- Cakes Da Killa x Proper Villains: Muvaland (O por vezes descartável encontro do rap com produções de house também usufrui de raros momentos pegajosos, luminosos, festivos, pulsantes e cheios de groove. É isso que encontramos neste EP. Fora que há rimas abrasivas. Na medida). In Da House
- Caribou: Suddenly (Um tremendo disco pop do já veterano produtor/compositor. Adoro como as canções transitam sutilmente entre o soul, psicodelia e o indietronic, sempre com arranjos bem estruturados, timbres coloridos e beleza aconchegante. Excelente). Home
- Caroline Rose: Superstar (Embora não tenha nenhuma grande novidade (de certa forma é até meio previsível), as referências são tão boas que não consegui ignorar. Para se ter um a ideia, ora remeteu ao Giorgio Moroder, ora ao Tame Impala, ora ao Prince (só para citar três exemplos). Isso tudo com uma performance vocal feminina bastante compatível ao pop atual. Há também bons ganchos. Produção flat, mas ok. Ótimo para atividades do dia-a-dia). Do You Think We'll Last Forever?
- Car Seat Headrest: Making A Door Less Open (Incrível como a voz do Will Toledo está cada vez mais parecida com a do Julian Casablancas. Uma influência óbvia que se manifesta no todo, sendo um ótimo indie rock, bem composto e de instrumental criativo. Nada tão memorável quanto o que ele já fez no passado, mas é normal. Ele perdeu a urgência, mas continua com o nível elevado). Weighlifters
- Caspian: On Circles (Com uma produção bastante clara e encorpada, o post-rock do grupo tende a soar meio pasteurizado. Entretanto, eu gostei da experiência auditiva do disco. Nada muito inesquecivel, mas as composições evoluem muito bem. Para quem ama o gênero é bem recomendável). Collapser
- CESRV: Bela Vista (Neste ótimo EP, o CESRV mostra o porque de ser um dos principais produtores da atualidade. Seus beats esbanja um groove brasileiro que vai muito além da estereotipia. Ótimos samples da soul music nacional dentro de uma estética grime/trap. Tudo muito bem pensado e apontando para o exterior). Sippin
- Charli XCX: how i'm feeling now (Eu já esperava que as faixas não teriam ganchos tão cativantes quanto no espetacular álbum lançado no ano passado. Todavia, ainda há grandes momentos. Para começar, eu adoro a interpretação da Charli. Mesmo no meio de tanto processamento vocal, sua voz mantém a personalidade. Dito isso, a produção convence, embora me pareça menos ousada. As composições, diante do clima de isolamento, retratam uma fase dramática não só para a Charli, mas para todos nós). pink diamond
- Childish Gambino: 3.15.20 (Na contramão do superhit "This Is America", o multifacetado Donald Glover entregou um álbum calcado no pop grooveado, mas com produção sintética crua, beirando o lo-fi. Mesmo o nome e arte gráfica já expõem essa forma "inacabada". Todavia, as composições e a interpretação me soam criativas e cativantes. Tem lindas melodias e arranjos ousados. Ariana Grande e 21 Savage dão as caras). Time
- Chris Stapleton: Starting Over (O que era uma promessa da música country se torna uma realidade. Boas composições de country rock que trazem timbres orgânicos saborosamente lapidados. É bem "coisa de americano", mas funciona para qualquer um que se interesse por classic rock). Watch You Burn
- Christine and the Queens: La Vita Nuova (Um EP pop altamente fixante. Boas melodias, interpretação vocal precisa e climas noturnos/etéreos oitentista. Se por um lado os beats tem timbres magrinhos, há baixos sintetizados grandiosos). People, I've Been Sad
- Chromeo: Quarantine Casanova EP (Um sopro de alegria durante a quarentena. Synth funk e disco music à la Daft Punk, abusando de sintetizadores e vocoders numa produção radiante. As canções são bem legais, explorando groove e carisma. Surpreendente). Clorox Wipe
- Chubby & The Gang: Speed Kills (25 minutos da mais divertida fuleragem rockeira. Execução e timbres cuspidos na cara. Meio punk, meio pub rock. Sujo e alto astral. É o suficiente). Speed Kills
- Citizen Boy: We Are One (Numa breve pesquisa sobre gqom, o gênero eletrônico sul-africano que surgiu na última década, cheguei a esse EP bem legal. Os beats são profundos e espaçados. Há texturas atmosféricas sombrias. Fora que é estranhamente dançante. É um ótimo lado para o techno caminhar). Spaceship
- City Morgue: Toxic Boogaloo EP (A já conhecida fusão toda errada do trap com metal mais uma vez se sobressaí. Não tecnicamente, mas pela energia cáustica. É berrado, dark, os timbres de guitarra são horríveis (provavelmente MIDI), a mixagem é caótica, as composições são excessivamente juvenis... mas sabendo onde se está pisando, dá certo. O fato de serem apenas 18 minutos ajuda. Esporrento medida). YAKUZA
- clipping.: Visions Of Bodies Being Burned (Uma sequência ao ótimo disco do anterior, ainda focado em temas de horror, explorando nosso subconsciente não somente com histórias amedrontadoras, mas também com produções ruidosas e interpretações eufóricas. Há momentos bastante ousados. O hip hop no limite). Something Underneath
- Clown Core: Van (Em apenas 17 minutos, o grupo explora sons eletrônicos confusos em faixas que parecem desconexas instalações de digital hardcore (com pitadas de jazz). É uma maluquice que não cai na chatice, embora entenda que não funciona para todos ouvintes). Computers
- Code Orange: Underneath (Embora apresentando o mesmo vigor e urgência do álbum anterior, esse disco soa mais rebuscado tanto nas composições quanto na produção. Há uma variedade composicional que mescla metalcore, new metal e industrial, proporcionando breakdowns violentos, passagens melódicas e colagens eletrônicas intrincadas. Há também um polimento comercial que soa interessante para um grupo de proposta sonora tão ríspida (vide "Who I Am"). Curiosa evolução). In Fear
- Conde Favela Sexteto: Temas Para Tempos de Guerra (Grupo do ABC Paulista (região onde moro). É um combo instrumental que trafega por diversas facetas do jazz, gerando um som abrasivo, profundo, explosivo, orgânico a antenado a vanguarda da música instrumental mundial. Há improvisos irradiantes). Zaíra 13
- Conway the Machine: From King to a GOD (Um combo de qualidades que, embora não tenha saltado aos meus ouvidos, é regularmente coeso. A produção é ótima (tem uns beats darks bem legais), ele é sem dúvida um rapper talentoso e há inúmeras colaborações atrativas (Method Man, Freddie Gibbs, Benny The Butcher, Westside Gunn). Assim como tudo que tem saído pela Griselda, vale checar atentamente). Front Lines
- Dalai Lama: Inner World (Fui pela atraído "bizarrice" sem esperar grande coisa. Mas não é que achei bem bonito! Timbres cristalinos e climas aconchegantes (meio new-age, meio jazzy) servem aos textos do monge, que aos 85 anos soa com vigor (na medida do possível, claro). Como não poderia deixar de ser, o álbum exala paz. Se for essa a busca, é possível encontra-la). Ama La
- Dan Deacon: Mystic Familiar (Algo como o cruzamento do indietronic com o space rock. Um álbum de sonoridade robusta, que chega a congestionar as frequências. Além disso, há diversos efeitos psicodélicos e arpejos velozes sintetizados que trazem um brilho extra. As composições são boas, mas é o colorido timbristico da produção o grande êxito do trabalho). Bumblee Bee Crown King
- Deafkids / Petbrick: Deafbrick (Quando leio as impressões de quem viu surgir o Ministry na década de 1980, relaciono ao que sinto sempre que ouço um trabalho de Deafkids. Aqui, num encontro com o novo projeto do Iggor Cavalera, o resultado é mais uma vez impressionante. É o encontro de duas gerações do som extremo produzindo algo cáustico, distopico e infernal. Adoro como elementos tribais se somam ao clima de jam, sempre precendindo o esporro. Cruel). Máquina Obssessivo-Compulsiva
- Declan McKenna: Zeros (Jovem inglês com muitas referências do rock setentista num álbum que, por mais pastiche que seja, é divertido. Tem bons arranjos, belas melodias e um colorido glam entusiasmante. Nada muito sério, mas exitoso na proposta). Be An Astronaut
- Deep Purple: Whoosh! (Equivalente ao nível dos últimos lançamentos (talvez um pouco melhor), onde o lendário grupo nem derrapa nem surpreende. É o típico bom disco ao ouvir e esquecível logo na sequência. Mas tá todo mundo tocando muito bem, a produção funciona, a voz do Ian Gillan não chega a atrapalhar... Recomendado somente para os fãs, ou seja, é para mim). Nothing At All
- Deerhoof: Future Teenage Cave Artists (Mais uma vez a banda aposta no "esquisito divertido". Mas entenda, não se trata de repetição da fórmula, mas na incrível capacidade do grupo de produzir canções irrotuláveis de forma livre. Os timbres saturados e "crocantes", combinados com melodias quase infantis, causam uma agradável curiosidade em saber onde essa caceta vai dar. Experimental, torto, psicodélico, noise e garageiro. Dificil e convidativo). "Farawell" Symphony
- Deftones: Ohms (Embora investindo na mesma sonoridade sinteticamente encorpada comum ao grupo desde o espetacular Diamond Eyes (2010), desta vez eles conseguiram reunir composições que fizeram mais a minha cabeça que nos dois discos anteriores. Gostei de muitos dos riffs e das linhas vocais. Boa mixagem). This Link Is Dead
- Denzel Curry x Kenny Beats: Unlocked (Já disse e repito: Denzel Curry é a maior voz do rap atual. Munido das batidas do Kenny Beats a coisa só melhora. EP de 17 minutos com faixas curtinhas que vão direto ao ponto, mas sem abrir mão de uma coerência narrativa, inclusive lançado também em formato filme. A produção é impecável. É dark, pesado, intenso, criativo e dentro da contemporaneidade). Take_it_Black_v2
- Desire Marea: Desire (Um dos álbuns mais sui generis do ano. Sem gênero definido, há o uso de elementos da música tradicional africana em timbres eletrônicos, quase apontando para o uk garage. Fora que é tudo muito grandioso e robusto, alguns momentos até beirando drones (vide "The Void"). A voz do Desire também é bastante singular e profunda. Disco ousado, vanguardista e impactante. Linda capa). Thokozani
- Disclosure: Ecstasy (O duo continua levantando a bandeira da house music através de faixas pop e dançantes. Tudo muito bem produzido e funkeado. Algumas com motivos étnicos. Ótimo EP (inclusive melhor que o álbum cheio também deste ano)). Expressing What Matters
- DJ Desisto: Ride Or Die EP (6 faixas curtinhas que exploram o potencial de amadores Casio SK dos anos 80 em faixas que soam como um ambient lo-fi. Dito isso, impossível não pensar no hypnagogic pop. Legal ver um artista brasileiro trabalhando essa estética). GIF Apocalypse
- Djonga: Histórias da Minha Área (Embora não pire no som do Djonga, eu acho que o trabalho do rapper continua numa crescente. Seu flow e sacadas de texto estão mais refinados, há beats memoráveis e boa produção (mérito também do Coyore Beatz). Entretanto, continuo não gostando de algumas melodias e refrões, principalmente devido a crueza da sua voz. Mas os "momentos de rap" são bem bons. Das suas "capas chocantes", essa é a mais significativa. Positivamente regular). O Cara de Óculos
- Dope Body: Home Body (Embora eu tenha adorado o Kunk, álbum lançado pelo grupo em 2015, eu confesso que não me atentei ao hiato deles. Entretanto, fique feliz com essa "volta" bem no meio da quarentena. E ainda que tenha algumas vinhetas esquisitas que emperram a fluidez do disco (inclusive com pitadas de glitch), as faixas "mais normais" (e ainda assim bem estranhas) são das melhores deste ano quando o assunto é rock. É noise, mas com um apelo indie cativante. Ora intricado, ora "espacial". Os arranjos são bem complexos. Há também camadas de timbres "crocantes" no meio de toda a confusão. Bem legal). Johnny Bag Of Smoke
- Dope Body: Crack A Light (Com uma abordagem muito mais direta, quase garageira (do século XXI, claro), o noise rock nocauteante da banda cresce nos ouvidos de modo avassalador. É visceral, sem abrir mão da criatividade. Adorei a corrosividade dos timbres). Jer-Bang
- Dorian Electra: My Agenda (Que paulada! Tem aquela força eletrônica sintética que traz tão bem a estética futurística ao pop. Grave, distorcido e repleto de arranjos criativos. 25 minutos de uma avalanche intensa e divertida, sem esquecer o engajamento social principalmente no que diz respeito as questões de gênero. Gostei até mais que o debut). Iron Fist
- Dua Lipa: Future Nostalgia (Eu já tinha uma "predileção" pela "pessoa física Dua Lipa". Agora acompanhada de um ótimo repertório, só melhorou. As canções tem uma aura do pop noventista, mas mais funky, noturna e sexy. É como se o Daft Punk produzisse um disco da Kylie Minogue. Fora que tem alguns arranjos de cordas à la ELO (vide "Love Again") e baixos pulsantes. Ótimo disco pop que flui de maneira rápida e empolgante). Levitating
- Duma: Duma (Direto do Quênia, um som vulcânico que emana ruídos eletrônicos para todos os lados. Tem muito de noise, industrial e até mesmo grindcore (nos vocais berrados). Os arranjos esqueléticos e corrosivos vão muito além do que se espera do sons barulhentos experimentais. O resultado é infernal. Boa capa. Surpreendente). Corners In Nihil
- Eternal Champion: Ravening Iron (Confesso que só conheci esse disco porque a Pitchfork fez uma resenha e logo pensei "por que eles tão falando de um álbum de power metal?". E o pior é que achei bem legal. Tá certo que na verdade tem mais de NWOBHM e Mercyful Fate do que power metal (que tem também, inclusive na capa). Na real é um heavy metal tradicional cheio de refrões cativantes, boa performance (principalmente de guitarra) e uma certa ironia. Os timbres guardam uma certa tosqueira oitentista. É bem bacana). A Face In The Glare
- Everything Everything: RE-ANIMATOR (Ainda que não seja o repertório mais inspirado, adoro como a banda faz de seu indie pop uma vertente do rock progressivo (ou ao menos de art rock). Fora que tem belas melodias vocais, um colorido timbristico interessante e certo cuidado na criação rítmica. Já é bastante dentro do cenário indie pop). Lord Of The Trapdoor
- Fabiano do Nascimento: Prelúdio (Assumo minha ignorância ao dizer que não conhecia o trabalho deste brilhante violonista brasileiro. Sua ótima técnica está a serviço de composições que trazem calmaria através de belas paisagens sonoras. Tem muito da herança do violão popular brasileiro, mas sem se prender ao passado). Tributo
- Febem / Fleezus / CESRV: BRIME! (O funk e o grime unidos neste EP que explora a música urbana jovem brasileira com aprimoramento técnico. Bons beat e flow variado. Divertido). RADDIM
- Fra Fra: Funeral Songs (Réquiem do terceiro mundo. Canções fúnebres tradicionais da Gana acompanhadas somente de kolologo e cabaças. Há vocalizações bem impressionantes. Música profunda, espiritual e genuína). You Can't Escape Death
- Frances Quinlan: Likewise (Após brilhar no Hop Along, a artista coloca sua interpretação vocal impressionantemente incisiva na frente de boas composições, com direito a caminhos melódicos inesperados. Gosto de como instrumentalmente o disco explora ao máximo poucos elementos em cada faixa. É o indie pop levado a sério). Detroit Lake
- Freddie Gibbs / The Alchemist: Alfredo (Enquanto o Freddie Gibbs distribui rimas freneticamente abordando seus "rolês cocainômano" (como de costume), The Alchemist apazigua com produções/beats até mesmo delicados, embora com um saboroso "corpo" ao trazer elementos da soul music. Álbum curto e fluído que reúne muitas qualidades do hip hop contemporâneo. Tyler The Creator dá as caras). All Glass
- Ghostemane: ANTI-ICON (Nada que o Marilyn Manson já não tenha feito 25 anos antes com maior competência. Ainda assim, é aquela coisa, sempre vai ter alguém na adolescência precisando deste tipo de som, que caminha entre o new metal, industrial e, por ser de 2020, o trap. As composições não são grande coisa, mas a produção pesadíssima e a interpretação voraz causam certa perturbação que me agrada. Se não levar a sério, é uma audição divertida). Lazaretto
- Gorillaz: Song Machine, Season One: Strange Timez (Mais uma vez o grupo atua como plataforma para reuniu inúmeros astros (Robert Smith, Beck, Elton John, Peter Hook, St. Vincent, slowthai, JEPGMAFIA, Tony Allen, Skepta) em torno de uma pop art divertida e acessível. Dançante e quase infantil, embora a seriedade se manifesta nas composições e arranjos. Impressionantemente ainda relevante 20 anos depois). The Valley Of The Pagans
- Guilherme Held: Corpo Nós (Um dos guitarristas brasileiros mais talentosos desta geração em seu primeiro álbum solo. Para alívio de todos, não é um disco centrado em seu instrumento, mas na música e em sua trajetória, o que justifica a participação de nomes como Romulo Fróes, Tulipa Ruiz, Juçara Marçal, Ná Ozzetti, Criolo, Curumin, Fernando Catatau, Beto Bruno, Lanny Gordin, dentre outros. Álbum bastante versátil dentro da estética "música brasileira contemporânea com faro setentista". Belas composições, timbres orgânicos maravilhosos e execução cheia de vida. Muito bom). Pólvora
- Gulch: Impenetrable Cerebral Fortress (Esse disco soou para mim como se o Mike Patton tivesse uma banda com o Fábio Mozine. Isso é um tremendo elogio. Hardcore esporrento, certeiro, voraz, pegando emprestado riffs de metal e a fúria das vísceras. Gravação podrona como gostamos). Lie, Deny, Sanctify
- gupi: None (Não conhecia o trabalho deste produtor, mas me interessei ao ver comparações com o Iglooghost. E é realmente a mesma onda. Bumbblegum bass colorido, paranoico, encorpado, psicodélico e inquietante. Adoro a construção veloz dos ritmos combinando ao adocicado das melodias. Massa). None
- Haim: Women in Music Pt. III (As três irmãs em mais um disco extremamente consistente. É o maior exemplo do "soft indie rock" (dentro de toda sua versatilidade), com direito a produções robustas, bons arranjos, ótima execução e canções pegajosas. É muito maduro a forma que elas abordam a feminilidade. A colaboração do Rostam Batmanglij e do Ariel Rechtshaid salta aos ouvidos por todo o disco. O vôo é alto). Up From A Dream
- Haru Nemuri: LOVETHEISM (Se por um lado a doce voz da artista preserva uma "graciosidade j-pop", as composições/arranjos/timbres são muito mais voltados para o rock, abusando de sons processados na construção de um "noise art rock". É lúdico e divertido. São 25 minutinhos de canções versáteis e cativantes. Vale arriscar). Riot
- Hayley Williams: Petals for Armor (Sempre botei fé na cantora do Paramore, sendo que a qualidade da sua estreia solo não me surpreende. Mesmo o último disco da sua banda, já havia esse direcionamento mais criativo dentro de uma fórmula pop rock. Aqui, numa abordagem lírica bastante pessoal, dá pra sentir ecos de trip hop, Ariana Grande, Björk e St. Vincent. Boas canções e produção impecável. Tá ótimo). Dead Horse
- HEALTH: DISCO4 :: PART I (Contando com atrativas colaborações (100 gecs, Full Of Hell, JPEGMAFIA, Soccer Mommy, Xiu Xiu, dentre outros), o resultado é uma estrondosa fusão do pop eletrônico contemporâneo com o ruído saturado, grave, explosivo e agressivo do industrial. No meio dessa ebulição surgem boas canções). FULL OF HEALTH
- Hen Ogledd: Free Humans (O indie pop rock descontruído até se tornar uma coisa independente do proprio gênero. Sonoridade estranhamente atrativa e divertida. Fora que liricamente há também qualidade). Trouble
- Herbert Vianna: Hv Sessions - Vol. 1 (Em casa, no meio da pandemia, com instrumentação/arranjos/produção enxuta, o líder do Paralamas presta tributo aos ídolos via ótimo repertório. Adorei como sua voz está grave, plena e até mesmo instrospectiva (é algo a se pensar nos próximos trabalhos do Paralamas). Tem bons momentos guitarristicos também. Para um álbum descompromissado, tá excelente. Foi ótimo ouvir numa tarde pacata com minha filhinha). Tempted
- HMLTD: West Of Eden (Com vigor e carisma, o grupo estreia em disco fundindo glam rock, art rock e pós-punk numa linguagem bastante moderna. É criativo, teatral, luminoso e rico em timbres). To The Door
- Horse Lords: The Common Task (O encontro do math rock com o jazz rock através de composições de estrutura "fechada" e resultado hipnótico. Isso ao menos no que diz repeito a 1/2 do álbum, visto que essa "progressão metódica" não vale para a longa e excelente faixa derradeira, que mais parece uma jam sinfônica com incursão pela música erudita contemporânea. Em ambos os casos, a execução e os timbres emanam um calor e groove cortante). Fanfarre For Effective Freedom
- Human Impact: Human Impact (A estreia de um "supergrupo do noise rock alternativo contemporâneo". Com membros do Unsane, Cop Shoot Cop, Xiu Xiu e Swans, o projeto explora climas, texturas e timbres corrosivos. As composições, produção e interpretação atendem a expectativa, resultando num punhado de boas canções. Rock sujo, voraz e nada besta). Protester
- Ichiko Aoba: Windswept Adan (Singelo ao extremo, a artista japonesa consegue com poucos elementos e grande qualidade interpretativa atingir nossos corações. Timbres cristalinos, que transitam entre o folk, ambient e erudito, parecem elevar nossa alma. Lindas melodias e arranjos pontualmente sofisticados. Sua voz em alguns momentos me lembrou o Jónsi. Terno). Dawn In The Adan
- Igorrr: Spirituality and Distortion (Somente o Igorrr para fazer com que soe viável a fusão de black metal com jungle, breakcore, vozes operisticas, música turca, funk metal e dubstep (!?). Não que funcione por completo (até porque o disco é longo, poderia cortar algumas gordurinhas), mas é uma loucura que vale os tropeços. A produção sintética faz parte do barato). Camel Dancefloor
- Insect Ark: The Vanishing (Projeto da Dana Schechter (já colaborou com o Swans). Post-metal instrumental, denso, grave, corrosivo, viajante, "pantanoso" (culpa do slide), muito bem gravado, com timbres na cara e riffs poderosos. Bruto sem ser babaca. É mais que o suficiente). Three Gates
- Institution: Vidas Plásticas (Não conhecia o grupo antes de ouvir esse breve álbum - tem pouco mais de 20 minutos -, mas foi mais que o suficiente para vê-los com uma das melhores bandas de metalcore do Brasil. Nocauteante e criativo. A produção me pareceu um pouco abafada, mas não chegou a atrapalhar). Vidas Plásticas
- Intronaut: Fluid Existential Inversions (Sabendo que estamos diante de um álbum de metal progressivo, não é possível reclamar de qualquer excesso técnico, visto que é uma característica do gênero. Isso posto, as canções não são xaropentas. Tem um peso consistente (meio sludge), passagens criativas e ótima performance. Tudo bastante intrincado e "nervoso", mesmo diante de produção ultra lapidada. Prato cheio pra quem curte o estilo). The Cull
- Ira!: IRA (Não tava dando nada por esse disco, mas vi muita verdade no reencontro do Edgard com o Nasi. Eles estão leves, o que desencadeou em canções bacanas, de tom confessional (sobre amizade, sobre relações, sobre culpa), sempre com as guitarras preciosas do Scandurra e bons arranjos. Supreendente). Você Me Toca
- James Blake: Before (EP adorável de 4 faixas que entregam o que há de mais climático no UK bass. Canções muito bem construídas, interpretadas e produzidas. Tão sucinto que nem vale apontar um destaque).
- Jean Dawson: Pixel Bath (É tão bom ouvir algo de indie rock que não soa como algo de 20 anos atrás. Aqui há o encontro do pop punk com o pop rap dentro de arranjos e produções bem particulares. O que saí disso são músicas no mínimo bem legais, tão acessíveis quanto estranhas). Triple Double
- Jehnny Beth: To Love Is To Live (A líder do Savages em seu primeiro álbum solo, muito mais climático e sintético que sua banda, buscando referência no industrial. É obscuro, pesado, variado e de grande força interpretativa). Heroine
- Jeff Parker: Suite for Max Brown (O guitarrista com passagem pelo Tortoise num trabalho bastante particular. As composições não obedecem forma, sendo o desenvolver do álbum bem abstrato. Há forte elementos jazzisticos, com direito a solos bem construídos. Bacana). Build A Nest
- Jeff Rosenstock: NO DREAM (O pop punk contemporâneo tem nome e sobrenome: Jeff Rosenstock. O álbum tem interpretações engraçadas de tão intensas. Fora que as canções são no mínimo memoráveis. De astral leve e sonoridade esporrenta). N O D R E A M
- Jennifer Curtis / Tyshawn Sorey: Invisible Ritual (Basicamente violino e bateria (pianos ocasionalmente) numa imersão em faixas que soam ora como improvisos, ora como obras fechadas. No meio disso surgem melodias e levadas brilhantes, tudo evidenciando a interação impressionante dos instrumentista. É jazz (até com "atitude" jazz-rock), mas também música erudita contemporânea. Captação majestosa. Vale registrar também que, por mais experimental e hermético que seja, é também vibrante). Invisible Ritual: I.
- Jeremy Cunningham: The Weather Up There (Esse bom baterista encabeça um disco com inúmeros instrumentistas talentosos (Jeff Parker com maior destaque). As composições são jazzisticas, climáticas, herméticas e com certa acidez rockeira. Diante disso, confesso que pouco me atentei aos momentos de spoken word. É bacana). The Weather Up There
- Jessie Ware: What’s Your Pleasure? (Honestamente não conhecia o trabalho da artista (embora ela tenha anos de estrada), mas o álbum foi tão elogiado que não teve como me atentar. Embora a sonoridade da disco music tenha voltado no pop há anos (de Bruno Mars a Dua Lipa), gostei como a artista relembra o aspecto sexy, dark e até mesmo reflexivo, característica muitas vezes omitida do gênero. Claro, as bases são dançantes, mas também noturnas e misteriosas. Algo total Giorgio Moroder. Ótimas canções, arranjos, produção (cristalina e grandiosa) e interpretação (belíssima voz). Um dos melhores discos pop do ano). In Your Eyes
- JME: Grime MC (Uma amostra de como o grime está novamente na crista da onda. O rapper rima com inteligência e humor em batidas cheias de personalidade. Talvez um pouco longo, embora não tenha nenhuma faixa ruim. O flow é intenso). Pricks
- João Bosco: Abricó-De-Macaco (Ao vivo dentro do estúdio, com sua sempre espetacular banda e repertório acima da média, inclusive fugindo dos grandes clássicos. É previsivelmente excelente. Curioso como alguns arranjos pendem para o blues. A canção popular é gigante). Holofotes
- Jotaerre Choraviolla: Kuarentena Sessions V (O ótimo guitarrista do Psirico se joga em produções eletrônicas caseiras que servem a sua guitarra cheia de groove e personalidade. Muito divertido e bem tocado). Eu Sou (Deus É Mais)
- JPEGMAFIA: EP! (Eu nunca tinha cogitado a fusão do trap com o hypnagogic pop até ouvir esse EP (longo, de quase meia hora) deste que é um dos rapper mais criativos da sua geração. Ótima produção e performance. Denzel Curry dá as caras. Curioso). Super Tuesday!
- Juice WRLD: Legends Never Die (Nunca fui entusiasta deste rapper símbolo do emo-trap. Entretanto, com sua morte, tais músicas póstumas acabam se revelando durante confessionais e uma importante reflexão sobre uma geração de artistas sacrificada. Musicalmente há diversos momentos ganchudos, boa produção e uma interpretação vocal melodiosa que fica entre o Post Malone e o Mark Hoppus (o que, por incrível que pareça, funciona). Isso tudo ao menos em 60% do repertório, visto que mais uma vez o excesso tira pontos (21 músicas é dose!). Mas vale conferir por ser o retrato fidedigno de uma cena forte e pouco levada a sério. Um dos melhores álbuns que já escutei de emo rap). Titanic
- Kali Uchis: Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios) ∞ (Toda sua exuberância latina é elevada em canções que ficam entre o r&b contemporâneo e o reggaeton. As produções e arranjos são cuidadosos. Fora que ela tem uma bela voz. Há derrapadas no repertório, mas ainda assim é dos grandes álbuns pop de 2020). vaya con dios
- Kassa Overall: I Think I’m Good (Um álbum cheio de camadas, tanto lirica, mas principalmente sonora, contendo elementos de jazz, trip hop, rap, post-rock e chamber pop. Os timbres e a gravação tem um calor especial, com direito a momentos tensos. É uma audição dificil, mas que ganha o ouvinte ao apontar constantemente para novos caminhos). Find Me
- Katie Gately: Loom (Em tom épico, a artista aborda a morte, invoca melodias renascentistas, e explora uma produção cinematográfica. Alguns arranjos mais parecem sonoplastia construindo cenários. Pode não ser a "minha onda", mas é definitivamente impressionante e arrojado). Tower
- Keeley Forsyth: Debris (Fui ouvir antes dormir e acabei sendo consumido pela melancolia das composições, todas interpretadas com brilhantismo vocal impressionante e arranjos/instrumentação minimalista que colaboram com o resultado. Um trabalho bastante dramático). Butterfly
- Kelly Lee Owens: Inner Song (Um bonito registro de música techno, que almeja interação com o indie pop. Há momentos bastante etéreos nas produções. John Cale marca presença (num momento pouco importante, mas é significativo). Elegante e cuidadoso). Melt!
- Kesha: High Road (Longe de ser um espetáculo, mas foi uma grata surpresa, principalmente por eu nunca ter dado muita bola para a Kesha. Achei legal como ela conseguiu se reerguer após tantas turbulências pessoais. Ela golpeia as dificuldades com um disco teen e energético. É o verdadeiro pop sorrateiro (no bom sentido). Tudo com produções bombásticas, criativas e ganchudas. Mesmo uma balada calcada na música country com levada no ukelele conseguiu a proeza de soar bem ("Cowboy Blues"). Daqui pra frente olharei para a Kesha com outros olhos). Birthday Suit
- Kiko Dinucci: Rastilho (Um músico talentoso num disco que esteticamente remete ao Baden Powell e ao Dorival Caymmi, só que com um lirismo contemporâneo. Em alguns momentos me agradaria uma maior finesse nos arranjos e na captação, embora entenda a crueza da gravação. A interpretação no violão é visceral. O álbum cresce conforme as composições se desenvolvem. Rodrigo Ogi, Juçara Marçal e Ava Rocha dão as caras). Febre do Rato
- King Krule: Man Alive! (Goste ou não, o King Krule deixou de ser promessa para se tornar realidade. Mesmo quando soa "perdido", sua música exala frescor. Com arranjos complexos, gênero não definido e personalidade obscura na interpretação, ele cria densas viagens sonoras, incomparáveis a qualquer outro artista contemporâneo. É o rock ainda na vanguarda, com tentativas e erros. Estranho). Please Complete Thee (ouvi a música próximo de me tornar pai e ela bateu muito forte).
- Kiwi Jr.: Football Money (Indiezão básico na instrumentação, mas de interessantes composições (com pitada de power pop, Elvis Costello e Pavement). Tem boa carga de energia na execução. Boa estreia). Football Money
- Klô Pelgag: Notre-Dame-des-Sept-Douleurs (A art pop via essa artista adorável. Sua voz é apaixonante, principalmente por ela explorar o francês. As canções são leves, embora cheias de detalhes nos arranjos que elevam as composições. É pop, mas os timbres orgânicos (com direito a orquestrações) também trazem maior riqueza dentro de um cenário bastante sintético. Criativo e aconchegante). Où vas-tu quand tu dors ?
- Koenig: Messing (Através de ruidosas experimentações rítmicas e eletroacústicas, o produtor/baterista construiu um repertório violento que trafega pelo noise e hip hop. Abstrato, metálico, duro e volumoso).
- Lady Gaga: Chromatica (Nunca fui tão entusiasta da Lady Gaga, mas gostei que ela se despiu da presunção "conceitual" ao abraçar a eurodance (neste sentido chega a ser repetitivo). Tem boas canções pop, batidas capazes de levantar a pista e participações interessantes (de Elton John a Arina Grande) adequadas ao seu "mundo". Sua voz também está ótima, mas confesso que não me atentei aos temas abordados (convenhamos, ela nunca foi grande letrista). É um disco bem regular e com grandes produções). Enigma
- Lamb Of God: Lamb Of God (Uma das bandas que mais curti na adolescência em seu primeiro álbum sem o Chris Adler, que espantosamente não fez falta. Inclusive, impressionante como essas baterias ultra quantizadas e processadas soam bem no Lamb Of God. Mais uma vez contém ótimos riffs e a agressividade energética de sempre. Ainda um destaque dentro do "metal moderno"). On The Hook
- László Borbély: Olivier Messiaen: Catalogue d’oiseaux. (Não sei como cheguei nesse disco. O que sei é que achei… difícil. Não sei nem se entendi. É dissonante, de forma (possivelmente) livre e ritmicamente complexo. Na minha ignorância, lembra os momentos pianísticos mais estranhos do Arrigo Barnabé. Ao que parece, a composição é influenciada pelo canto de pássaros, mas confesso que não peguei a referência não. Vale dizer que ela foi escrita entre 1956 e 1958, mas, sendo o que é, ainda soa perfeitamente contemporâneo. Para quem quer abstrair e buscar sons fora da caixinha, é prato cheio. Sem destaque).
- La Zowi: Élite (Cantora espanhola num álbum que mistura trap com reggaeton, mas com uma carga mais "sinistra". As faixas são muito bem produzidas (até mesmo pesadas) e donas ganchos cativantes. É um trabalho de personalidade dentro do pop contemporâneo). Fulana
- Lee Ranaldo / Raül Refree: Names of North End Women (De todos os integrantes do Sonic Youth, a carreira solo do Lee Ranaldo é a que mais me agrada. Adoro sua voz. Somando isso as produções do ultra requisitado Raül Refree, a magia é elavada. Álbum tão belo quanto denso. O instrumental é rico em texturas, que mais parecem ambientar as composições. Excelente mixagem. Especial). Words Out Of The Haze
- Letrux: Letrux Aos Prantos (Ao contrário da grande maioria, gostei bem mais deste álbum do que seu elogiado trabalho anterior. As canções são mais divertidas e memoráveis, a interpretação tá bacana e a produção/arranjo é espetacular dentro de uma estética "charmosa pop oitentista". Claro, tem uma afetação de "empoderamento classe média branca" pedante e monotemática, mas até mesmo isso foi atenuado neste disco. Legal). Esse Filme Que Passou Foi Bom
- Lianne La Havas: Lianne La Havas (O lado mais orgânico do r&b contemporâneo. Tem alguns timbres cristalinos exuberantes. Adoro também como a guitarra tem discretamente papel fundamental nos arranjos. A interpretação vocal é outro ponto alto. Muitas qualidades que somadas resultam num álbum belissimamente equilibrado). Please Don't Make Me Cry
- Lido Pimienta: Miss Colombia (É evidente a força do pop latino na atualidade, mas poucos álbuns são sonoramente tão bem resolvidos quanto esse. A artista explora gêneros como a cumbia não em sua caricatura, mas como embrião para uma nova e criativa art pop. Na metade final há um direcionamento ousado para a tradição da música indigena. Impactante). No Pude
- Lil Uzi Vert: Eternal Atake (Não estou familiarizado com o som do rapper, mas gostei do que ouvi. Embora o álbum seja excessivamente longo, não há grande bola fora (até porque há uma padronização de forma e temas). As músicas evoluem com corpo, interpretação consistente, bons ganchos e detalhes criativos na produção. Bizarramente a capa me remeteu ao Born Of Osiris. Um bom registro para quem se interessa por trap. Como "música de segundo plano" funciona muito bem para mim). Homecoming
- Li Yilei: Unabled Form (A jovem artista chinesa numa linda e provocativa manipulação de field recording, somando texturas sintéticas que aproximam da música ambient, techno e glitch. Bastante abstrato, mas sem cair no lugar algum. As faixas evoluem bem). 1920
- Lina / Raül Refree: Lina_Raül Refree (A luz da Rosalía iluminou não somente ela, mas o fado com um todo, vide esse álbum arquitetado por seu produtor, que resgata primorosamente o repertório da Amália Rodrigues. Se o canto é bastante tradicional e melancólico, o instrumental minimalista traz texturas quase de música ambient. Um trabalho impecável e lindo). Gaivota
- Liturgy: Origin Of The Alimonies (Eu estaria mentindo se dissesse que me aprofundei em todo seu ambicioso conceito filosófico-teológico. E não fiz por ter achado esse álbum musicalmente menor dentro da discografia do grupo. Mas não me entenda mal, quando mergulha no black metal vanguardista, é impressionante. Fora que há ótimas pitadas de rock progressivo. O problema é o tom operistico via timbres e arranjos nem tão êxitosos. Fora que rola até beat de trap ali no meio que sequer entendi. Mas só pela ousadia já merece destaque). Lonely OIOION
- Loathe: I Let It In And It Took Everything (Por mais que o new metal e o metalcore sejam estilos esteticamente limitados, há aqui certa ousadia e cuidado com as composições, desenvolvendo boas melodias, riffs e até alguns climas "etéreos". Claro, nem todas as faixas são excelentes (vide a fraca "Screaming"), mas no geral é muito bem interpretado, pesado e com timbres graves poderosos). New Faces In The Dark
- lobsterfight: pink, black, and orange in the corners. (Com uma performance explosiva em canções lo-fi que escancaram a entrega emocional das composições, o álbum surpreende. Mal acabado? Não acho. Melhor seria encarar como visceral. É como um garoto problemático berrando em seu quarto com as ferramentas que tem em mãos. O resultado é por vezes bastante experimental e imprevisível). MOONPIE!
- LOONA: [#] (É uma armação com muito dinheiro envolvido? Certeza. Mas é também das coisas mais legais de tudo que já ouvi de k-pop. Ótimas produções e carismáticas performances vocais de um combo de garotas jovens e divertidas. Há até mesmo certa versatilidade composicional. EP na medida). Ding Ding Dong
- Luedji Luna: Bom Mesmo É Estar Debaixo D'Água (Com estupenda classe, a cantora discorre sobre sua feminilidade e negritude. Arranjos detalhados e a produção cristalina do guitarrista queniano Kato Change elevam a força e elegância das composições. A interpretação também não deve em nada. Até a capa é linda. Inclusive, vale dizer que existe uma versão no YouTube de "álbum-visual" que é não menos que arrebatadora. Fino). Ain't I A Woman?
- Mac Miller: Circles (O pouco que tinha escutado até então não me fazia entusiasta do trabalho do Mac Miller. Ainda assim decidi dar uma chance para esse álbum póstumo devido a produção do Jon Brion. E que produção! O instrumental denso, suave e vagaroso caiu muito bem em cima das composições inevitavalmente melancólicas, embora com forte approach pop. Mesmo a interpretação acanhada do Mac Miller é bem bonita e emocionante. Grata surpresa). Circles
- Magdalena Bay: A Little Rhythm And A Wicked Feeling (Quem ouvir com preconceito periga passar batido pelo brilho das faixas. Brilho não de brilhantismo, mas de radiar luz mesmo, dado o festival de cores a cada melodia ou timbre de synth. É um bubblegum pop de doçura quase infantil (meio k-pop até), mas com uma certa "especialidade cósmica". Reforço, não é brilhante, mas é muito bem feito). How To Get Physical
- Mamalek: Come & See (Não conhecia esse grupo e, devo confessar, que o fato de eu ter curtido se deve em grande parte ao meu questionável gosto por bandas de metal "bizarras". Neste caso, essa caracteristica se manifesta na voz do cantor, que parece estar sucubindo diante do Diabo. Isso enquanto o ótimo baixista dilacera seu instrumento e a guitarra forma harmonias elaboradas. Tem pitadas de jazz (inclusive com instrumentos de sopros). Bastante experimental e estranho). Cabrini-Green
- Marcos Ruffato: Vata (É bom ver a tão prestigiada canção mineira redendo frutos muito além da mediocridade da MPB contemporânea. Aqui essa influência gera belas melodias, arranjos detalhados e execução precisa. Tonihho Horta dá as caras. Nada mal para o primeiro disco solo). Peão-Rei
- Marcus King: El Dorado (Munido de um caldeirão da música sulista (blues, country, southern rock, gospel), este jovem e talentoso guitarrista compôs um álbum um tanto quanto pastiche (até na capa), mas bem sucedido na proposta. Tudo muito bem interpretado e arranjado. Quem procura este elemento retrô do rock, aqui certamente encontrará). Turn It Up
- Maria McKee: La Vita Nuova (A veterana e reclusiva cantora americana demonstra influência do folk inglês num disco repleto de interpretações apaixonadas, exuberantes arranjos (inclusive orquestrados) e canções cheias de alma. Gostei até mesmo como o baterista explora bastante a vassourinha. Embora longo, as faixas são bem resolvidas e com um certa aura cinematográfica. Especial). Let Me Forget
- Marquise: Ou Alguma Coisa do Tipo (Jovem banda do ABC paulista (região onde moro). EP curtinho de três faixas. Embora as composições não apresentem grande sofisticação, é um post-rock instrumental bem competente. Vale dar uma checada). Cão
- Mateus Aleluia: Olorum (Se esquivando do cirandismo envolto ao público deste tipo de estética, o que vemos é um artista maduro que sabe com explorar toda a herança afro em belas canções, delicadamente arranjadas e interpretadas. Foi ótimo ouvir com a minha filha. Escute de coração aberto. João Donato e Thiago França dão as caras). Kyriê! Epa Babá...
- Max de Wardener: Music for Detuned Pianos (Ao explorar pianos desafinados o instrumentista gerou melodias criativas e meticulosas, mas que trata dissonâncias de forma acolhedora. Bem bonito). Color Cry
- Melkbelly: PITH (De produção bastante crua (vide os timbres de bateria), mas bastante rebeldia interpretativa, o grupo explorou em seu segundo álbum a fusão de barulho com melodia, remetendo diretamente ao grunge. Mas entenda, não é pastiche, sendo na verdade bem criativo dentro de uma instrumentação básica. Resumindo, é um ótimo disco de rock, simples assim). THC
- Meridian Brothers: Cumbia Siglo XXI (Esse álbum me soou como se num futuro distante eu fosse para uma rave ouvir cumbia e tomasse alguma droga alucinógena que bateu errado. Entenda como quiser). Cumbia De La Solated
- Metz: Atlas Vending (Talvez o trabalho mais "redondo" do grupo. Digo isso pois, embora tenham timbres nervosos e apresente urgência na execução (marca já inerente a banda), há uma certa maturidade e, até mesmo, acessibilidade nas composições. Algo oriundo do classic rock (embora ainda pendendo para o noise rock). Mantendo a alta regularidade). Draw Us In
- Mhysa: Nevaeh (Uma mulher negra que trafega entorno do pop americano, sem efetivamente adentra-lo. Com batidas/produções atmosféricas e canto contido (quase um lamento, ou mesmo uma invasão da sua intimdiade) o disco evolui por vinhetas/interlúdios estranhos. Um experimento de perfil pop e resultado indefinido. Isso não é pouca coisa).
- Michael Manring: Small Moments (Contrabaixista sublime que é, ele usa todo seu virtuosismo (e não é pouco) e linguagem singular na construção de peças complexas, que exploram melodias intrincadas e texturas que transcendem o instrumento. Pode parecer “música pra músico”, mas o resultado é agradável. Vale dar uma chance). Tetrahedron
- Michael Vallera: Window In (No auge da subjetividade do drone, alguns ouvintes podem considerar esse disco extremamente monotono, mas eu tive uma boa experiencia com ele. São 4 faixas que vagam linearmente com pouca interferência. Antes de dormir caiu muito bem. Vou ouvir novamente? Provavelmente não, mas funcionou quando escutado). Window In
- Minor Science: Second Language (Ainda que usando como matéria prima os ritmos pulsantes da música eletrônica, o álbum passa longe da zona de conforto. O produtor explora graves deliciosos e ritmos complexos em faixas criativas, com um colorido de timbres, colagens malucas (vide "Blue Deal") e um certo aconchego etéreo. Tem muito de wonky e drill 'n' bass. Nada mal para uma estreia). For Want Of Felt
- Mondo Generator: Shooter's Bibble (Adoro o Nick Oliveri no QOTSA e tenho alguns amigos fãs do Mondo Generator, mas confesso que nunca havia dado a devida atenção para a banda. E não é que eu adorei esse disco. É o stoner em seu estado mais esporrento e mal criado. Tem ótimos baixos, vozes ríspidas e distorções imundas. É tudo que precisamos ao acordar). Dead Silence
- Moses Sumney: græ (Por melhor que seja o disco (e neste caso realmente é!), quero reforçar que não há refinamento suficiente (na composição, execução, arranjo, produção) que possa proporcionar momentos "agradáveis". Digo isso porque não considero a audição do álbum como um todo das mais "interessantes". E é incrivel porque não cortaria nenhuma faixa especifica (talvez alguma vinheta, mas sei lá, elas são importantes também). Inclusive, todas as canções funcionam bem individualmente. Mas o todo, talvez por não ser exatamente minha praia de som (na linha neo-soul), talvez por passar de 1h15... me cansa um pouco. Dito isso, há um ambicioso resultado artístico, de interpretações emocionantes, elegantes e angelicais, gerando momentos cinematográficos. Um disco que tende a crescer com o tempo à partir de novas audições). Me In 20 Years
- Mosses: T.V. Sun (Em sua estreia, o Ryan Jewell traz elementos do rock progressivo e da art rock para a psicodelia conteporânea, fugindo dos clichês atuais dentro do gênero. Álbum cerebral, mas também com fluidez composicional. Criativo sem invencionismo besta). Ahh Auspicious
- Mr. Bungle: The Raging Wrath of the Easter Bunny Demo (Nem estava esperando grande coisa por ser uma "releitura" de uma antiga demo do lendário grupo do Mike Patton. Mas ao trazer pra formação atual o Scott Ian e Dave Lombardo (além de manter o ótimo baixista Trevor Dunn), o resultado foi um dos melhores álbuns de thrash metal do ano. Há uma energia quase hardcore na execução. Tudo muito bem gravado e sem invencionismo. Os tiozinhos continuam quebrando tudo). Raping Your Mind
- mssv: Main Steam Stop Valve (Três espetaculares instrumentistas do cenário alternativo (Mike Baggetta, Stephen Hodges e Mike Watt) num albums (basicamente) instrumental e "relaxado", embora explorando dissonâncias e certa crueza timbristica. Há tremendos momentos guitarristicos. Muito legal). Chartacourse
- Napalm Death: Throes of Joy in the Jaws of Defeatism (Embora me incomode ouvir o Napalm Death com essa produção ultra processada comum ao metal moderno, por outro lado me impressiona a capacidade de mutação do grupo ao inserir novos elementos em seu grindcore cabuloso. Pesadíssimo.! Vou voltar a ouvir? Provavelmente não, mas é um bom registro). Fuck The Factoid
- Nap Eyes: Snapshot Of A Beginner (Embora haja um certo marasmo na interpretação vocal, o guitarrista rouba a cena de forma tão embasbacante, que atenua os problemas. As guitarras recortam deliciosamente ótimas canções de alt-country. Em alguns momentos parece o cruzamento do Robert Fripp com o Neil Young (dada a devida proporção de genialidade). Por mim já basta). Real Thoughts
- Navy Blue: Àdá Irin (Estaria mentido se dissesse que é um disco altamente cativante. Todavia, tecnicamente há muitas qualidades a serem apontadas, principalmente no que diz respeito a construção dos beats (na real, quase anti-beats), que trazem elementos da música minimalista em samples de "clima soul". O flow do rapper também é bastante particular. Na metade final o disco cresce bastante. Um álbum abstrato que precisa de tempo para maturar). In Good Hands
- Negro Leo: Desejo de Lacrar (Li algumas análises sociopolíticas sobre o álbum que, por mais fundamentadas e explicitas que sejam, parecem reafirmadas para justificar o estrondo sonoro aqui encontrado. Deixando isso de lado, o que mais saltou aos meus ouvidos foram as melodias tortíssimas, a interpretação cheia de personalidade, a produção impecável e os arranjos nada ortodoxos. Muito além do lirismo provocativos, está um primoroso e ousado trabalho musical). Dança Erradassa
- Neptunian Maximalixm: Éons (Jazz, metal, drone e algo como "mantras" num encontro intoxicante. A massa sonora formada diante da união de tanto timbres forma uma nuvem quente e grandiosa. Uma viagem rumo ao desconhecido). Ptah Sokar Osiris
- Nicolás Jaar: Telas (No terceiro projeto lançado este ano, o compositor explora ousadas texturas timbristicas, provocando espasmos e sensação de vázio. As composições são verdadeiras sinfonias sintéticas, que percorrem por glitch, ambient, eletroacústica e motivos étnicos. Tem algo ali de música aleatória também. Tudo numa produção soberba e abstrata. Álbum difícil, mas que evolui bem, trazendo personalidade e experimentação).
- Nine Inch Nails: Ghosts V: Together / Ghosts VI: Locusts (Já que foram lançados juntos, vou aborda-los como uma coisa só, embora o primeiro seja muito mais eletrônico, ambient e drone, enquanto o segundo é mais orgânico, minimalista e tenso. O segundo me interessou mais, embora confesse que a longa duração de ambos dificulte novas experiências com os discos. Todavia, por ter sido lançado no auge do coronavírus, acho que os climas aqui explorados retratam muito bem o período. Trabalhos dificeis e melancólicos. Sem destaque).
- NNAMDÏ: BRAT (Jogando liquidificar o pop contemporâneo com rap, r&b, math rock, indie rock, folk e sei lá mas o que, o artista cria um som instigante e versátil. O disco mantém o ouvinte atento com esquisitices divertidas. Tem momentos em que o instrumental soa bastante experimental, além de impecavelmente executado. Curioso). Perfect In My Mind
- Nuno Mindelis: Angola Blues (O que mais gosto do Nuno é que ele tá sempre tentando algo diferente, ainda que mantendo a linguagem do blues. Nascido na Angola, aqui ele busca trejeitos da música do seus país, tanto em alguns ritmos, mas principalmente na língua e entonação vocal. Fora que ele tá tocando guitarra demais (sem novidade). Surpreendente). Mudiakime
- Obongjayar: Which Way Is Forward? (Uma versão atualizada do afrobeat, onde os ritmos complexos e dançantes do gênero ganham um astral pop e se fundem a timbres eletrônicos. Liricamente, há ainda uma reflexão sempre necessária sobre a cultura negra. Ótimo EP). Frens
- Okkyung Lee: Yeo-Neun (Através de uma instrumentação enxuta - basicamente violino, harpa, piano e cello - brilhantemente combinada, as composições tomam um direcionamento profundo e abstrato. Algumas faixas mais parecem instalações sonora, fazendo uso de mecanismos bem experimentais. A influência da música japonesa nas melodias é nítida e justificada. Artístico e belo). In Stardust
- Old Man Gloom: Seminar VIII: Light Of Meaning / Seminar IX: Darkness of Being (Dois discos que vou tratar como uma coisa só, ainda que o primeiro seja mais experimental e barulhento, enquanto o segundo é mais de "canções". Aqui a densidade já conhecida do grupo liderado pelo Aaron Turner traz via o peso do sludge alguns dos momentos mais ferozes produzidos este ano. Timbres ríspidos, produção robusta e execução não menos que agressiva). Wrath Of The Weary
- OOIOO: nijimusi (Não conhecia esse grupo japonês formado só por mulheres. Nos primeiros segundos imaginei ser um doidera noise-punk, mas conforme fui ouvindo, as composições foram apresentando motivos próximos do rock progressivo, na onda do Gong. Claro, isso tudo com timbres, forma, interpretação e atitude bastante peculiar, mas bem pensando e não simplesmente "jogado". Álbum bastante complexo, instigante e criativo). jibun
- Oranssi Pazuzu: Mestarin kynsi (Um grupo criativo que explora peso e atmosferas no instrumental. Não seria tão extremo se não fosse o vocalista, que emula a voz arranhada do black metal, mas parecendo sofrer com disenteria. Vale dizer que as composições evoluem muito bem. Se for sua onda, soará divertidamente bizarro e instigante, caso não seja, só sobrará o estranhamento). Kuulen ããniã maan alta
- Oscillatorial Binnage: Agitations: Post-Electronic Sounds (Nada de processamento eletrônico, mas muito de interferência eletromagnética em experimentações eletroacústicas. Confuso? Ignore tudo isso e apenas ouça, de preferência antes de dormir. Tente explorar o subconsciente enquanto harmônicos, texturas e micro-sons evoluem. Sem destaque).
- Osees (Oh Sees): Protean Threat (Embora não traga as canções mais memoráveis do grupo, essa fórmula de rock garageiro ácido, de fúria punk e delírios "krautrockianos" é imbatível no momento da audição. Os timbres e as performances estão corrosivos. Tem momentos bem estranhos que muito me agradam. É demais!). Terminal Jape
- OvO: Miasma (Cheguei via o peculiar nome do duo. Me deparei com uma desgraceira que fica entre o grind, industrial e noise. Tudo muito corrosivo, com direito a timbres e interpretação aniquiladoras. Curiosamente algumas baterias me remetem ao que o Iggor Cavalera gostaria de estar fazendo atualmente. Claro, 43 minutos desse caos não é das coisas mais agradáveis de ouvir, mas nem acho que é pra ser. Mas surpreende como o disco não baixa a guarda. Recomendado para os interessados em sons extremos). Queer Fight
- Ozorio Trio: Big Town (Entre canções e faixas instrumentais, o grupo funde a música do sul do Brasil com elementos de alt-country. O resultado é rico nas composições, arranjos, execução e produção. Belo achado). Locomotiva
- Ozzy Osbourne: Ordinary Man (Equilebremos o lado emocional com o racional ao analisar um disco novo do Ozzy (10 anos após o último solo de inéditas). E sejamos francos, vide que o último álbum com o saldo positivo talvez tenha sido o Bark At The Moon, sendo assim, é esperado a inconsistência. Entretanto, esse é possivelmente o melhor desde o No More Tears. A ótima banda de apoio conta com Duff McKagan, Chad Smith e o guitarrista/produtor Andrew Watt, esse último o grande responsável por atualizar sem descaracterizar a música do Ozzy. E estando o velho madman em seu inevitável fim, o resultado me agradou bastante, mesmo nos momentos mais inusitados. Elton John, Slash, Tom Morello, Post Malone e Travis Scott dão as caras, todos de forma curiosamente exitosa). Eat Me
- Pat Metheny: From This Place (Um artista consagrado e nada acomodado com verba para ótima produção (arrajos grandiosos e captação "espaçada") e excelente time de instrumentistas o acompanhando. Resumindo: não tem erro. Álbum denso, lindo, sombrio e aconchegante. Vale dizer que Pat Metheny tá ainda mais maduro e "pausado" em seus improvisos). Sixty-Six
- Paul Marmota: Zona II (O produtor chileno explora gêneros como cumbia, dancehall e reggaeton com um vocabulário bastante moderno. Alguns timbres/beats de alguma forma me lembram o grime. É a tendência latina explorada além dos clichês. O resultado é bem interessante e perfeito para porões. Dançante e corrosivo). Flowsito
- Perfume Genius: Set My Heart on Fire Immediately (Entregando polimento, elegância e uma certa entranheza, as canções remetem ao cruzamento sophisti-pop com pitadas de shoegaze (ao menos nas produções mais densas). Achei melhor resolvido que o álbum anterior do artista, sabendo alinhar versatilidade dentro de uma obra fechada coesa. Boas canções e performance vocal emotiva. A produção do Blake Mills é fundamental no êxito sonoro). Jason
- Peter Brötzmann / Maâlem Moukhtar Gania / Hamid Drake: The Catch Of A Ghost (O free jazz e a música guinaua unidas em improvisos radiantes, com forte tempero de ancestralidade presente em frases musicais que exploram o momento exato da execução. Ouvi em determinado momentos acentuações ritmicas bem "brasileiras". Técnico, robusto, orgânico e desafiador). Dip And Dive
- Phoebe Bridgers: Punisher (O hype em cima da artista já vinha se consolidando, sendo que aqui ele veio acompanhado de um ótimo disco, sustentado por composições confessionais e dramáticas, embaladas no formato dream pop/indie folk. Em tempos de quarentena, foi um abraço. A voz da moça é bem bonita e sincera. Não pirei (a caipirice as vezes me cansa), mas é gritante sua qualidade e beleza). I Know The End
- PIGS PIGS PIGS PIGS PIGS PIGS PIGS: Viscerals (Por mais que não apresente grande novidade, eu adoro esse som nocauteante do grupo que mais parece um sludge psicodélico. Pesado e viajandão. Timbres de baixos trogloditas e riffs bem legais. Para mim já basta). Halloween Bolson
- Pink Siifu: Negro (Um disco difícil mesmo em seus momentos de "canção" (tem algumas vinhetas perturbadoras). É o encontro do rap com o lo-fi, noise, punk rock e jazz, gerando uma música mordaz e caótica. É abafado, áspero, ofegante e desesperador, sendo tudo justificado no conceito do disco. A gravação é saturada ao extremo. Eu gosto dessa estética, mas definitivamente não são todos que vão comprar a proposta). FK
- Pipoquinha / Pedro Martins: Cumplicidade (Um trabalho que expõe o talento deste dois jovens e espetaculares instrumentistas. Alto nível de maturidade, tanto nas composições quanto nos improvisos. Essa parceria promete muito. Participação de nomes como Toninho Horta e Mônica Salmaso. Fino). Desfigurado
- Playboi Carti: Whole Lotta Red (Nos 48 do segundo tempo, um lançamento que comprova que, muito daquilo que eu achava chato e repetitivo, agora salta aos meus ouvidos. Adoro esse tipo de trap paranóico, interpretado com euforia e de ritmos diretos que atingem nossa cabeça como uma barra de ferro. Boa produção. Kanye West, Kid Cuki e Future dão as caras). Go2DaMoon
- Polo G: The Goat (É nitida a vontade (e a capacidade) do rapper se consagrar por suas rimas/flow em sua estreia numa major. As composições, além dos já conhecidos clichês do rap, trazem também momentos bem confessionais. Explorando boas linhas melódicas dentro do trap e uma produção que bate no peito, não é absurdo apontar o disco como um destaque do hip hop em 2020). Go Stupid
- Poppy: I Disagree (Não que eu já não achasse as composições legais, mas agora o peso sônico parece melhor acabado. Essa união de pop com "new/industrial metal" de certa forma me lembrou os momentos mais exitosos do Ghost (no sentido do potencial comercial dentro do metal e até mesmo de ruptura estética). É divertido, diferente e estrondoso. Até a capa é bem legal). Bite Your Teeth
- Pop Smoke: Meet The Woo 2 (O jovem rapper morreu, choveu elogios sobre ele ser uma grande "promessa para o estilo", então fui ouvir. E não é que gostei! Esse álbum fica entre o drill e o trap, apresentando produção desconcertante, soturna e estrondosa. Seu flow incisivo também salta aos ouvidos. Difícil saber o que lhe reservava, mas esse álbum convence por si só). Christopher Walking
- Primitive Man: Immersion (Vindo de um dos melhores discos de metal da década, o doom/sludge absurdamente brutal do grupo soa menos impressionante, embora igualmente nocauteante. É incrivel a massa sonora que a banda atinge via distorções pesadíssimas e climas sombrios. É um rolo compressor, em alguns momentos mais arrastado, em outros somente desgraçado). Menacing
- Princess Nokia: Everything is Beautiful / Everything Sucks (Dois albuns lançados simultaneamente que revelam já no nome e capa a atmosfera individual. Pela variedade e curta duração de ambos, vale ouvir numa tacada só. Se o primeiro resgata uma estética mais pop-rap da virada do século, o segundo apresenta uma onda mais "trap dark". Em ambos a rapper demonstra qualidade interpretativa. Não é espetacular, mas é musicalmente regular e exitoso no conceito). Sugar Honey Iced Tea / Crazy House
- Priscilla Ermel: Origens Da Luz (Precisou a Pitchfork falar sobre disco para só aí eu conhecer o trabalho desta já veterana artista brasileira. Sou uma vergonha mesmo! Mas gostei muito do álbum. Claro, sua longa duração pressupõe uma dedicação, que é correspondida por lindos momentos que caminham entre a new age, música caipira, canção popular e interferências indianas. Não é dos trabalhos mais fáceis - e nem é para ser -, mas é rico e espacial). Mensageiro
- Protomartyr: Ultimate Success Today (A banda se mantém num patamar elevado. Canções encorpadas e obscuras, remetendo em alguns momentos ao Killing Joke. Gosto como as guitarras ruídosas/ríspidas combinam com a cozinha afiada de direcionamente quase tribal. Tudo com execução pulgente e climática. Há inclusão de alguns instrumentos inusitidos dentro da estética pós-punk (principalmente sax). Discaço). June 21
- Quelle Chris & Chris Keys: Innocent Country 2 (Com produção cristalina e orgânica, o duo resgata baladas aconchegantes do rap noventista, sem abandonar o engajamento lirico. Gosto como a influência jazzistica transgride os samples, estando presente em profundos acordes no piano, grooves secos/grooveados de bateria e saborosas linhas de contrabaixo. Um álbum de rap não menos que agradável, embora um pouco longo). Graphic Bleed Outs
- Rakta + Deafkids: Sessões Selo Sesc #6: Rakta + Deafkids (Duas das principais bandas brasileiras da atualidade num encontro imersivo, criativo e explosivo. Uma junção brilhantemente documentada. Incrivel como no meio toda a doidera sônica, as composições se mantém coerentes, reforçando até mesmo a influência do krautrock dentro da linguagem dos grupos. Muito bem captado. Juro, talvez seja um dos grandes discos nacionais ao vivo). Espirais da Loucura
- R.A.P. Ferreira: Purple Moonlight Pages (Através de uma produção substanciosa e cristalina, o disco explora o jazz rap em sua máxima eficiência sonora, com timbres orgânicos e levadas saborosas. Mas o experiente rapper não se esconde atrás do instrumental, rimando com inteligência, fluidez e firmeza. O repertório dá uma caída na segunda parte, mas nada que afete gravemente o todo. É o rap em seu estado maduro e meticuloso). U.D.I.G.
- Ratboys: Printer’s Devil (Intercalando entre faixas de power pop e baladas de alt-country, o grupo reuniu um punhado de canções bacanas. Gostei da captação, do astral, da interpretação e das guitarras. É o suficiente). Look To
- Real Estate: The Main Thing (Não é uma banda que morro de amores, mas as canções são bem agradáveis. Aquela proposta já conhecida de dream pop ganha pitadas de AOR setentista, britpop noventista e até mesmo um clima de jam band. Pode até parecer um problema, mas deu certo. Gostei das guitarras). Also A But
- Ricardo Richaid: Travesseiro Feliz (Com referências da música brasileira setentista, o artista agrega valor ao seu indie rock descontraído e com passagens psicodélicas. Fora que as performances são bem boas. Ana Frango Elétrico e Marcos Suzano dão as caras). O Velho Cai
- Rico Dalasam: Dolores Dala Guardião do Alívio (Rapper na crista da onda, mas que até então na conhecia. Gostei do que ouvi neste EP de 5 faixas (e menos de 13 minutos). Embora não seja exatamente minha praia, principalmente no que diz respeito aos beats e produção (que fique claro, não são ruins, o Dinho manda bem), seu flow é cheio de personalidade e sagacidade. É bacana). Mudou Como?
- Rico Nasty: Nightmare Vacation (A rapper consegue com atitude criar faixas tão pesadas quanto cativantes dentro da estética do trap. É uma cacetada. Boa produção e flow voraz. Simples assim). Candy
- Rina Sawayama: SAWAYAMA (Em seu primeiro álbum cheio, Rina expõem sua fusão de rock (à la Evanescence) com o pop noventista (à la Christina Aguilera), uma combinação por vezes esquisita, mas criativa, intensa e de resultados ganchudos. A parceria com o produtor Clarence Clarity está ainda mais consistente. Algumas faixas me pareceram excessivamente comprimidas, mas ok, é coerente com o estilo. Boa performance vocal. Há um grande potencial de estrela pop na artista). XS
- Riz Ahmed: The Long Goodbye (Com flow e beats bem particulares (principalmente timbristicamente, com elementos bem percussivos), que trazem uma atmosfera que somente um artista anglo-paquistanês pode alcançar, esse disco conceitual curtinho soa reflexivo e divertido. Mesmo os momentos de pop-rap são bacanas). Toba Tek Singh
- Robby Krieger: The Ritual Begins At Sundown (O eterno (e subestimado) guitarrista dos Doors mostra que continua mandando muito bem neste algum instrumental calcado no jazz-rock. Ótimas composições e timbres adequados ao momento, embora uma aura setentista rodeie a estética sonora. Bem bom). What Was That?
- Rogerio Santos: No Tempo das Marés (O lado mais tradicional da canção popular brasileira pode ainda proporcionar belíssimos momentos se driblar as afetações em prol da composições. É isso que ocorre aqui. Bem interpretado e de arranjos pontualmente elaborados, com direito a passagens violonisticas primorosas). Zigue-Zague
- Rolling Blackouts Coastal Fever: Sideways To New Italy (Mais equilibrado que o disco anterior, o repertório percorre por canções redondas, muito bem tocadas e que adequam o classic rock ao indie rock. As boas guitarras levantam as composições. Nada de primoroso, mas flui bem). Cameo
- Sam Gendel: Satin Doll (Um curioso álbum de versões, onde temas jazzisticos recebem produções que mais parecem colagens abstratas de glitch com IDM e hip hop psicodélico. Sei lá, é estranho. Nem soa tão agradável em todos os momentos, mas é interessantemente provocativo. Até o Hermeto Pascoal é revisitado com "O Ovo"). Afro Blue
- Sangue de Bode: A Sombra Que Me Acompanhava Era A Mesma Do Diabo (Os nomes das faixas e a capa já me conquistaram no ato. Entretanto, a surpresa for maior por conta da sonoridade da banda, que traz o black metal (com pitadas nada moderadas de hardcore) para uma estética brasileira. Tem um groove muito legal. Letras com capeta e com realidade do Brasil, vozes angustiantes, instrumental encorpado e cativante, produção excelente, ótimos riffs... Foda!). A Praga Humana
- Satanique Samba Trio: Instant Karma (Eles sempre foram "ousados", mas essa ideia em especial foi bem bolada. São pequenas composições postadas originalmente no history do Instagram e que não ficaram no ar mais que 24 horas. Aqui foram compiladas. Resultado: 28 faixas, nenhuma com mais de 15 segundos. Vale os 7 minutos. Divertido, ousado e curioso. Sem destaque).
- SAULT: Untitled (Black Is) (Lançado em meio ao turbilhão do "Black Lives Matter", esse coletivo britânico sem rosto conseguiu fazer deste disco uma sonoplastia histórica do momento. Além do importante valor social, musicalmente o álbum é uma primorosa fusão de r&b, jazz e trip hop. Tem algumas melodias vocais espetaculares, interpretadas com muita alma. Ótima produção. Político e belo). Wildfires
- SD9: 40˚.40 (Ouvi logo após escutar o disco do Matuê. Tal experiência não poderia ter sido mais reveladora. É a perfeita essência Rio de Janeiro, cidade bonita e desgraçada por natureza. Há rimas ferozes e beats tão crus quanto criativos. Melhor que analisar tecnicamente, é sentir o clima quente e desesperador que o artista consegue extrair via seu rap/funk/grime visceral. Bem bom. Curiosamente, chamou atenção internacionalmente, embora aqui pouco tenha sido falado). Astra 1.8
- Sepultura: Quadra (O quarteto segue distribuindo tapa na cara dos fãs xiitas com discos criativos, pesadíssimos, virtuosos e intensos. Tecnicamente estão todos voando, provavelmente como nunca antes. Fora que é nitida a vontade de fugir dos clichês do thrash metal, tanto musicalmente quanto no conceito. A produção está muito mais orgânica também (principalmente as baterias). Por tudo isso, é um disco sensacional). Ali
- Serengeti: Ajai (Em cima da produção concisa, substanciosa, aconchegante e eficaz do Kenny Segal, o Serengeti desfila pausadamente ótimas rimas em versos inteligentes. É um álbum bastante rico e maduro). Summary
- serpentwithfeet: Apparition EP (Três faixas bonitas, criativas e curtinhas de r&b contemporâneo, com graves profundos e ótima performance vocal. Ele é um cara talentoso e parece sonoramente melhor resolvido do que no disco seu último disco lançado em 2018). A Comma
- Sevdaliza: Shabrang (É majestosa a forma com que a artista busca diferentes referências para fazer do trip hop um estilo em estado evolutivo. Há desde de beats e linhas melódicas de trap até guitarras manhosas de baladas grunge. As canções são boas, há interpretações dolorosas e arranjos que exploram bem o encontro do sintético com o orgânico. É o perfeito "triste e com tesão"). All Rivers At Once
- Sex Swing: Type II (O noise rock encontra o krautrock e resulta neste combo absurdo. Gravação saturadíssima, estridente e hipnótica. É o psicodélico dos infernos. É ótimo). The Passover
- Shabaka And The Ancestors: We Are Sent Here by History (O Shabaka Hutchings mais uma vez se revela uma força do jazz contemporâneo. Tem muito de afrobeat neste projeto. Temas reflexivos sobre o passado e a direção da humanidade são abordados nas composições. Tudo em meio a improvisos majestosos. Captação fenomenal). Behold, The Deceiver
- Shopping: All Or Nothing (Uma celebração ao lado mais torto e solar do pós-punk. Batidas retas são costuradas por excelentes linhas de baixo e melodias angulares de guitarra em timbres limpos. Há bastante espaço para vocais frenéticos. É divertido. Ótimas composições). Initiative
- Shygirl: ALIAS (EP luminoso, que consegue soar tão festivo quanto dark. As produções distorcidas bebem no hip hop, industrial e na PC music. As faixas não passam de 3 minutos, se pulverizando corrosivamente na nossa mente. Bem legal). LENG
- Skee Mask: ISS005 (O produtor alemão em um dos melhores registros de música eletrônica do ano. Timbres e beats se contorcem em 5 faixas graves, pulsante e com clima de porão escuro). IT Danza
- Sorry: 925 (Por mais que eu não tinha morrido de amores pelas composições e até mesmo tenha bodiado a interpretação da vocalista em alguns momentos, é inegável que a banda londrina apresenta muita personalidade logo em sua estreia. Tem alguns direcionamentos composicional e arranjos bem inusitados dentro do circulo vicioso do indie rock. Boa produção). Rosie
- Soul Glo: Songs To Yeet At The Sun (De força braçal, esse EP de 11 minutos traz uma fúria típica do inicio hardcore, mas que transportando para o nosso tempo, fez ser possível soar ainda mais pesado (embora nada sintético). Fora que os riffs são estranhos e a performance vocal é enlouquecedora. Intenso é pouco). (Quietly) Do The Right Thing
- Spirit Possession: Spirit Possession (Black metal e crust punk abraçados num disco bruto e eufórico, repleto de excelentes riffs (curti o timbre ultra processado da guitarra), numa mixagem caoticamente límpida. Dentro do metal extremo, foi dos álbuns que mais fez a minha cabeça no ano). Deity Of Knives And Pointed Apparitions
- Sports Teams: Deep Down Happy (É aquele eterno "revival do revival" do post-punk inglês, mas que a gente ainda embarca porque soa bem. As faixas são legais, há boas linhas de baixo, certo humor composicional e energia interpretativa. Nada que vá mudar o mundo, mas for sua onda, vai fundo!). Here's The Thing
- Sufjan Stevens: The Ascension (Ainda que o repertório seja irregular (e longo), há sempre algo que explora a atenção do ouvinte. Ele é inquieto até no erro. Já nos acertos há uma junção de Radiohead com Flaming Lips que encanta. Impressionante como ele explora timbres sintéticos sem perder o sentimento humano. Tem que conferir independente das bolas fora). Ativan
- Sunwatchers: Oh Yeah? (Espetacular disco de jazz-rock, que traz interpretações ácidas num clima intenso de jam. O grupo decola em solos malucos de guitarra e sax, sempre com timbres nervosos e grande ousadia nas frases. Impressionante). Thee Worm Store
- Surra: Escorrendo Pelo Ralo Ao Vivo em São Paulo (Ao mencionar esse disco, vi o Mozine falando que as bandas dele nunca poderiam gravar discos ao vivo porque não conseguem executar as músicas com tamanha precisão quanto gostariam. Impressionantemente, o Surra consegue. Porrada visceral e politica. Em tempos de quarentena e Bolsonaro, afastar o sofá e botar esse disco no talo se faz necessário). O Mal Que Habita A Terra
- Taco de Golfe: Cato (Não conhecia essa banda brazuca e as três músicas deste EP foram suficientes para eu adorar. Eles fazem um math rock na linha do Covet, onde as guitarras limpas formam cascatas de melodias. Tudo muito intricando e, no caso deles, com muita organicidade na gravação. Bem legal). Areia
- Taco de Golfe: Nó Sem Ponto II (O que eu já tinha sentido no EP se elevou com esse disco. Adorei as composições, as linhas de guitarra e, o mais importante, como o álbum flui. Ele não perde o "foco". Bem legal os caminhos que a banda está traçando). Caiu da Escada Rindo
- Tame Impala: The Slow Rush (Eu já cheguei a detestar essa interpretação/produção "cansada" do Kevin Parker com elementos do synthpop (mais precisamente no Currents). Todavia, após encarar com certa alegria os 57 minutos deste disco, posso dizer que sou um convertido. Claro, nem todas as composições são bacanas, mas há sempre um timbre ou detalhe no arranjo para elevar as canções. No geral, achei bacana). Lost In Yesterday
- Tantão e os Fita: DOIS LEÕES (Com atitude punk, em contato com o funk carioca e sintonizado com que há de mais ríspido na música industrial eletrônica, Tantão originou duas pauladas sintéticas, agressivas e cheio de frescor). Ich Bin Der Fluss
- Tantão e os Fita: Piorou (O melhor retrato sonoro do Brasil de 2020. Desesperado, ruidoso, eletrônico, sujo, caótico, vociferado... Sem gênero definido, é o som de um futuro colapsado, de um país imerso na desgraça. Não há mais volta para o que se ouve aqui). Piorou
- Taylor Swift: evermore (Investindo na mesma abordagem acústica-country do folklore, aqui o resultado me agradou bem mais por conta das composições, muito mais ganchudas, instrospectivas e instrumentalmente melhor resolvidas. Apesar do teor contemplativo e solitário, o pessoal do The National e o Bon Iver novamente dão as caras. As Haim também aparecem. A produção é orgânicamente cristalina. A voz da Taylor também tá ótima. Disco bem bonito). cowboy like me
- Tesa: Control (Longas canções majestosamente executadas e captadas por essa banda de post-metal. As canções climáticas sempre evoluem para o peso catardico. Uma previsibilidade que não anula a força das faixas). Control 4
- Testament: Titans Of Creation (Com uma formação assombrosa, o veterano grupo aposta na qualidade individual em favor do som intricado e furioso. Nem as composições nem a produção exalam criatividade, mas atendem quem espera o melhor do thrash metal, com riffs certeiros, ótimas viradas de bateria e vocais agressivos). Dream Deceiver
- TĒTĒMA: Necroscape (Nessa altura do campeonato é dificil algum projeto do Mike Patton provocar espanto. Todavia, é nitido que ele e seus comparsas desfilam rebeldia através de 13 petardos que exploram nuânces e climas com ousadia. As composição são intensas e a voz do Patton tá execelente, ou seja, não tem erro). Wait Till Mornin'
- The 1975: Notes On A Conditional Form (Muito se falou sobre a versatilidade das faixas, que dão a sensação mais de "playlist" do que de "álbum". E é verdade, já que tem desde punk ruidoso ("People") ao ambient ("The End"). Mas no geral o que dá as cartas é mesmo o pop rock repleto de elementos eletrônicos tipicos de UK. Para alguns pode soar muito bundão, mas por mais que eu nunca tenha gostado da banda, devo confessar que achei legal o resultado aqui alcançado. Claro, dada a proposta e a longa duração, tem bolas fora (vide a "Jesus Christ 2005 God Bless America), mas menos do que eu esperava. A produção é cristalina. Surpreendeu). Frail State Of Mind
- The Avalanches: We Will Always Love You (Som de festa para tempos nada festivos. Gosto da versatilidade do álbum, embora confesso que acho sua longa duração arraste um pouco a experiência. Ótima produção (com uma certa rusticidade), muito balanço e uma certa introspecção psicodélica. Blood Orange, Perry Farrell, Mick Jones, Tricky, MGMT, Johnny Marr, Denzel Curry, Rivers Cuomo, Karen O, dentre outros, dão as caras). The Divide Chord
- The Garden: Kiss My Super Bowl Ring (Dois porraloucas distantes da polidez sonora exploram ritmos malucos, timbres cortantes, composições humoradas e performances berradas com energia. A alternância de dinâmica e a falta de padrão na produção traz doses de esquizofrenia ao álbum. Dos discos de rock mais divertidos e criativos do ano). A Struggle
- The Howling Hex: Knuckleball Express (Não sei qual é dessa projeto/banda, só sei que é encabeçado pelo Neil Hagerty e que ele soa bem estranho. Dentro de uma veia "glam rock torto", a bateria por vezes parece um mero loop enquanto as guitarras se desencontram. A interpretação vocal meio junkie também não é das mais certinhas. Produção bem caseira ao tentar soar "direito". Uma bagunça tão errada que é legal. As canções são bacanas). Lies
- The Koreatown Oddity: Little Dominiques Nosebleed (Não conhecia o trabalho do rapper, mas me surpreendi como ele usa uma linguagem de certa forma convencional (beats duros, samples de soul e jazz, além de rimas afiadas) num álbum de resultado ousado. Mais parece que estamos diante de um filme perfeitamente roteirizado. Mesmo as faixas menos interessantes, funcionam dentro do contexto cinematográfico. É uma experiência estranha e instigante). Little Dominiques Nosebleed Pt. 2
- The Lemon Twigs: Songs for the General Public (Um pastiche que, por não se levar a sério, acaba sendo bem divertido. Tem pitadas nada moderadas de Sweet. Na segunda metade, as composições tomam rumos mais "inventivos" diante dos clichês do glam/classic rock. Bem arranjado, produzido e tocado. Funciona muito bem dentro da proposta). Only A Fool
- Them Airs: Doped Runner Verse (Uma bagunça! No bom sentido, claro. Art punk, noise rock, funk rock e indie rock misturado e engolido sem deglutir. Apesar de em alguns momentos parecer meio "jogados", tudo é muito bem tocado. O rock num exemplo de inventividade e descompromisso comercial). Arc Flash
- The Men: Mercy (Embora nem sempre lembrados, The Men é dos grupos mais versáteis e interessantes do rock atual. Calcado no alt-country, a banda consegue transitar tanto por momentos melancólicos e suaves, quanto por intensos atos de euforia. Boas composições, interpretação apaixonada e guitarras bem colocadas. É um tremendo disco de rock sem ser pastiche). Wading In Dirty Water
- The Microphones: Microphones in 2020 (Phil Elverum traz de volta seu primeiro (e consagrado) projeto num belo álbum que explora a autoindulgência como obra de arte. Claro, é preciso ter uma pré-disposição para a sua abordagem/estética, caso contrário vai ser pedante adentrar uma única faixa de 45 minutos, sendo os 8 primeiros passeando por apenas 2 acordes. Há muitos elementos de folk, lo-fi e drone. Gosto dos timbres, da interpretação e da composição, mas entendo não ser pra todos).
- The Nels Cline Singers: Share the Wealth (Um dos meus guitarristas prediletos continua sem deixar a peteca cair. Álbum arrojado, onde seu instrumento se une ora a orquestrações jazzisticas singelas, ora há momentos calorosos e ousados de gênero indefinido. Excelentes composições e produção cristalina. Fora que ela tá tocando demais). Princess Phone
- The Strokes: The New Abnormal (Nunca fui grande entusiasta do Strokes, mas recebi com alegria um disco do grupo produzido pelo Rick Rubin. A banda explora seu passado indie através de arranjos, timbres e produção inusitada. Até o pan da mix é estranhão. Tem boas guitarras e o Julian tá cantando muito bem (o Voidz fez bem para ele). Incrível como algumas faixas soam melancólicas (no bom sentido). No final, o saldo é positivo). Selfless
- Thiago França: KD VCS (Entre o homem e o sax há o ar, que se sobressai neste álbum lindamente profundo e virtuoso. Uma exploração do instrumento sem perder o chão, embora musicalmente chegue a planar. Excelente captação). Dongô
- Thou: Blessings Of The Highest Order (Eu nem tava afim de ouvir um novo álbum do Thou, mas quando me dei conta que era um tributo ao Nirvana fui correndo conferir. O resultado é o esperado, uma bizarrice não necessariamente "correta", mas inegavelmente brutal e engraçada, adjetivos que quando combinados são certeiros. Repertório muito bem escolhido. Ouça sem levar tão a sério). Aneurysm
- Thundercat: It Is What It Is (É louvável a maneira com que o Thundercat consegue explorar o r&b contemporâneo com um raciocínio jazzistico. Diante disso, alguns momentos são mais assertivos que outros, mas todos instigantes, contendo produções ousadas (e até mesmo estranhas), melodias imprevisíveis e, claro, linhas de baixo virtuosas. Vale destacar que, dentre participações de prestigio (Childish Gambino, Louis Cole, Steve Lacy), está o jovem brasileiro Pedro Martins. Bem legal). I Love Louis Cole
- Tiganá Santana: Vida-Código (De instrumentação enxuta/atmosférica e ênfase na palavra, o que encontramos são canções verdadeiramente poéticas e interpretadas com uma profundidade singela. Que bela voz! A captação é cristalina. O elemento afro presente nos textos eleva a obra). Flor Destinada
- Tkay Maidza: Last Year Was Weird, Vol. 2 (8 músicas em breves 26 minutos que englobam o que há de melhor da fusão do rap com o r&b/pop contemporâneo. Ótimo flow, motivos ganchudos, interpretação adorável, além de produção elegantemente grave e incisiva. Não tem erro! Ótimo esquenta para uma noite que não existe em tempos de pandemia. JPEGMAFIA dá as caras). My Flowers
- Tombc: 777 / Fiar (O recifense Estesia em duas boas faixas que exploram diferentes nuances da música eletrônica, seja o lado mais etéreo ou hip hop, mas ambos dentro de uma estética hypnagogic pop. Ótimas produções).
- Toundra: Das Cabinet des Dr. Caligari (100 anos após o lançamento deste clássico do cinema de terror, o grupo espanhol de post-rock instrumental produz essa trilha imersiva, bela e intensa. Sua longa duração pode ser um bloqueio para alguns, mas acredite, o resultado é recompensador. Muito bem tocado e com evolução consistente de composição. Sem destaque, o lance é o todo).
- Tricot: 10 (As já conhecidas quebradeiras rítmicas somadas a belas melodias, agora ainda mais palatável (quase pop). É uma doidera de resultado agradável. Frases virtuosas de guitarra se costuram ao timbre doce da cantora. Eu adoro). (não vou escrever em japônes, mas destaco a faixa 2)
- Trio Pó-de-Serra: Forró Abstrato (Nunca a trindade sanfona/zabumba/triangulo soou tão fora da curva. Trabalho experimental que explora a instrumentação típica do forró numa abordagem ora industrial, ora minimalista, mas sempre timbristicamente complexa. Excelente captação. Proposta curiosa e necessária diante da diluição do gênero nordestino). Funaré em Santa Umbelina
- Uboa: The Flesh of the World (Uma pequena amostra do som da Uboa. Climático e etéreo ao mesmo tempo que dark e ríspido (muito por conta de seus vocais agressivos). O bom de EP no caso dela é que não chega a nos destruir por dentro. Flui na medida. Bonito). God Unbounded
- Undeath: Lesions Of A Different Kind (Uma proposta clássica de death metal, principalmente no que diz respeito ao gulturais graves (que nem fazem tanto a minha cabeça) e baterias orgânicas (que em tempos de trigger ultra sintéticos, é bom sinal). Há riffs intrincados e solos virtuosos que colocam a guitarra em destaque. As canções criam um sentimento de paranoia interessante. O álbum cresce conforme evolui). Entranced By The Pendulum
- Umbra Vitae: Shadow Of Life (Composto por membros do Converge, Hatebreed e Job For A Cowboy, a estreia deste supergrupo teve a capacidade de me levar de volta a adolescência. É um deathcore violentíssimo, bem tocado e produzido. Nocauteante a cada riff, berro ou patada no bumbo. É o suficiente). Mantra Of Madness
- Vile Creature: Glory, Glory! Apathy Took Helm! (Um duo extremo de doom metal que, ao abordar temas sociais em suas letras (LGBTQ+, direito dos animais, dentre outros) em um dos períodos mais nebulosos da história recente, encontra matéria prima suficiente para construir um cenário nebuloso, abrasivo e ríspido. As vozes são cortantes, assim como os timbres de guitarra. Brutal). Harbinger Of Nothing
- Villaelvin: Headroof (Uma união de rappers, produtores e um percussionista num trabalho experimental, duro e abstrato. Diante da complexidade e das experimentações, não dá pra dizer que é das audições mais fáceis. Entretanto, as texturas e os timbres funcionam muito bem diante de ritmos implícitos desconcertantes). GHOTT ZILLAH
- Vitor Brauer: BR Garage (Eu tenho uma predileção para as composições do Vitor, então acabo embarcando nos seus trabalhos, mesmo quando ele inusitadamente aposta em beats que transitam pelo synthpop, ambient, hypgnagogic pop e funk (como aqui). Embora as produções sejam bacanas, são as letras o maior atrativo. Curioso o uso de algumas células rítmicas de samba. É um álbum para já convertidos, visto que sua interpretação tosca tende a incomodar. É um trabalho de tentativa e erro). Musica Momentum Est, Pt. II
- Vladislav Delay: Rakka (Não conhecia o trabalhor deste produtor, que atinge momentos distópicos com suas faixas corrosivos, saturadas e atmosféricos. Tem elementos do ambient, house e glitch. Não é um som para toda hora, mas ele convence dentro da proposta). Rampa
- Vovô Bebê: Briga de Família (Diretamente do Rio de Janeiro, um som torto, solar, estranhamente swingado e cheio de humor. Tem muito de Tom Zé e Itamar Assumpção, só que antenado à contemporaneidade. Boas letras, arranjos muito bons e uma curiosa (e bem-vinda) sujeira na gravação. Ana Frango Elétrico participa da empreitada. Curioso). Exôdo
- Wares: Survival (Ainda que a interpretação vocal não faça a minha cabeça, gostei principalmente por alguns momentos me remeterem ao Suede (de leve). Boas composições que reúnem o pacotão do rock alternativo (tem power pop, britpop, pitadas de noise, de shoegaze e um certo "drama"). Nada de íncrivel, mas com personalidade, colocando holofotes sob o grupo). Surrender Into Waiting Arms
- Wasted Shirt: Fungus II (O encontro do Ty Segall com o Brian Chippendale não poderia gerar outra coisa que não fosse riffs cabulosos, espirito garageiro, performance transpirante, baterias desconcertantes e timbres ríspidos. Poderia ser previsível se não fosse o rock em seu estalo de ebulição mais contagiante. Em alguns momentos beira o metal. Fora que as composições exploram formas criativas. Bem legal). Fist Is My Mind
- Westside Gunn: Pray For Paris (Com estilo verborrágico, de voz ríspida e afrontosa, extrapolando o uso de "ad-libs" fora do trap e, principalmente, com uma porção de camaradas talentosos ao lado (Tyler The Creator, Joey Bada$$, Freddie Gibbs, Roc Marciano), o rapper constrói um álbum paranoico, versátil e muito bem produzido, com beats de boom bap poderosos). George Bondo
- We Versus The Shark: Goodbye Guitar (Após bons anos em repouso, o grupo volta com um disco que, se comparado aos trabalhos anteriores, soa menos instigante, principalmente devido a produção soar "correta" demais dentro de uma "falsa crueza". Entretanto, é legal como a banda abusa de arranjos e composições pouco ortodoxas. Adoro o uso de melodias angulares, timbres ríspidos e ritmos trabalhados, tudo com "energia punk". Ou seja, comparado a toda carreira, talvez soe irregular, mas ainda assim é um bom trabalho). In Reverse
- William Basinski: Lamentations (Reavaliando suas empoeiradas tapes de arquivo, o compositor gerou um dos trabalhos mais sentimentais de música ambient que ouvi nos últimos anos. Há um certo elemento operisitico nas vocalizações. Gosto da aparência lo-fi/envelhecida da produção. Bucólico e introspectivo, mas sem cair na monotonia. Mas separe tempo, paciência e pré-disposição para o estilo, caso contrário não vai dar certo). O, My Daughter, O, My Sorrow
- White Boy Scream: BAKUNAWA (A cantora de ópera Micaela Tobin aborda o colonialismo neste álbum de perfil erudito e com interferências ruidosas provocativas. A interpretação vocal é retumbante. Sofisticado, belo e denso. Exige atenção). BAKUNAWA
- White Denim: World As A Waiting Room (O único dad rock possível, visto que embora com faro do rock setentistas, as composições são criativas, divertidas e com muita personalidade. Fora que é muito bem executado. Bem legal). Matter Of Matter
- Working Men's Club: Working Men's Club (Esse jovem grupo traz os sons pulsantes dos porões para os seus quartos. Tem muito de New Order e Giorgio Moroder, mas com um peso atual. Interpretação e produção acachapantes. Entusiasmante). John Cooper Clarke
- Yaya Bey: Madison Tapes (Famoso "triste e com tesão". Calcado no r&b contemporâneo, mas com influências do trip-hop e elementos jazzy, as canções soam maravilhosamente aconchegantes. Adoro a voz da moça. Até mesmo as vinhetas/diálogos dão uma personalidade interessante ao álbum. Boas melodias, timbres, arranjos... perfeito para ouvir com a(o) cheirosa(o)). paterson plank
- Yves Tumor: Heaven To A Tortured Mind (Muito melhor "resolvido" que o álbum anterior, ainda que igualmente inventivo, abusando timbres estranhos e arranjos pouco ortodoxos dentro de um formato "pop psicodélico à la Prince". Isso não é pouca coisa). Dream Palette
- Zeal & Ardor: Wake of a Nation (Em apenas 6 músicas distribuidas em 17 minutos, o grupo conseguiu expor em seu caldeirão de soul, black metal e industrial uma braveza politica através de canções fortes e pegajosas). Wake of a Nation
- Zé Manoel: Do Meu Coração Nu (Pianista, compositor e cantor pernambucano, de abordagem altamente emotiva. É a mpb num formato nada afetado, de riqueza e elegância harmônica, lindas melodias e performance excelente. Bem bonito). Canto Pra Subir
- X: Alphabetland (Não vou mentir: esse disco não passa perto do passado longínquo da banda. Mas vai dizer que não tem grande valor sentimental ouvir o quarteto na ativa novamente após 35 anos? Ainda mais com integrantes com qualidade individuais tão gritantes. No mínimo divertido). Alphabetland
- Xibalba: Años En Infierno (Não posso dizer que todas as faixas são inspiradas, porém o metalcore do grupo é tão nocauteante que quando pega o ouvinte o joga para debaixo do caminhão. Timbres saturadissimos, graves e extraídos com agressividade. É louvável a força hardcore das composições). Años En Infierno
MEDIANOS
Cotação subjetiva: 4-6
- 21 Savage & Metro Boomin: Savage Mode II (Embora role um hype diante da parceria, não acho que ela funcione tão bem. Ok, é bastante representativo no que diz respeito ao trap de Atlanta, mas é também muito monótono. Não me contagia).
- A.G. Cook: Apple (Curiosamente achei a experiência auditiva deste disco menos atrativa que a do longuíssimo álbum sétuplo lançado pelo produtor também neste ano. As composições são mais fracas, a produção menos instigante e mesmo a performance caiu de nível. Mas claro, tem seus achados, vide a violentamente abstrata "Airhead").
- Aho Ssan: Simulacrum (Sequer entendi. Muitas texturas ruidosas num trabalho de valor conceitual que não alcancei (embora admire a produção poderosa de faixas como "Simulacrum II"). Audição difícil. Vale arriscar e tentar entender).
- Andy James: C.S.I.L. (Esse guitarrista virtuoso vem chamando atenção nos últimos anos no meio shred. E ouvindo esse disco dá para entender o porquê. Sua técnica é absurda (e um tanto até que robótica, mas que cabe dentro da proposta). Há muito peso nos timbres, o que dá certa energia voraz aos riffs. Apesar das qualidades, é um tipo de som que não faz mais a minha cabeça. Fora que as composições são esquecíveis. Mas se for sua praia vale ouvir).
- Anna Von Hausswolff: All Thoughts Fly (O drone com caráter erudito, utilizando órgãos barrocos catedráticos em composições minimalistas. Tem altos e baixos, mas confesso que mesmo nos melhores momentos não salta aos meus ouvidos).
- Auscultation: III (O ambient techno desenvolvido sobriamente em composições longas. É muito bem produzido. Entretanto, esse clima de lounge não me empolga).
- Autechre: SIGN (O duo percursor do glitch continua vanguardista na arte da composição eletrônica/digital. Os sons se sobrepõe de maneira rica e abstrata, criando atmosferas complexas, ritmos intrincados e timbres metálicos e atmosféricos. Nada disso foi o suficiente para me prender ao disco. Achei monotono. Fora que a mixagem é esquisita. Mas se for sua praia, vale arriscar).
- Askväder: Askväder (Estreia dessa banda sueca que faz... rock. Meio hard, meio pop, meio cru, meio pastiche, lançado independente... É legalzinho. Pena que o vocal é fraco para a proposta).
- Baauer: PLANET'S MAD (O autor de "Harlem Shake" num álbum muito bem pensado e produzido. Tem graves pulsantes e beats dançantes perfeitos para quem gosta de EDM. Todavia, eu acho essa linguagem de música eletrônica genérica e previsível demais. Não consigo me entusiasmar com os ganchos. Acho meio "tonto", embora bem feito. Obs: atente-se a um elemento do funk brasileiro em "YEHOO").
- Baco Exu do Blues: Não tem bacanal na quarentena (Falaram muito mal, mas nem achei tão ruim assim, só irregular. Começa bem, com momentos de euforia típicas do rapper, mas infelizmente ele não sustentou o curto repertório, intercalando com canções xaropentas de rimas e beats pobres. 5/10).
- Bartolo: Six Improvisations For Creatures And Machines (É o tipo de experiência sonora que me interessaria mais em presenciar ao vivo. Em disco fico entediado. Mas não é ruim dentro da proposta: é ruidoso, abstrato e livre. Legal ver esse tipo de som sendo produzido no Brasil).
- Beatrice Dillon: Workaround (É nitido o esmero ao construir os ritmos e desenvolver as composições a partir de ideias "simples". Inclusive há ótimas texturas extraídas dos poucos elementos sonoros. Entretanto, está longe de ser os 40 minutos mais proveitosos do sentido auditivo).
- Bladee: Exeter (Fui atraído pela tosquisima capa e dei de cara com um pop-rap enigmático, minimalista e psicodélico. Parece promissor, mas na verdade é bem bobinho. Todavia, de tão xarope, tem seu carisma. Nada muito sério).
- Bonny Light Horseman: Bonny Light Horseman (Ao que consta, é um novo supergrupo de música folk americana. Mas por mais que tenha canções bonitas e seja majestosamente captado, não é tipo de interpretação/composição que salta aos meus ouvidos).
- Bright Eyes: Down in the Weeds, Where the World Once Was (Por mais que tenha algumas (poucas) boas canções ("Stairwell Song", "Comet Song"), no geral parece que há sempre algum problema, seja uma composição pouco inspirada, uma produção sem brilho ou interpretação sem paixão. Para um grupo que ficou 10 anos em silêncio, não deixa de ser decepcionante).
- Carly Rae Jepsen: Dedicated Side B (O álbum de "sobras" do disco anterior, que eu já não tinha achado grande coisa, acompanha o nível no antecessor. É ok, um synthpop revigorado, mas não acho as canções das mais ganchudas).
- Chloe x Halle: Ungodly Hour (Havia escutado a estreia da dupla e não tinha gostado, mas o Fantano falou tão bem deste trabalho que despertou a curiosidade. Achei a produção muito bem sucedida ao trazer elementos do r&b da virada do milênio para uma abordagem mais moderna, incluindo timbres/beat de trap. Ambas também cantam muito bem. Entretanto, não comprei o repertório, muito devido o estilo não ser exatamente a minha praia. Resumindo: é tecnicamente extremamente êxitoso, mas não o suficiente para fazer a minha cabeça).
- Cult Of Dom Keller: Ascend! (É legal como o álbum remete ao que aconteceria se o Jimi Hendrix encarnasse no Jim Reid e decidisse gravar um disco de drone metal com o Hawkwind (???). Entretanto, a captação é crua demais e as composições/jams em determinado momento cansam).
- Deap Lips: Deap Lips (Eis a tal parceria do Flaming Lips com o Deap Vally. Claro, é tudo muito bem produzido, com direito a ótimos timbres (tem uns fuzz animais) e detalhes psicodélicos que podem confundir um ouvinte desavisado, pensando que as composições são melhores do que realmente são. No geral é apenas ok, embora com alguns destaque, vide "Wandering Witches").
- Desprezo: S/T (Nem sei como cheguei aqui, só sei que fiquei interessado no hardcore com timbre de metal tocado com energia transpirante do grupo. Todavia, além de não ser das músicas mais inspiradas/criativas, há sempre alguma "vinheta" implícita nas faixas que atrapalha o desenvolver do disco).
- Destroyer: Have We Met (Nos melhores momentos, as composições dentro de uma estética "synthpop sinfônico" me lembraram um "Pet Shop Boys arrojado" (na falta de uma definição melhor). O problema é que na metade final dá uma degringolada. Achei também a produção magrinha. Cortando algumas gordurinhas - quem sabe se fosse um EP -, fluiria melhor. Sarcasticamente charmoso, cafajeste e rasteiro).
- Disclosure: Energy (Intercalando entre faixas pulsantes de "pop house neo-disco" e canções esquecíveis, o duo peca pelo excesso. Sendo honesto, mesmo nos melhores momentos, não bate de frente com que eles fizeram no debut e sequer com o EP Ecstasy lançado também em 2020. Mas se for discotecar, dê uma chance).
- Dogleg: Melee (A Pitchfork rasgou elogios para o debut desta banda de post-hardcore/emo. Eu até gostei da intensidade da execução e de diversas passagens do guitarrista, que explora acordes e timbres criando uma massa sonora robusta. Entretanto, as composições não me pareceram grande coisa e achei a interpretação do vocalista excessivamente afetada. Vai de gosto).
- Drake: Dark Lane Demo Tapes (Colocando na régua do Drake, essa mixtape não parece tão problemática. Eu gostei da produção e até mesmo de alguns ganchos (fundamental no pop rap). Entretanto, participações como do Chris Brown e Future não ajudam. Já o Young Thug manda bem. Liricamente nem perdi meu tempo: é o Drake, bicho. Mais uma vez muito irregular).
- Fantastic Negrito: Have You Lost Your Mind Yet? (Complicado. É que o som é bem feito/tocado, com os melhores elementos do classic rock e soul. Entretanto, não chega a ter uma personalidade nas composições ou produção que me motiva a reouvir. É plano. Fora que acho que as incursões pelo hip hop forçadas, como se fosse um elemento de contemporaneidade para não soar retrô ou pastiche. Dito tudo isso, não é ruim, só não é para mim).
- Fleet Foxes: Shore (Embora bastante elogiado pela crítica, confesso que foi o disco do grupo que menos me pegou. As composições não são ruins, mas também não são das mais inspiradas. Os arranjos estão mais pobres e a mixagem não brilha. Me decepcionou. Merece reavaliação futura).
- Fontaines D.C.: A Hero's Death (Um caso clássico de "amadurecimento" que não gera resultado satisfatórios. Se em sua estreia os irlandeses ao menos esbanjavam uma energia jovial típica do post-punk revival, aqui a coisa pende para composições/climas/interpretações/timbres pouco atrativos. Esquecível não fosse o hype).
- Four Tet: Sixteen Oceans (Dentro da sua vasta discografia, esse álbum me pareceu menos inspirado. Claro, ele sabe construir climas aconchegantes e bonitos, além de extrair timbres cristalinos, mas as composições são esquecíveis).
- Gil-Scott Heron & Makaya McCraven: We're New Again (Uma lenda já falecida e um músico talentoso num disco esquecível. Nenhum grande equivoco, mas nada que salte aos ouvidos. E por mais que os elementos jazzístico sejam ótimos, parece "com o freio de mão puxado". Não flui. Entretanto, confesso uma possível falha grave: não me atentei as letras).
- Ginge: Pré-Jogo (Vendido como um projeto de pop rock do Vitor Brauer, o resultado fica no meio do caminho. As composições são criativas para o gênero, mas as interpretações e produção falham. Faltou esmero).
- Grimes: Miss Anthropocene (Não sou tão entusiasta do som da Grimes, mas sempre aguardo algo ao menos inquietante. Entretanto, aqui pouco me interessou. Simplesmente não são composições ganchudas. Mesmo sua interpretação me pareceu uma tentativa frustrada de soar "etérea". Esquecível, algo a se lamentar para quem ficou cinco anos sem um álbum de inéditas).
- Gunna: WUNNA (Embora a quarentena não tenha me animado a ouvir discos de trap, consegui me ver indo para um festa ou fazendo um esquenta em casa ouvindo esse disco. Neste cenário, ele funcionaria bem. Entretanto, nada que justifique os 50 minutos em tempos tão pacatos. Fora que, artisticamente, não há grandes inovações ou direcionamento dentro do estilo. Mas se for sua praia vai fundo. Young Thug, Roddy Ricch e Travis Scott dão as caras).
- Hum: Inlet (Vi muita gente empolgada com a volta do grupo, mas o material não me entusiasmou. Gosto de como alguns riffs trazem a densidade do shoegaze, de alguns timbres de guitarra, da performance de bateria, mas não mais que isso. As composições em si e a interpretação vocal me pareceram pouco inspiradas).
- Isobel Campbell: There Is No Other... (A eterna Belle & Sebastian num disco bonito, bem arranjado e gravado, mas que dificilmente será lembrado. As composições não são ruins, mas também não apaixonam. Há uma interessante influência do yé-yé francês).
- Jay Electronica: A Written Testimony (Embora muitos aguardassem há uma década o debut do rapper, pessoalmente eu não criei grande expectativa. Centrado não somente no lirismo do Jay Electronica, mas também do Jay-Z, o álbum tem bons momentos não memoráveis. Ainda que com ótimos samples (tem até Fripp & Eno), a produção/beats não são ganchudos. As duas últimas faixas inclusive são cansadíssimas).
- Jé Santiago: O Bagulho É Trap (O Emicida citou o Jé Santiago ao mencionar trappers que ele curte. Fui ouvir esse trabalho e não curti tanto. As últimas três faixas são bacaninhas, mas o resto pende para o ruim. Flow genérico, produção pouco cativante e letras fraquinhas. O primeiro impacto não foi dos melhores, mas fiquemos atentos).
- J Hus: Big Conspiracy (Não é ruim, mas é bastante irregular. Se por um lado há interessantes beats como o de "No Deying", há também momentos flat e chatos como o de "Play Play". Fora que esse pop rap de tempero latino não é minha onda).
- Ka: Descendants of Cain (É bem escrito, mas tão focado no texto que musicalmente pouco saltou aos meus ouvidos, embora compreenda a ousadia dos beats. Não é o tipo de rap que quero ouvir, embora reconheça que muito disso está atrelado ao meu inglês ruim. Entretanto, vale apontar um destaque, a linda "Solitude Of Enoch". Merece reavaliação no futuro).
- Khruangbin & Leon Bridges: Texas Sun (A proposta é interessante, mas o resultado das 4 faixas é apenas ok. Nada memorável. Mas se você gosta da música americana - principalmente soul, mas com pitadas de psicodelia e até country -, vale dar uma chance).
- Kid Cudi: Man on the Moon III: The Chosen (Abusando de elementos psicodélicos dentro da linguagem do trap, o disco apresenta ótima produção e alguns bons momentos (vide "Dive" e "Show Out" e "Lovin' Me", essa última com a surpreendente participação da Phoebe Bridges), mas o repertório como um todo não se sustenta. Quem nasceu para Kid Cudi nunca vai ser Travis Scott).
- Kiko Loureiro: Open Source (Acho difícil um "disco de guitarra" se sustentar atualmente. Foi isso que pensei passado 50 minutos deste álbum. Dito isso, o Kiko tá tocando demais, tem bons riffs numa linha djent, ótima performance de bateria e produção irritantemente pesada e meticulosa (combina com o estilo). O problema é que no miolo as composições perdem a força. Mas se sua onda for virtuosismo guitarristico, vai fundo, ele atende maravilhosamente bem tal proposta).
- King Gizzard & The Lizard Wizard: (Mais uma vez abusando de melodias microtonais, o prolifero grupo chegou em boas canções, mas esquecíveis dentro do próprio repertório. É o típico disco que funciona mais no papel do que nos ouvidos. Mas vale checar pela curiosidade e pela capacidade da banda de produzir rock com inventividade no século XXI).
- LEYA: Flood Dream (Arrisquei pela capa, achando se tratar de um álbum de digital hardcore, mas cai num trabalho que flerta com a música erudita contemporânea. A instrumentação é basicamente harpa, violino e vocalizações. São temas densos e espaçados que, por mais interessantes que sejam, caem numa monotonia. Mas vale a pesquisa, até porque não é um álbum longo).
- Lily Konigsberg: It’s Just Like All the Clouds EP (4 faixas curtinhas e descompromissadas apontando para o lado mais cru do indie rock, embora com certa ternura peculiar. Bacaninha).
- Lyra Pramuk: Fountain (A proposta de usar exclusivamente a voz na construção das músicas é boa (ainda que nada inovadora), mas o resultado é pouco atraente. Claro, tem camadas riquíssimas, mas as composições não são cativantes ou surpreendentes).
- Machine Girl: U-Void Synthesizer (Durante uma época eu pirava nessa onda de digital hardcore na linha do Atari Teenage Riot, mas honestamente isso não faz mais a minha cabeça. Claro, esse álbum tem seus méritos (timbres digitais corrosivos, ritmos eufóricos, atmosfera sci-fi tipica da virada do milênio...), mas as composições não são memoráveis. Fora que a produção tá mais para confusa do que para instigante. Como um todo o disco cansa).
- Matmos: The Consuming Flame: Open Exercises in Group Form (Ricas texturas timbristicas em composições que mais parecem abstratas colagens de glitch/IDM/experimental, ora ou outro com tempero "jazzy". Mas por melhor que seja, não consegui imergir às 3 horas de faixas estranhíssimas. Acredito que num passado recente o duo foi muito mais acessível e instigante).
- Matt LaJoie: Everlasting Spring (Música ambient bastante etérea trabalhada (principalmente) através de um violão de aço. O resultado, por mais bonito que seja, não dá pra dizer que é memorável, embora tenha proporcionado uma noite agradável).
- Matuê: Máquina do Tempo (Nunca fui com a cara do sujeito, mas recordes de audição no streaming me levaram a dar uma chance. O resultado: não é péssimo como imaginava. Para os padrões do trap nacional, é até muito bem produzindo, chegando em alguns momentos a remeter as "psicodelias" do Travis Scott. O problema é que, se comparado globalmente, é genérico demais. Foras que as letras são fraquinhas e não há ganchos memoráveis. Não por acaso, poucos meses após o boom do lançamento, ninguém mais falou sobre).
- Megan Thee Stallion: Good News (Nova estrela do pop rap americano num disco de repertório irregular. Produção ok e flow até que consistente. Tem seus momentos estrondosos que levantam pista, mas no geral é esquecível).
- Miley Cyrus: Plastic Hearts (Nunca fui com a cara da Miley, mas decidi encarar seu tal "álbum rockeiro". Embora aqui esteja disparado os melhores momentos da sua carreira, ainda não é grande coisa. Seu timbre vocal até alcança bons drives, mas não gosto da interpretação "infantilizada" de "garota rebelde". No ínicio até há bons ganchos melódicos, linhas de baixo envolventes e ritmos pulsantes, mas logo o repertório desanda. A masterização é comprimida num nível que incomoda. Apesar dos tropeços, não chega a ser péssimo).
- Minais B: Quiet Bloom (Embora conceitualmente haja um motivo para a sensação de bagunça e vazio aqui produzido (visto que o álbum representa uma experiência de luto do artista), ao ouvir nada soa muito atraente. É a música eletrônica numa forma estranha e provocativa, mas nem tão bem resolvida sonoramente).
- Moaning: Uneasy Laughter (Aquele indie rock afundado no pós-punk e com alguns elementos de dream pop extremamente genérico. O instrumental até é bacana (umas tecladeiras e outros timbres "cósmico-mórbidos"), mas a voz do vocalista é fraquinha (algo que já tinha se revelado no primeiro disco). As composições não são grande coisa. Recomendado somente se essa for sua onda).
- Nada Surf: Never Not Together (Um disco no piloto automático. Tem canções boas, outras nem tanto. Parece um power pop que perdeu o "power". Se for sua onda também não é um problema, mas garanto que eles tem momentos melhores na discografia).
- Navy Blue: Song of Sage: Post Panic! (Com forte entrega emocional nas letras e produções hipnóticas e calmas, o que se percebe é um álbum de grande valor lírico, com flow consistente do rapper, mas um certo marasmo sonoro ao longo de seus mais de 50 minutos. Não é das audições mais interessantes, ainda mais se o inglês do ouvinte não ajuda (meu caso)).
- Nicolas Jaar: Cenizas (Eu não questiono o talento do Jaar e sequer o vanguardismo deste trabalho, mas não posso afirmar que embarquei na proposta. Claro, há ótimas texturas, camadas e timbres de natureza desconhecida que me intrigam. Isso sem mencionar algumas passagens quase religiosas dentro de uma estética ambient e construções complexas digna da música erudita contemporânea. Nada que me comova. Uma viagem hermética que depende de novas audições).
- Oliver Tree: Ugly Is Beautiful (Enquanto um gerador de meme, os atos do Oliver Tree convencem. Entretanto, não embarquei nesse disco, que soa como um pop punk errático/sarcástico pouco cativante).
- Oneohtrix Point Never: Magic Oneohtrix Point Never (Explorando uma estética radiofônica (não somente enquanto "gênero", mas também enquanto dinâmica), o álbum me soou pouco inspirado. Tem bons momentos, alguns climas interessantes, mas nada além disso).
- Open Mike Eagle: Anime, Trauma and Divorce (Um disco de altos e baixos, muitas vezes numa mesma canção. No geral é muito bem produzido, encontrando até mesmo soluções criativas de composição. Todavia, liricamente e interpretativamente não saltou aos meus ouvidos. Mas vale dar uma checada com atenção).
- Paul McCartney: III (O álbum empolga por ter todos os instrumentos gravados pelo Paul, o que por si já é um atrativo ultra especial. Entretanto, sendo sensato, não é grande coisa. Tem boas faixas (vide a música de abertura e "Levatory Lil", por exemplo), mas no geral não decola. Não é ruim, mas pouco inspirado e ousado, ainda mais se pensarmos nos outros discos do Paul com esse mesmo conceito individual).
- Pearl Jam: Gigaton (Nem ia escutar, mas fui pintar uma parede e decidi deixar rolando. Caiu bem. Tem faixas legais, com boas guitarras, ótimos timbres de bateria e até um esquisita influência de Talking Heads em alguns momentos. Não acho que nessa altura do campeonato a banda precise de uma avaliação melhor que essa. Conclui que eles envelheceram bem e já tá ótimo, ainda que a voz do Eddie Vedder me incomode em alguns momentos, ainda que não goste quando eles pendem para o country rock, ainda que... Melhor não pensar muito. Precisava ser tão longo?).
- Porridge Radio: Every Bad (Tem seus bons momentos, mas é irregular. Entretanto, se você gosta de indie rock com vocais femininos, é uma pedida. Tem uma aura suja típica das baladas grunge. A produção achei sem brilho. Para mim é o famosos "bacana esquecível").
- Sarah Mary Chadwick: Please Daddy (Por melhor que seja, as canções não conseguiram me prender (talvez o problema esteja em mim). Já a interpretação excessivamente dramática é impactante, mas dá uma cansada. Mas é bonito e denso. Ouçam).
- Shinkansen: Shinkansen (Por trazer na escalação Toninho Horta, Liminha, Jaques Morelenbaum e Marcos Suzano, minha vontade era tecer somente elogios, mas a verdade é que o trabalho me soou muito easy listening. Claro, todos tocam muito bem e a interação rola com fluidez, mas ainda assim é muito "jazz brasileiro pra gringo ver". Não por acaso foi destinado ao mercado japones).
- Sightless Pit: Grave Of A Dog (Integrantes do Full Of Hell, The Body e Lingua Ignota num álbum que, como não poderia deixar de ser, é bastante extremo - o que é aquela "Miles Of Chain"!? -, explorando timbres sintéticos tipicos do industrial. Não adorei as composições, a produção, as batidas - curiosamente, algumas "dançantes" ("Immersion Dispersal") e outras climáticas - e sequer a execução, mas não é de todo mal. Tem seu lugar nos momentos de solidão e fúria).
- Single Parents: Could You Explain? (Banda brasileira que aposta numa sonoridade britpop redondinha, bem executada e produzida. As quatro faixas são bacanas, mas nada além disso).
- Soccer Mommy: color theory (Não tinha pirado no álbum anterior e a sensação se mantém nesse, embora tenha achado as canções bem redondinhas. Tem boas melodias, levadas aconchegantes e ótima mixagem. Para quem gosta de indie pop rock pode ser prato cheio).
- Stay Inside: Viewing (Estreia dessa banda de post-hardcore com um pézinho no screamo. As canções não são maravilhosas, mas dentro da proposta convencem. Há certos lampejos de criatividade e indiscutível energia na execução. O problema é a segunda metade, muito mais "reflexiva". Se fosse um EP eu teria curtido bem mais).
- Taylor Swift: folklore (De olho no indie pop (vide a parceria os Dessner do The National), a Taylor lançou de surpresa esse álbum de sonoridade apaziguadora que vai de encontro ao folk pop. A proposta caiu bem diante da pandemia. As interpretações vocais são boas. O problema é que ele é um tanto quanto longo e repetitivo. Fora que esse lado mais "maduro" não é o que mais gosto dela (ou ao menos não era, vide que adorei o evermore).
- Terrace Martin, Robert Glasper, 9th Wonder, Kamasi Washington (Muita gente talentosa reunida as vezes acaba gerando decepção. É assim que percebi esse projeto de jazz-rap-r&b de resultado composicional pouco êxito, embora tecnicamente bem legal. Vale ouvir pelos músicos envolvidos, até porque é bem curtinho e tem seus bons momentos).
- Teyana Taylor: The Album (Adorei o álbum em parceria com Kanye West. Mas aqui, embora tenha ótimas composições e uma produção "gorda" que bate no peito, além de beats climáticos e interpretações vocais excelentes (e sexy) da Teyana, 1h20 (23 faixas!!!) com canções fracas no meio atrapalha a fluidez como um todo. É irregular. Não me vejo ouvindo novamente na íntegra).
- The Flaming Lips: American Head (O disco mais elogiado dos últimos anos desta prolifera e espetacular banda, curiosamente não saltou aos meus ouvidos e coração. É nítida uma volta ao enfoque melódico e delirante, entretanto achei o resultado pouco certeiro. Mesmo as interpretações vocais me pareceram pouco inspiradas. A produção também não brilha. Não é de todo mal, mas me decepcionou).
- The Mountain Goats: Songs For Pierre Chuvin (John Darnielle em um de seus momentos lo-fi, que não considero ser o ambiente onde ele brilhe. Mas as composições são bacanas).
- The Soft Pink Truth: Shall We Go On Sinning So That Grace May Increase? (Não conhecia esse projeto do Drew Daniel (Matmos). E dada minha experiência com esse disco, não posso dizer que embarquei na proposta. É um deep house com minimal bem difuso. Há ótimos timbres e cuidado com a criação dos climas, mas ainda assim nada que tenha me fisgado. Álbum dificil).
- The Smashing Pumpkins: CYR (Depois de Dua Lipa, The Weeknd e Miley Cyrus, o SP também se jogou no synthpop oitentista. O resultado é um tanto quanto bizarro. No começo "até que vai" devido o fator "banda que adoramos apostando numa proposta diferente". O problema é que o álbum é muito longo e pouco inspirado. Mas vale checar pela curiosidade. Se filtrassem melhor, daria um bom EP).
- The Weeknd: After Houts (Eu não gosto da proposta sonora e sequer do timbre/interpretação do Weeknd, mas reconheço que há algumas boas canções pops, com belas melodias e até um bem-vindo clima oitentista synthpop (vide "Scared To Live"). A produção também tem sua densidade e cristalinidade atraente. Entretanto, o repertório é irregular. Ótima capa. Para mim ainda não foi dessa vez, mas fãs e crítica adoraram (com exceção do Grammy, que toscamente ignorou o disco).
- Thiago Nassif: Mente (É estranho como uma obra que aponta para a vanguarda soa como algo feito há 30 anos atrás. Tem momentos à la Arnaldo Antunes, Mulheres Negras e Caetano (fase Circuladô), mas sem o mesmo "carisma". Inclusive, achei o vocal muito monotono. Vale dizer que participam do álbum nomes como Arto Lindsay, Vinicius Cantuária, Ana Frango Elétrico e Jonas Sá. Não é de todo mal (inclusive é muito bem produzido), só não me empolga).
- Touché Amoré: Lament (Escutando o disco cheguei a pensar que eu não tenho mais idade para ouvir post-hardcore, mas a verdade é que tamanha euforia aqui encontrada acaba se atenuando na falta de dinâmica. Tem bons timbres, boa execução e até alguns destaques, por outro lado, não há grandes melodias. O grupo já atingiu saltos maiores anteriormente).
- Trace Mountains: Lost In The Country (Tem composições ok, mas a interpretação e produção são meio insossas. É um dad indie rock que não apaixona nem ofende. Mas pode ser uma boa pedida para quem tem predileção pelo alt-country).
- Trivium: What The Dead Men Say (Tem alguns problemas relacionado a melodias/interpretação vocal no Trivium que eu não consigo mais engolir. Entretanto, o fato de ter escutado logo depois do pavoroso álbum do Five Finger Death Punch, ressaltou todos os pontos positivos (ótimos riffs, excelente baterista, bom desenvolvimento das composições, boa produção). Não é minha onda, mas passa longe de ser ruim).
- U.S. Girls: Heavy Light (Não é ruim, mas comparado ao ótimo disco anterior, ficou tudo vertiginosamente menos atrativo. A começar pelas vinhetas sem graça que atrapalham a fluidez do álbum. Depois tem umas baladas pouco inspiradas ("IOU"). Fora que a Meghan Remy tá com uma "voz de velha" (na falta de definição melhor). Diante disso, as boas canções (vide "4 American Dollars" e "Born To Lose") e outras com arranjos interessantes, se perdem no todo. Irregular).
- Vazio: Eterno Aeon Obscuro (A tradição do black metal brasileiro manifestada neste disco de brutalidade orgânica (acho que o bumbo sequer foi quantizado, o que até gosto, apesar do timbre excessivamente cru). Todavia, não adentrei ao som do grupo. Por mais criativas que sejam algumas composições e a interpretação vocal, tudo é processado numa massaroca sonora repetitiva e de climas dark que não fazem a minha cabeça. Mas para quem gosta do caos, é uma boa pedida).
- Wajatta: Don’t Let Get You Down (Aqui minha expectativa trabalhou contra. Vi que era uma parceria do Reggie Watts com o John Tejada e por algum motivo esperei que viria algo "inventivo". Mas não, é um techno/house bem noventista, com vocalizações divertidas do Watts e só. Longe de ser ruim, mas nada que me surpreendeu).
- Westerman: Your Hero Is Not Dead (Na elogiada estreia do artista, não consegui reconhecer melodias, timbres e interpretação boas o suficiente que levantasse suas letras. No geral é tudo muito morno, apostando até mesmo numa estetica pouco criativa de soft rock).
- Waxahatchee: Saint Cloud (A "crítica" adorou, mas eu não enxerguei toda essa qualidade. Gosto da voz/timbre da Katie Crutchfield e dos timbres orgânicos, mas os arranjos são fraquinhos e as melodias esqueciveis. É um indie pop com toques da caipirice americana que pouco fala comigo).
- Whitmer Thomas: Songs from The Golden One (Soando como se o Prince fosse um artista de pop punk (???), o ator/cantor/compositor até conseguiu alguns êxitos durante o disco, mas nada o suficiente para "salva-lo". Vale dizer que há bem-vindo uso de ironia em letras que abordam a masculinidade tóxica. Apenas ok).
- Yaeji: WHAT WE DREW (A fusão de house e minimal da jovem artista coreana tem muitos êxitos técnicos (beats consistentes e muito bem produzidos), mas sua voz meio singela-infantil, meio trap-robótica, me cansa. Tem momentos criativos e bonitos, mas no geral não faz minha cabeça).
- yMusic: Ecstatic Science (Para quem quer adentrar a música câmara, pode ser uma audição interessante. Inclusive, é uma linguagem menos quadrada, construindo mais "cenários" do que necessaríamente "motivos melódicos". Entretanto, estaria mentindo se dissesse que fiquei deslumbrado com o álbum, ainda que tenha adorado as duas faixas finais. Vale arriscar).
- Young Nudy: Anyways (Ao escutar faixas como "No Go" até é possível pensar "trap legal, beat sinistro, vocal afrontoso... ok". Entretanto, nada justifica os 58 minutos. A coisa vai se repetindo de forma genérica. Bastante irregular).
RUINS
Cotação subjetiva: 0-4
- Five Finger Death Punch: F8 (Com o risco de parecer antiquado quando o assunto é metal, deixo as seguintes perguntas: que droga de composições são essas? E o timbre de bateria? Essa mixagem que tá no Spotify é a definitiva mesmo? E essas linhas vocais? É dos discos com peso mais superficial que já ouvi. Não tem atitude alguma. A prova de que bons instrumentistas (revelado nos solos de guitarras) não é garantia de nada. Sequer cheguei ao fim).
- Green Day: Father of All... (Eu cheguei a desconfiar que o 0/10 do Anthony Fantano tinha sido pra forçar a barra, mas eu estava errado. Deus no céu, que disco covarde. Performances frouxas, composições que não dizem nada e produção insipida. Fora que essa postura de "salvação do rock" é detestável. O Green Day não precisava passar por esse constrangimento).
- HAWA: the One EP (Não chega a ser ofensivo de ruim, mas é um r&b contemporâneo genérico em todos os sentidos. Ouvi por ter achado a capa bem bonita, mas essa jovem artista vai ter que melhorar muito seu repertório para alcançar vôos maiores. Falta paixão e personalidade).
- Juiceboxxx: It’s Easy to Feel Like a Nobody When You’re Living in The City (Entendo a ironia conceitual, mas para mim soa apenas como um pop punk pouco inspirado e de interpretação pavorosa).
- Jup do Bairro: CORPO SEM JUÍZO (Deve haver diversos elementos sociais que justifiquem o porquê deste EP ter sido elogiado por boa parte da crítica musical, mas pessoalmente acho esteticamente uma bobeira, de letras "engraçadinhas sem graça", engajamento meramente (e superficialmente) identitário, produção qualquer coisa, beat conservadores e interpretação péssima. Não é nada ganchudo ou carismático. Com maior respeito aos envolvidos, mas achei tosquíssimo).
- Karnak: Nikodemus (Muito respeito pelos integrantes e pelo passado do grupo, mas eu fui seco achando que era um disco de canções e me deparei com um conto/musical irritante. Honestamente nem cheguei no fim).
- Os Barões da Pisadinha: Piseiro 2020 Ao Vivo (O grupo ficou tão grande que decidi conferir. E existe diversos fatores sociais que nos leva a observar com atenção essa música nordestina que dominou todo o Brasil. Entretanto, esteticamente, achei esse forró de produção sintética bem fraquinho. Há ritmos característicos que não me soam cativantes. Somado a isso, as letras são péssimas (digo isso sem qualquer tipo de moralismo, só acho liricamente besta). Ou seja, não vou forçar falsa interação com algo que não se comunica comigo só para dar uma de "popular". Ouça e vá fundo se for sua onda).
- Os Mutantes: Zzyzx (Não estou entre os detratores dessa fase atual dos Mutantes, mas esse disco aqui foi uma tremenda bola fora. Canções pouco inspiradas, performance monótona, timbres pobres... Não chega a ser ofensivo de ruim, mas é disparado o pior capítulo na extensa discografia do grupo. Uma pena).
COMPILAÇÃO / RELANÇAMENTOS / ARQUIVO
- Neil Young: Homegrown (Mais um disco engavetado do Neil Young, esse gravado em 1974. De sonoridade acústica cristalina, o álbum tem tudo para agradar os apaixonados por obras como Harvest. As presenças do Levon Helm e Robbie Robertson elevam o "molho" sonoro. A produção impecavelmente crua capta com excelência lindas baladas folks de teor confessional, afetadas pela perda do parceiro Danny Whitten, ao nascimento de um filho com paralesia cerebral e instigadas pelo consumo de álcool. Um roteiro já conhecido dentro da propria discografia do Neil Young, mas que devido o alto padrão continua a emocionar a cada nova faixa que vê a luz do dia). Vacancy
- Vários Artistas: ZONA de Isolamento V.A. I (Compilado lançado pela ZonaEXP, reunindo diversos artistas de música eletrônica do Rio Grande do Sul, seja de funk, drum and bass, electro ou ghettotech. É uma cena que tem muito para onde crescer, então é bom ficar atento. Sem destaque, conheça tudo).
- Vários Artistas: C Lacraia Estivesse Viva (Lançado pelos coletivos Tormenta e A-mig, uma compilação de música eletrônica abordando as periferias de todo o sul global).
FILMES/DOC/DVD/SHOWS
- Beastie Boys Story (Somente depois de assistir foi que entendi a proposta do tal espetáculo do Beastie Boys dirigido pelo Spike Jonze. E é um formato interessante, embora não sei se tenha sido tão bem sucedido. Tem momentos divertidos e emocionantes (pra não dizer melodramáticos), fora que dá uma boa varrida na carreira do espetacular grupo, mas sei lá, ficou uma sensação de que faltou algo. Mas claro, vale assistir).
- Emicida: AmarElo - É Tudo Pra Ontem (Lançado pela Netflix, esse filme tem divagações (politicas, sociais e musicais) e registros de uma bonita apresentação deste artista talentoso que, embora não costume me atrair musicalmente, eu sempre estou disposto a ouvi-lo. Muito legal ver sua devoção ao Wilson das Neves. É bacana).
- Quebra Tudo: A História do Rock na América Latina (Mais um produto da Netflix. De cara gostei da proposta, embora tenha lamente a ausência do Brasil nessa história. Mas o que mais me incomodou foi como passa correndo pela história de caras como Luis Alberto Spinetta e, por outro lado, fica uma babação em grupos como Café Tacvba que, por mais legal que seja, não é tudo isso. Documentário apenas ok perto do que poderia ter sido).
- Sandy & Junior: Nossa História (Minha namorada gosta, então acabei embarcando e assistindo tanto o ótimo documentário (excelente produção, muito ilustrativo do sucesso da dupla e sem deixar de abordar polêmicas) quanto o show (que depois da terceira música já tinha me cansado (não é pra mim). Vale ver quem tem memória afetiva ou é muito interessado em show business, não necessariamente em música).
CONSCIENTEMENTE NEM OUVI (soube do lançamento, mas em todos os casos eu ouvi uma faixa isolada que não me estimulou a escutar o restante do álbum): BTS, DaBaby, Eminem, Frejat, Glass Animals, Justin Bieber, Khruangbin, Lil Wayne, Morrissey, Nas, Remo Drive, Richie Kotzen, Selena Gomez, Sons Of Appolo, The Killers
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