terça-feira, 7 de junho de 2011

TOP 5: A desconcertante sonoridade do rock oitentista

Muitos fãs tradicionais de rock dizem que a década de 1980 foi a década perdida. Bandas de rock progressivo ficaram pasteurizadas, o hard rock tornou-se mais visual que musical, o pop do Michael Jackson monopolizou a industria, grandes bandas dos anos 70 encerraram as atividades (Led Zeppelin, por exemplo) e ícones morreram (John Lennon, por exemplo).

Mas a verdade é que o surgimento do punk e da disco music no final da década de 1970 direcionou o rock para novos caminhos. Dai surgiu bandas que tinham a atitude punk, mas com arranjos elaborados.

Bandas de new wave e pós-punk hoje praticamente não existem (ou estão fora do grande holofote), mas venho aqui lembrar de grandes grupos que fizeram parte e ditaram a sonoridade de uma década vista com maus olhos.

Obs: Evitarei falar de bandas muito óbvias, como o The Cure, Sonic Youth, New Order, Duran Duran, U2, The Smiths, R.E.M., Pixies e Talking Heads. Mas também não revelarei nenhuma banda obscura, portanto, são apenas bandas que valem relembrar.

01 - Killing Joke
Para muitos, o rock oitentista foi muito "dançante". Tal qualidade (eu vejo desta forma) é muito bem representado pelo Killing Joke, onde as levadas de bateria são capazes de contagiar o ouvinte sem o menor esforço. Apesar desta característica, o som do grupo é bastante encorpado, servindo até mesmo de influência para o peso de bandas como o Nirvana. Escute "Eighties" e comprove isso (qualquer semelhança com "Come As You Are" não é mera coincidência). Vale se atentar as letras do enlouquecido Jaz Coleman.

02 - Missing Persons
Missing Persons foi uma banda de new wave formada por músicos da banda do Frank Zappa, dentre eles o espetacular baterista Terry Bozzio e o guitarrista Warren Cuccurullo (que tocou também com o Duran Duran). Os vocais do grupo ficaram a cargo da frenética esposa do baterista, a Dale Bozzio. Sua voz em alguns momentos é bem influenciado pela sonoridade hard rock. Já o instrumental é uma mistura de teclados com timbres típicos do anos 80, guitarras cacofônicas/minimalista e levadas perturbadoras de bateria. Vale notar que o timbre da bateria é bastante orgânico se comparado com as demais bandas da época. 

03 - Bauhaus
De todas as bandas ditas góticas, o Bauhaus é a que eu mais gosto. Surgida da leva pós-punk, a sonoridade do grupo era muito mais mórbida e obscura que as demais. Os timbres eletrônicos, a postura do Peter Murphy e as guitarras berrantes do ótimo Daniel Ash, ainda hoje servem de referência para a compreensão de muitos movimentos que surgiram no rock após os anos 80. Confira o peso espetacular da impactante "Double Dare".

04 - Gang Of Four
O Gang Of Four mescla a porradaria punk com uma dose de insanidade proporcionada pelo esporro barulhento do ótimo guitarrista Andy Gill. Somando isso a figura entorpecida do vocalista Jon King e aos grooves de baixo espetaculares do Dave Allen, o grupo ganhou notoriedade entre as bandas indies surgidas nas ultimas décadas. Vale lembrar que eles também são influência para muito do rock brasileiro da década de 80 (Ira!, por exemplo).

05 - Einstürzende Neubauten
Grupo absurdamente singular. Influenciou muito do que veio a ser conhecido como rock industrial. A força braçal das músicas beira o absurdo. O Blixa Bargeld é um dos maiores criadores da sua geração.

Um dos intuitos deste post é tentar desmistificar a fama de rock pasteurizado dos anos 80, fama essa promovida por estações de rádio como KISS FM, que insiste em sobrecarregar sua programação com algumas chatices oitentistas. A verdade é que o rock em qualquer década sempre foi (e sempre será) muito interessante, cabe ao ouvinte não se guiar por nenhuma grande mídia e usar as ferramentas certas para ouvir música.

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