quarta-feira, 15 de junho de 2011

Indecente, humorado e bocudo, mas sem perder o lirismo

A música popular, independente da época e região, sempre abusou de frases de duplo sentido, ironias, obscenidades, palavrões e outros artifícios naturais de expressão. Entretanto, o que era pra ser engraçado, atrevido e espontâneo, virou mera baixaria gratuita.

Quero deixar claro que digo isso sem qualquer vestígio de moralismo. O meu problema é fundamentalmente estético. Não acho que fatores sociais justificam estereótipos meramente mercadológicos em detrimento da arte em si.

Pensado nisso, venho aqui exemplificar artistas que fazem/fizeram uso deste tipo de linguagem sem soar rasteiro. Mesmo que algumas músicas tenham palavras ditas de baixo calão, elas são usadas com naturalidade, somando ao vocabulário dito formal. Portanto, abandonem qualquer tipo de hipocrisia e curtam as músicas abaixo.

"Boceta de Rapé"
O Brasil sempre teve o duplo sentido dentro de sua música. É bom lembrar que dentre as primeiras gravações feitas em terras nacionais, ainda nos tempos da Casa Edison, estava a curiosa "Boceta de Rapé".

Camisa de Vênus
Já vi o João Gordo dizendo que ficou espantando quando ouviu um disco do Camisa de Vênus e percebeu os inúmeros palavrões. E embora fazendo uso do baixo calão, ninguém pode acusar o Marcelo Nova de não ser um grande letrista.

Raimundos e Zenilton
Ainda que quase um século depois da "Boceta de Rapé", os Raimundos foram um dos principais responsáveis por naturalizar o uso de duplo sentido, palavrão e gírias na música brasileira. Esse lirismo coloquial fica ainda mais genuíno e hilariante através da participação do Zenilton. Escute a excepcional "Cajueiro" e perceba.

Mamonas Assassinas
Na cola do êxito comercial dos Raimundos surgiu os Mamonas Assassinas. Colocando o humor como prioridade, eles criaram boas músicas coerentes com a proposta inicial.

"Weird AI" Yankovic
Obviamente, a malícia não é qualidade exclusiva dos brasileiros na hora de compor. O rei das paródias "Weird AI" Yankovic abusa de expressões coloquiais humoradas para fazer versões de clássicos da música pop. Dentre elas está a engraçada "Fat", paródia feita para "Bad" do Michael Jackson. 

Beastie Boys
O hip hop sempre foi um gênero polêmico no que diz respeito as letras. Mas a coisa ficou mais séria quando três branquelos gravaram um disco de rap falando sobre baboseiras juvenis. Pior ainda foi a reação das pessoas quando o disco foi parar no 1º lugar da Billboard, feito este inédito na época para o estilo. Mas apesar das letras serem "idiotas" (no bom sentido), as músicas eram excelentes, vide a fantástica "(You Gotta) Fight For Your Right (to Party)".
 

N.W.A. - Fuck Tha Police
Nada melhor que um sonoro "foda-se" diante das injustiças sociais sofrida pelos negros. Não preciso nem dizer que o FBI não gostou nenhum um pouco, né. Clássico do hip hop!

The Doors - Light My Fire
Hoje é corriqueiro na música falar sobre ficar "doidão", mas quando os Doors sugeriu isso em em "Light My Fire" ao vivo para todo os EUA, eles foram banidos do Ed Sullivan Show, um dos principais programas televisivos da época.

Prince - Darling Nikki
Prince não poupou explicites ao escrever "Darling Nikki". Ao que consta, a letra revoltou diversas mães representantes da "moral e bons costumes".

Cannibal Corpse - Hammer Smashed Face
Para finalizar, um clássico do metal extremo que fala por si só. Motivos não faltam para estar aqui. Sensacional.

Deixem nos comentários outras músicas desbocadas.

Um comentário: