Re" é o último grande momentos na discografia do Gilberto Gil (posteriormente tiveram bons, mas não neste nível) e um dos melhores momentos da música popular brasileira. Ainda hoje não decidi se gosto mais do Refazenda (1975), Refavela (1977) ou Realce (1979, que já cheguei a não gostar, mas hoje adoro). Vale lembrar que também em 1977 ele lançou o Refestança, mas esse era um disco ao vivo ao lado da Rita Lee & Tutti Frutti, então não entra na conta.

The Cure
18 anos e diversos trabalhos no meio separam Pornography (1982) do Bloodflowers (2000), que juntos do Disintegration (1989) formam a trilogia mórbida do The Cure. Símbolo máximo do rock gótico. Embora exista uma inevitável queda de qualidade, os três discos são ótimo. Na verdade os dois primeiros são irretocáveis.

Metallica
Desde sempre escuto a frase "gosto do Metallica, mas do Metallica antigo!". E o que seria o "Metallica antigo"? Os três primeiros discos, os únicos com a presença do lendário Cliff Burton. É uma trilogia involuntária, tendo em vista que não daria para prever a morte do baixista. Os álbuns nem se parecem entre si, sendo o Kill Em' All (1983) muito mais tosco quando se comparado ao clássico Master Of Puppets (1986). Vale registrar que a "rendição" da banda ao mainstream se deu logo depois, visto que "One" do álbum seguinte foi a primeira faixa do grupo a ganhar vídeo-clipe. Uma concessão imperdoável para os velhos fãs thrashers.

Neil Young
Ditch Trilogy, a trilogia fundo do poço do Neil Young, onde tragédias pessoais interferiam no seu processo criativo. O resultado é algumas das suas mais belas canções. Time Fades Away (1973), On The Beach (1974, meu predileto desta fase) e Tonight's The Night (1975) formam a trilogia.

King Crimson
A banda liderada pelo Robert Fripp pareceu prever o atropelo do punk rock ao progressivo e saiu de cena antes do fato. Quando voltou anos depois, já estava inserida em outro contexto, com Fripp tendo trabalhado do David Bowie ao Damned. Bill Bruford se manteve com as baquetas, mas agora se apropriando também de baterias eletrônicas. Completando o time estava o Tony Levin - que tocava com o Peter Gabriel e definiu a linguagem do chapman stick - e o vocalista/guitarrista Adrian Belew, que já vinha causando ao lado do Frank Zappa e Talking Heads. Com essa formação lançaram a trilogia das cores, que inclui o clássico Discipline (1981) e os ótimos Beat (1982) e Three Of A Perfect Pair (1984), respectivamente os álbuns vermelho, azul e amarelo. A melhor banda do progressivo a se aderir à new wave.

Bob Dylan
Quando o Bob Dylan causou polêmica entre os mais conservadores ao eletrificar seu som, ele também colocou no mercado três discos emblemáticos que rapidamente fizeram a poeira baixar. São eles Bringing It All Back Home (1965), Highway 61 Revisited (1965) e Blonde On Blonde (1966). Para muitos é o auge do Bob Dylan. Marco na música popular do século XX.

David Bowie
A famigerada Trilogia de Berlim. Dois dos seus melhores discos (Low e "Heroes", ambos de 1977 e já presentes do TEM QUE OUVIR deste humilde blog) e um outro muito bom (Lodger, de 1979). Dispensa apresentações, então vou poupar palavras. Caso não conheça, vá ouvir agora!

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