domingo, 25 de outubro de 2020

TEM QUE OUVIR: Run The Jewels - Run The Jewels 2 (2014)

O hip hop deste milênio foi marcado - dentre outras coisas - por parcerias (feat.) mais atrativas no papel que no som. Por outro lado, o encontro do Killer Mike com o El-P iniciado no álbum R.A.P Music (2012) foi tão estrondoso que gerou o Run The Jewels, responsável por alguns dos melhores momentos do rap na última década. O exitoso Run The Jewels 2 (2014), clássico desde a capa, é o biscoito fino deste período.

O andamento lento "Jeopardy" abre espaço para que a faixa ascenda através de rimas incisivas, beat sujo, synth-bass profundo e sax estrangulante. É um inicio bem dark.

O entrosamento dos rappers em "Oh My Darling Don't Cry" resulta em versos tão agressivos quanto divertidos. O grave encorpado e ritmo intrincado só melhora a atuação verborrágica. Ótima produção.

Não é por acaso o clima cinematográfico criado em "Blockbuster Night, Pt. 1". Interessante perceber o quão volumoso é o instrumental dentro da mixagem. Vale dizer que sua derradeira parte 2 é ainda mais sacolejante e pulsante. É funk.

É contagiante a participação do Zack De La Rocha em "Close Your Eyes", faixa de refrão tão ganchudo que é utilizado na construção do espetacular beat. Mais uma vez graves corrosivos parecem derreter nosso neurônios. Pesada e cativante.

O baixo pulsante e gordo de "All My Life" dá ritmo a uma canção de teor um tanto quanto depressivo. Adoro os sintetizadores e as guitarras recortando os versos. Belo uso do coro de vozes.

"Lie, Cheat, Steal" parece ser feita para ouvir no volume máximo dentro do carro. Tanto o flow dos versos quanto o beat são ultra sacolejantes, com destaque para os timbres maravilhosos dos sintetizadores. O refrão tem um colorido todo especial.

Os sintetizadores de "Early" são um tanto quanto esquizofrênicos, completamente oposto ao refrão melódico de perfil quase pop. Ambas nuances são frutos da mente criativa do Boots. Seu final é altamente climático, beirando o progressivo.

O ótimo baterista Travis Barker colabora com o ritmo frenético (quase drum n' bass) de "All Due Respect", talvez a faixa mais eufórica do álbum.

Embora tecnicamente simples, "Love Again (Akinyele Back)" tem uma daquelas batidas estranhamente arrebatadoras que te jogam para trás. Gangsta Bo e toda sua malicia feminina traz ainda mais sagacidade para a canção. 

"Crown" forma uma densa neblina de cocaína, tirando todo o encanto da droga através de uma narrativa trágica. O beat minimalista dá enfoque ao texto.

A longa "Angel Duster" é o momento mais electro do disco, uma interferência interessante no hip hop do duo. 

Fosse no mundo pop ou alternativo, não teve quem não se rendeu ao som explosivo e gorduroso do Run The Jewels.

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